Exercícios Literários

Minha mãe e Rita Lee
Exercícios Literários, Obra Literária
Minha mãe e Rita Lee
9 de maio de 2023 at 17:37 0
Não gostava muito das músicas da Rita Lee. Conheci algumas coisas do começo da carreira solo dela que são maravilhosas, mas nunca ouvi muito. Conheci alguma coisa dos Mutantes também, gostava, mas não muito. A fase de grande sucesso dela nos anos 80 nunca me pegou. De todo modo, para mim o melhor dueto da história da MPB é quando ela cantou “Jou Jou Balangandans” num show com João Gilberto, que dá para ver no YouTube e faz parte do álbum “João Gilberto Prado Pereira de Oliveira”, do meu cantor brasileiro preferido. Mas nem é especificamente por causa dela que estou escrevendo isso. Minha mãe morreu dia 21 de abril, há quase três semanas: não escrevi nada sobre ela, não consegui. Agora, com a morte da Rita Lee, entendo por que: eu acho que, para todo o mundo entender como era minha mãe, é só pensar na Rita Lee: irreverente, alegre, polêmica, que viveu uma vida completa e que marcou demais na sua passagem pela Terra. Só que, ao contrário da Rita Lee, minha mãe não usava drogas. Quando via as fotos da cantora no final da vida me lembrava imediatamente da expressão da minha mãe, que se encontrava também no estágio final da doença: as duas tinham olhares que transcendiam, mais próximos da outra dimensão do que desta. Enfim, estou escrevendo isso porque sei que minha mãe já recebeu sua alma gêmea do outro lado. Imagina o deboche e a confusão!
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Exercícios Literários, Impressões
Altruísmo
24 de janeiro de 2020 at 15:25 0
Richard Dawkins - Wikipédia

Acho que foi no livro “Mero Cristianismo” que o escritor e ensaísta inglês CS Lewis (o mesmo de “Crônicas de Nárnia”) sugeriu o altruísmo como uma prova – ou, no mínimo, um indicativo - da existência de Deus. Se minha memória não está me pregando peças, CS Lewis defendia que não há nenhuma razão na Natureza para que alguém, numa enchente, pare seu carro e, no meio da chuva, arrisque a própria vida saltando num rio para tentar salvar algum desconhecido se afogando. E todos sabemos que seres humanos tomam atitudes semelhantes.

Por outro lado, a manutenção da vida pressupõe egoísmo, e é por isso que os leões que derrotam antigos chefes de bando matam os filhotes dos derrotados: assim, somente o DNA do vencedor é mantido para a posteridade. Exemplos de egoísmo na Natureza são abundantes e são a base, por exemplo, do livro do famoso Richard Dawkins, chamado de  “O Gene Egoísta” (que preciso confessar que não li, ao contrário do “Mero Cristianismo” citado acima), no qual foi criado o termo “meme”, inclusive, mas esta é outra história.

Voltando a CS Lewis, para o escritor inglês o altruísmo, por não fazer sentido de um ponto de vista evolutivo, deve ser causado por um chamado vindo de um lugar mais alto – do Divino. A explicação é mais complexa que isso, mas acho que dá para entender o sentido do que o autor das “Crônicas de Nárnia” quis dizer com seu argumento.

Por outro lado, biólogos evolucionistas têm defendido que, por ser uma forma de seleção de grupo, o altruísmo também tem seu pé mais ou menos fincado nas teorias de Darwin (ver, por exemplo, a coluna "Animais sociais", de Hélio Schwartsman, da Folha de São Paulo de 26/04/2012).

Eu mesmo sou crente em Deus, acredito que Ele atua em todo universo, mas não acho que algum dia alguém venha a “provar” Sua existência de maneira inequívoca.

Cada um escolhe o que quer.

(Exercício literário proposto pelo Robertson Frizero: escreva uma crônica de até 500 palavras sobre o tema ALTRUÍSMO. O roteiro sugerido para escrita é este:

  • uma pequena história
  • a explicação do conceito
  • o que, na sua opinião, leva as pessoas a serem altruístas
  • o momento atual do mundo
  • o que precisa mudar - resgatando a história inicial)
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Exercícios Literários, Literatura
Proust/Machado
4 de novembro de 2019 at 12:05 0
Machado e Proust: Wikiquote/Britannica

Fiquei meio espantado com a frase de Machado de Assis, em Brás Cubas: “não te irrites se te pagarem mal um benefício: antes cair das nuvens, que de um terceiro andar” (já tinha lido a obra, mas não me lembrava em absoluto desta citação). Explico: ela lembra, de maneira notável, uma frase de Proust: “é melhor cair das nuvens do que cair dos planos”.

Logo fiquei pensando nos paralelos incríveis entre duas frases tão semelhantes: será que Proust sabia da obra de Machado, escrita em 1881, quando o francês tinha dez anos? Provavelmente não: se a literatura brasileira tem pouca penetração no exterior hoje em dia, imagine-se no século XIX. Então, só me restava comparar as duas sentenças, na maneira incrível como “planos”, na frase de Proust, se transformava em “terceiro andar”, na machadiana: nos dois casos a realidade atinge de maneira definitiva e inexorável o “sonhador”, aquele que “não mantém os pés na terra”, que “vive nas nuvens”.

Que notável! Dois gênios, separados por um oceano e algumas décadas de distância, praticamente criando uma transmissão de pensamentos!

Mas é melhor desconfiar, né? Antes de evoluir nos meus próprios pensamentos, resolvi dar uma olhadinha na internet: a frase do Proust realmente é citada, mas em sites de autenticidade duvidosa. Mais do que isso, nas minhas pesquisas em francês não surgiu nada parecido com a sentença supracitada. A frase, com quase 100% de certeza, não é de Proust, e quase caí no conto (eu a tinha lido como se fosse dele há muitos anos já).

Enfim, esse assunto tem tudo para cair em outra reflexão: quem inventou essa coisa? Provavelmente algum brasileiro, que conhecia a frase de original de Machado de Assis e resolveu dar um lustro afrancesado na coisa.

Pensando nisso, não posso deixar de me divertir ao pensar nesse suposto brasileiro piadista.

(Crônica baseada no seguinte desafio literário proposto por Robertson Frizero: No capítulo CXIX do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, o narrador-protagonista lista uma série de irônicos aforismos de sua autoria. O desafio de hoje é escolher um desses aforismos e escrever um conto, crônica ou poesia de até 500 palavras a partir de sua interpretação da frase. Estes são os aforismos machadianos: (...) Não te irrites se te pagarem mal um benefício: antes cair das nuvens, que de um terceiro andar.)

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Esporte, Exercícios Literários
O surfista Paulinho
29 de setembro de 2019 at 12:38 0
fonte: Revista Trip

Paulinho era um surfista extraordinário. Suas rasgadas, seus floaters, seu flow, sua direita absolutamente fantástica assustavam os adversários. Não era o melhor tube rider que o mundo já tinha visto, mas estava entre os melhores. Já no primeiro campeonato do CT, da WSL, ficou em segundo lugar, perdendo apenas em Pipeline, e na final, para o eterno campeão Kelly Slater. Já no ano seguinte não teve para ninguém, e ele já era matematicamente campeão já na etapa de Peniche, em Portugal. Paulinho, então com apenas 17 anos, seria o novo Kelly Slater? Ultrapassaria a quantidade de onze campeonatos mundiais do maior surfista de todos os tempos? Eram esses os maiores questionamentos da imprensa especializada a respeito de Paulinho, depois de seu primeiro – que seria o último – campeonato mundial pela WSL.

Sim, último. Logo no ano seguinte à sua vitória no CT, um novo surfista chegou para assombrar o mundo do esporte: Gabriel Medina – brasileiro como Paulinho e que, assim como ele, foi matematicamente campeão da WSL já na etapa portuguesa. No ano seguinte o havaiano John John Florence ganhou o “caneco” mundial, e meio que foi se revezando com o brasileiro Medina em vitórias nos campeonatos da WSL nas duas décadas e meia seguintes – as quais ainda contaram com vitórias solitárias do sul-africano Jordy Smith e do brasileiro Ítalo Ferreira.

E o Paulinho? Continuou disputando o CT sempre com bravura, mas nunca mais passou do quinto lugar. A princípio, poderia parecer que a reversão completa das expectativas em relação àquela promessa do surf  mundial foi devida a algum motivo psicológico, ou mesmo físico – mas não: Paulinho continuou surfando como sempre surfara, mas não conseguiu, jamais, fazer as manobras inovadoras e progressivas que eram a característica principal da nova geração (Medina, John John, Filipe Toledo, Ítalo Ferreira, Jordy Smith, e por aí vai), a qual Paulinho pertencia apenas em termos cronológicos: seu surf era ultrapassado desde o início – o que ninguém, por incrível que pareça, tinha percebido a tempo.

E não que ele não tentasse dar os aéreos que deliciavam os amantes do esporte, e que tanto deviam à influência do skate – John John Florence, é sempre bom lembrar, era um excelente skatista. Mas Paulinho não conseguiu, nunca, acertar um aéreo que fosse.

Cinco anos depois que Paulinho tinha vencido seu único campeonato da WSL (anos nos quais ele treinou sem sucesso fazer manobras inovadoras e progressivas), ele teve uma espécie de luz: percebeu que jamais seria um John John Florence, que jamais seria um surfista realmente grande – ao contrário da expectativa geral anterior, inclusive dele.

No dia em que ele finalmente teve consciência disso, chamou seu grande amigo Gabriel Medina no canto e desabafou: “irmão, nunca mais vou ser campeão mundial, nunca vou conseguir dar uma manobra inovadora”. O então campeão mundial olhou bem nos olhos de Paulinho e respondeu: “Jesus tem um propósito maior pra você, bro, não se preocupe com isso”.

Paulinho, que nunca acreditara em Deus, hoje frequenta cultos evangélicos – quase sempre ao lado de seu amigo Medina – em Boiçucanga, na Igreja Bola de Neve.

(O texto acima, uma ficção com personagens reais, é uma resposta ao seguinte desafio literário proposto por Robertson Frizero: "escreva, em 500 palavras, um conto cujo tema seja a mediocridade. O protagonista deve ser um artista - não importa qual a sua expressão artística - e a cena mostrada deve retratar o momento em que a personagem dá-se conta do quanto está iludida quanto ao seu 'talento'. O que a personagem fará depois dessa constatação deve ser o desfecho do conto.")

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Exercícios Literários
Se vivêssemos num Império
15 de setembro de 2019 at 18:05 0
fonte: Wikipédia

 “Ai ai Izaura, hoje eu não posso ficar / se eu cair nos teus braços não há despertador que me faça acordar”. Como acontecia frequentemente, Paulo se lembrava dessa música quando Maria lhe pedia para ficar “só mais um pouquinho”. De brincadeira, finalmente, resolveu cantá-la. Maria estrilou:

- Que música idiota.

- Mas é bonitinha, Maria.

- Ah vá.

Era assim. Os dois se acertavam em quase todos os aspectos, menos na música. Amante que era do tal “sertanejo universitário”, Maria se irritava a cada vez que ele colocava no carro algo mais sofisticado, na linha de um John Coltrane ou Miles Davis. Ele meio que se divertia com isso e nunca ligou muito para essa profunda diferença musical, mas uma vez ele teve esperança de que ela fosse abrir um pouco seus horizontes musicais.

Foi assim: literalmente apaixonada pela família imperial, e pelo imperador Pedro Luís de Orléans e Bragança em particular, Paulo um dia contou para Maria que o próprio monarca tinha lhe dito que seu cantor preferido era o jazzista americano Chet Baker. Tinha sido numa reunião de trabalho na capital imperial, Rio de Janeiro - ocasião que tinha deixado Maria praticamente sem dormir durante uma semana. Ela não parava de mandar para o Paulo mensagens no Whatsapp falando da excitação que sentia por saber que ele teria uma reunião com o imperador. Com o imperador! Maria tinha quadros com toda a família imperial pela casa, era um fanatismo que não conhecia limites.

Na verdade, Paulo exagerara um pouco em seu relato para Maria. De fato, depois da reunião de trabalho (uns assuntos sobre o metrô do Rio), ele e o imperador trocaram palavras sobre música. Pedro Luís de Orléans e Bragança falou que amava Bach, que ouvia desde criança e que, agora, com o Spotify, estava muito feliz pela possibilidade de conhecer ainda mais intérpretes e gravações de seu compositor preferido. Paulo, que nunca foi fã de música clássica, resolveu lhe perguntar se gostava de jazz também. O imperador lhe respondeu que não tinha maior interesse pelo estilo, mas tinha visto um show de Chet Baker no YouTube e tinha gostado muito – a história trágica do grande jazzista também tocava o coração do monarca.

De modo que o papo de Chet Baker ser o “cantor preferido” do imperador era só isso – papo, e furado. O mais engraçado tinha sido a reação de Maria:

- Que pena, um imperador tão maravilhoso, com um gosto tão estragado.

(Exercício literário proposto por Robertson Frizero: em Literatura, chamamos de ucronia qualquer narrativa que conte uma versão alternativa da História como a conhecemos. Trata-se da reconstrução de um evento do passado tal como ele poderia ter acontecido. Em Fatherland, romance policial de Robert Harris, por exemplo, o autor imagina um mundo no qual a Alemanha nazista teria vencido a Segunda Guerra Mundial.

 O desafio de hoje é escrever uma narrativa de até 500 palavras que se passa no seguinte cenário ucrônico: Deodoro da Fonseca não proclamou a República e o Brasil seguiu sendo governado por um regime monárquico e pela mesma linhagem dos Orleans e Bragança. Use essa informação apenas como pano de fundo para sua narrativa; não se preocupe em descrever como o movimento republicano falhou, etc.)

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Exercícios Literários
O cão
12 de setembro de 2019 at 18:22 0
fonte da imagem: Jenkem Magazine

Eu gostava muito do meu dono. Frequentemente nos encontrávamos com amigos dele, que também tinham outros cães como eu, e era uma festa. Meu dono e os amigos tomavam bebidas com um cheiro forte, cantavam, tocavam seus banjos – às vezes saía uma briga ou outra, e eu tinha que defender meu dono. Frequentemente dormíamos em calçadas, ou só eu e meu dono, ou nós dois com alguns amigos dele - também com seus cães. Para nos alimentar, meu dono revirava lixos, e sempre sobrava comida para mim. Às vezes alguma pessoa desconhecida me dava ração, e meu dono a agradecia. Às vezes algum desconhecido xingava meu dono, mas ele me dizia que só não o xingavam mais porque eu, com meu tamanhão, colocava medo nas pessoas “normais” – ele sempre falava “normais” com um tom meio debochado.

Eu gostava muito de nossos passeios de trem. Entrávamos em vagões de carga, nos cobríamos do jeito que dava e ficávamos olhando as paisagens. Chegávamos a lugares lindos, cheios de cheiros diferentes. Lá nos encontrávamos com outros amigos do meu dono, e sempre havia cantoria, alegria e algumas brigas. Aquelas bebidas com cheiro forte eram presentes também.

Meu dono sempre me dizia que nunca iria me abandonar. Que ele me amava tanto que jamais iria me deixar sozinho. Infelizmente, não foi o que aconteceu. Ele começou a ficar estranho quando começou a colocar no braço umas coisas esquisitas e pontudas. Depois de se machucar com aquilo, ele ficava num torpor estranho, não parecia mais a mesma pessoa. Dormia muito mais que antes, ou ficava acordado como se estivesse dormindo. Um dia, depois de se machucar com aquela coisa pontuda, ele entrou num torpor do qual não saiu mais. Demorei para perceber que ele tinha me deixado para sempre.

Hoje estou com um amigo dele, e continuo tendo o mesmo dia-a-dia que tinha quando estava com meu antigo dono. O meu novo proprietário me trata tão bem quanto o antigo, e também sempre me promete que nunca vai me deixar. Infelizmente, não consigo acreditar nele.

(Texto escrito para responder ao seguinte desafio literário proposto pelo Robertson Frizero: Personagem é qualquer ser atuante de uma história ou obra de arte. Normalmente é uma pessoa, mas pode ser um animal, um ser fictício, um objeto, desde que tenha características humanas. O desafio do dia é escrever uma história cujo protagonista seja uma personagem não-humana. A história deve ter no máximo 500 palavras e ter como tema central a mentira.)

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Exercícios Literários
Carta a uma suicida
5 de setembro de 2019 at 15:37 0

Maria,

Pare de bobagem, vai. Eu sabia que você estava com problemas, nunca quis me meter, porque sempre achei que você era bem crescidinha para me pedir ajuda se precisasse. Sou psicóloga! Quantas vezes eu não te disse que depressão era uma doença séria, que não tinha nada a ver com frescura, nem com nada parecido. Aliás, intuindo sobre seu estado, eu colocava sempre esse assunto nas nossas conversas, eu achava que você iria se mancar e se abrir para mim – mas nada, né?

Agora que eu sei que você está a salvo, e que aquela quantidade de remédios que você tomou acabou não dando mais do que uma diarreia daquelas (graças a Deus!), está na hora de você tomar uma providência na sua vida e procurar ajuda.

É claro que eu queria que você viesse desabafar sobre seu estado comigo, que SEI que sou sua melhor amiga. Mesmo assim, sei lá, você não desabafou comigo.

Por que seria? Será que é porque você sempre foi a intelectual de nós duas, a mais rica, a mais bonita – e, como se ainda fosse possível, a mais humilde?

Cara, isso não faz sentido. Sempre te amei como a irmã que eu não tive, e sei que sempre foi recíproco. O que é isso? Vergonha? Vergonha DE MIM?

Ora, Laura, tome tenência, por favor, como dizia meu falecido pai.

Procure ajuda, me procure. Eu te amo muito mais do que você pode imaginar, não consigo nem imaginar a tragédia que seria para mim se aqueles remédios tivessem feito efeito.

Por favor,

Marta

(Texto escrito a partir do seguinte exercício literário proposto pelo Robertson Frizero: Em prol do setembro amarelo. 💛 Escreva, em até 500 palavras uma carta pela vida: imagine que essa carta foi escrita por uma personagem [masculina ou feminina] para um amigo ou amiga que pode estar planejando tirar a própria vida, tentando dissipar tal ideia. A carta não deve trazer as vozes dos autores, nem ser direcionada a alguém a eles relacionado.)

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