O limite das capacidades humanas sempre me espantou um pouco. Por que eu não sei como vive meu vizinho? O sujeito mora no apartamento abaixo do meu, e eu sequer sei como ele decora a sua casa. Ao mesmo tempo em que não tenho o menor interesse objetivo pela vida alheia, eu me sinto frustrado em conviver diariamente com várias pessoas de quem eu gosto, mas que nem sequer sei como vivem. Se tomam sol na cara quando deixam a janela do quarto aberta, ou se o sol não bate nunca ali. Se usam roupas esfarrapadas em casa ou se tentam manter um mínimo de dignidade. Se preferem dormir de lado ou de bruços. Minha mulher não sabe como é a disposição do escritório em que trabalho, e não conhece pessoalmente a maioria meus colegas.
Parece que Selena Gomez é assim também. Eu adoro o clipe de “The Same Old Love”, em que ela está andando no banco de trás de um carro e vê uma série de transeuntes, uns andando de mãos dadas na calçada, outros brigando no carro, e assim por diante. Ela manda o motorista parar, sai andando na calçada e começa a ver algumas pessoas que ela tinha visto antes na rua já nas suas casas, que estão com as janelas abertas. Não é voyeurismo, não é vontade de se meter na vida alheia, não é simples curiosidade: é a frustração por sabermos tão pouco sobre o mundo e as pessoas ao nosso redor.
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