junho 2023

O Rei do Rock
Música
O Rei do Rock
28 de junho de 2023 at 19:26 0
Lembro como se fosse hoje. Meados dos anos 1990, e o David Bowie iria fazer um show em Curitiba em sua fase eletrônica – eu acabei não indo, não lembro bem por quê. No dia do show, depois do almoço, no escritório da empresa em que eu trabalhava, um amigo me contou que viu a entrevista do Bowie num canal local de televisão. Segundo ele, quando perguntado qual seria o repertório do show, o grande cantor inglês respondeu: “só Elvis”. Lembro da expressão divertida do meu amigo, e acho engraçada esta história até hoje – eu nunca soube da resposta do Bowie por outra fonte, mas não tenho nenhum motivo para duvidar da informação que me foi passada na época. Naquele tempo eu era casado com a Valéria desde poucos anos antes, e foi ela que começou a me dizer que Elvis era bom. Ela me dizia, inclusive, que tinha visto em algum lugar que o Morrissey passava os dias, naqueles tempos longínquos, a ouvir “só Elvis”. Também não soube dessa história por outra fonte, mas, do mesmo modo que no caso do meu amigo supracitado, não tenho nenhum motivo para duvidar da informação passada pela Valéria. Enfim, na época acabei comprando alguns CDs para dar uma satisfação à minha esposa, e acabei gostando mais de Elvis do que tinha imaginado: ele, que tinha uma voz grave demais para o meu gosto, e que eu sempre tinha achado meio brega, foi conquistando meus ouvidos aos poucos. Mas acabei me cansando do cantor em poucos meses. Muitos anos depois, já com a internet, comecei a ouvir de novo Elvis, e acabei até mesmo colocando uma foto dele no meu álbum “músicas” do Facebook.  Mas logo desisti de novo do cantor. Enfim, uns meses atrás recomecei com ele, e dessa vez de maneira avassaladora - a ponto de Teresa, André e Valéria me pedirem para parar de ouvir Elvis no carro. Não importa: quando eles saem, lá vou eu de novo com a minha playlist “This is Elvis” do Spotify. Assim como o jornalista Mauro Cezar Pereira falou sobre o Pelé quando da morte do jogador, que o ex-camisa dez da seleção podia não ser o melhor em cada fundamento do futebol – cabeceio, batidas de falta, drible, etc –, mas certamente era um dos três melhores em cada um deles, Elvis Presley é bom em tudo o que faz: não gosto muito, em geral, do rock and roll dos anos 1950, mas faço uma exceção para ele; quando cantava músicas religiosas, ele chegava quase no nível de uma Mahalia Jackson; quando interpretava grandes sucessos de outros artistas, ele costumava fazer picadinho das versões originais; até nas poucas vezes em que cantava blues ele não fazia feio perto de gente como Muddy Waters ou B. B. King. Um youtuber famoso dia desses largou um vídeo com o chamativo (e caça-clique) título “Elvis Presley não foi rei de nada”, e foi justamente execrado pelos fãs do Rei do Rock. Tome tenência, rapaz.
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Santa Elisabeth da Trindade
Religião
Santa Elisabeth da Trindade
11 de junho de 2023 at 19:59 0
Conforme a própria contracapa de “Memórias da Beata Elisabeth da Trindade” (LTr, 216 páginas), o autor do livro não é o Frei Patrício Sciadini, O.C.D. – que é o nome que consta na capa -, mas madre Germana, priora do convento carmelita onde a (então) beata servia. Aliás, mesmo esta madre é, no máximo, coautora da obra, composta por vários trechos escritos por Elisabeth da Trindade comentadas – aí sim – por madre Germana. Interessado pelo Carmelo Reformado há décadas já, conforme comento em meu livro “Rua Paraíba”, comprei as “Memórias da Beata Elisabeth da Trindade” provavelmente em 2006, ano do seu lançamento, mas deixei o livro de lado até recentemente. Nascida em 1880 e falecida vinte e seis anos depois, em 1906, a francesa Elisabeth da Trindade (cujo nome de batismo era Elisabeth Catez) era uma carmelita descalça que serviu no convento de Dijon. Foi beatificada em 1984 e canonizada mais de trinta anos depois, em 2016. Alguns meses atrás, como faço frequentemente, assisti no YouTube a um debate da série “La foi prise au mot” (algo como “a fé ao pé da letra”), da emissora católica francesa KTOTV: neste caso o programa, que me fascinou enormemente, era sobre Elisabeth da Trindade (seu endereço eletrônico pode ser obtido aqui). Conduzido brilhantemente - como sempre, aliás - pelo apresentador Régis Burnet, ele contou também com dois religiosos, os padres Patrick-Marie Févotte e Didier-Marie Golay (este último, carmelita). E qual a Santa Elisabeth da Trindade que emerge do debate da KTOTV? Uma excelente pianista, com frequentes ataques de ira e com uma fé gigantesca em Deus. Sim, ela morreu em meio a enormes sofrimentos – ela tinha a doença de Addison, então incurável, que praticamente a impedia de se alimentar no final de sua vida -, mas, segundo o padre Patrick-Marie Févotte, isso não era o mais importante na santa, e sim a sua fé inabalável. Entusiasmado com o debate e com a história da santa, resolvi ler o já citado “Memórias da Beata Elisabeth da Trindade”, mas foi uma decepção: o livro dá muita importância para o sofrimento dela e tem aquela mania irritante de traduzir o “vous” francês pelo “vós” em português. Foi complicado terminar de ler o livro. Espero que o pequeno volume “Vers le double abîme”, com pensamentos e meditações de Elisabeth da Trindade e que comprei recentemente, seja mais parecido com o que vi no debate da KTOTV. Como nota final, vou fazer um comentário sobre emissão já citada, lançada em 2016: lá pelas tantas o apresentador Régis Burnet pergunta a seus dois convidados se eles estavam felizes com a canonização de Elisabeth da Trindade, que aconteceria pouco tempo depois: “claro”, responde Patrick-Marie Févotte, “uma de suas amigas” seria canonizada. Espero ainda ler alguns dos livros deste padre sobre a santa! (fonte da foto: Wikimedia Commons)
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