Obra Literária

O Que Não Senti – Início do conto “Jack The Ripper”, a ser publicado em “A mulher de César”
Obra Literária
O Que Não Senti – Início do conto “Jack The Ripper”, a ser publicado em “A mulher de César”
17 de agosto de 2025 at 14:33 0
3 de março de 2017 Acordo com uma sensação terrível: a de que assassinar pessoas é uma atividade horrenda, punida com prisão e malvista pela sociedade. O estranho é que nunca matei ninguém nem tive vontade — mesmo assim, por que fico tão chocado? Em que canto horrível da minha mente assassinar é fácil e corriqueiro? 15 de março de 2017 Doze dias depois, a sensação ruim não passa. Se estou relaxado, pensando em nada, a sensação de incompreensão – de não entender por que tirar a vida dos outros é considerado um crime grave – volta à minha mente com força total. E, assim, acabo me lembrando da morte de um ex-amigo. Eu tinha achado estranho o acidente do Jairo ter acontecido depois de discutirmos: ele me acusou de desonestidade – o que era absurdo, já que sempre o ajudei – e eu lhe respondi que não falasse mais comigo, que eu não o perdoaria jamais. Ele saiu batendo a porta e não nos falamos durante um mês. Ao final desse período, ele morreu num acidente horrível na estrada da praia. Não senti nenhum remorso, nada. Nem fui ao enterro – tínhamos sido amigos inseparáveis, mas por sorte eu estava viajando (tinha ido ao Peru) e não tinha como voltar. Não precisei me justificar. Também não fui à missa de sétimo dia, afinal, minha presença não era tão necessária, e ninguém me questionou sobre a ausência. A morte de Jairo foi horrível: um caminhão desgovernado passou por cima do carro em que ele estava, sem que ele pudesse desviar ou fugir. As ferragens dos veículos impediram o resgate – ele ficou agonizante por horas e, quando finalmente foi retirado daquele amontoado de metal retorcido, já estava morto. Foi uma morte muito dolorosa, a respeito da qual eu não senti absolutamente nada. Não que eu sentisse ódio de Jairo. Pelo contrário: para mim, ele simplesmente já não existia mais, e sua morte só confirmou o que eu sentia por dentro.
(Imagem que acompanha o texto obtida com a Gemini, do Google.  Se você estiver interessado em receber este e outros textos meus semanalmente, clique aqui e cadastre seu e-mail.)
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Prefácio de “A mulher de César”
Engenharia, Obra Literária
Prefácio de “A mulher de César”
20 de julho de 2025 at 14:13 0
Chamem de mania (ou TOC), mas por um longo tempo minha obra literária – fora o que escrevo no site fabriciomuller.com.br, composto de comentários sobre literatura, música, cinema e outros assuntos – tinha textos de aproximadamente cinquenta páginas no formato A4. Assim foram compostos minha obra de estreia, “Um amor como nenhum outro”, de 2017 (Schoba); as quatro histórias de “O verão de 54 (novelas)”, de 2019 (Artêra); e os três livros que compõem “Rua Paraíba” (Café do Escritor), de 2020. Uma mania (ou TOC) também presente era o objetivo de escrever histórias com estilos muito diferentes entre si: “Verão de 54 (novelas)” tem uma história em metalinguagem (“O Verão de 54”), um policial em formato de diálogo (“Morrissey”), uma história convencional (“Conversão”) e uma história para adolescentes (“Sorry”). Enquanto eu escrevia as histórias de “O verão de 54 (novelas)”, e no mesmo formato de cinquenta páginas em A4, também terminei as versões iniciais de um livro de poesias (“Sempre”), uma história de delírio metafísico-literário (“deus um delírio” – para fins de precisão, é importante dizer que foi o único em que não consegui chegar nem perto das cinquenta páginas) e uma novela erótica (“Marina”). Minha ideia inicial era publicar os três livros – cujas versões finais estão nesta coletânea – separadamente, já que, para mim, não combinavam com “O verão de 54 (novelas)”. A mania (ou TOC) acabou quando vi uma entrevista com João Ubaldo Ribeiro, que disse – cito de memória – que tinha escrito “Viva o Povo Brasileiro” para provar a todos que conseguia fazer um romance enorme, como os alemães. Resolvi imitá-lo, e assim surgiu “3040”, com cerca de 450 páginas, já publicado, livro que teve a mentoria da grande Juliana Frank. À medida que a longa escrita de “3040” transcorria, e como a mania (ou TOC) das cinquenta páginas A4 já tinha terminado, pensei em escrever um livro de contos. Eu já tinha um conto, “A mulher de César”, publicado numa coletânea (“Ser: Antologia Emcontos”, da EntreCapas, lançada em 2019), coordenada pelo grande Robertson Frizero, para quem eu tinha escrito alguns microcontos num grupo de literatura no WhatsApp – que são a maioria dos contos muito curtos desta coletânea. Tinha também o já citado “Marina” (ainda não pensava em incluir “Sempre” e “deus um delírio”, que não são contos). Enfim, conversei com a Juliana Frank, que me ajudou muito nos demais contos presentes aqui, principalmente me incentivando a incluir elementos fantásticos em histórias onde eles não ocorriam. Ela me ajudou também a diminuir de maneira significativa o número de páginas de “Marina”. A coletânea ficou pronta alguns anos atrás. Há poucos dias, resolvi finalmente incluir “Sempre” e “deus um delírio”, já que a coletânea já é estranha o bastante – duas outras histórias estranhas não fariam assim tanta diferença. Pela temática “herege”, pelo erotismo e pela esquisitice generalizada, muitas histórias aqui poderão assustar quem me conhece. Afinal de contas, sou um tranquilo engenheiro civil – profissão da qual retiro meu sustento – abstêmio, católico praticante, casado com a mesma mulher há quase 35 anos e pai de uma psicóloga de sucesso. A única “esquisitice visível” na minha vida é escrever textos mais ou menos convencionais sobre literatura, música, cinema, história e outros assuntos no meu site. Mas gosto de pensar que minha literatura não tem nenhuma amarra, seja moral, religiosa ou política. Se não for assim, não tem graça. Pelo menos, não para mim. *** A ilustração que acompanha este texto foi feita pelo Gemini para o conto "Boneca". Se você quiser receber meus textos semanalmente, clique aqui e cadastre seu e-mail.
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3040 – versão impressa
Literatura, Obra Literária
3040 – versão impressa
13 de julho de 2025 at 04:17 0
Chegaram as cópias do autor do meu livro 3040, se alguém quiser posso pedir uma cópia. Como é impresso nos Estados Unidos e vem para cá, ficou meio caro, mas vou cobrar um pouco menos do preço de custo: 70 reais. Se alguém estiver interessado, pode me mandar um pix para fabriciomuller60@gmail.com que deve chegar para você em torno de um mês. O livro tem 442 páginas, e vou mandar com dedicatória.
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Lançamento: 3040 – Um romance de ficção científica, fé e autodescoberta
Obra Literária
Lançamento: 3040 – Um romance de ficção científica, fé e autodescoberta
29 de junho de 2025 at 15:01 0

Prepare-se para ser transportado para um futuro distópico, onde uma sociedade vive em um gigantesco condomínio. Conheça Sílvia, uma "vagabunda" de 29 anos que, através de seu diário, nos guia por um universo de complexos relacionamentos e buscas por identidade.

Sobre o Romance

Em 3040, Sílvia tem a vida virada de cabeça para baixo quando seu ex-namorado, Paulo, reaparece com visões da Virgem Maria e uma proposta de casamento inusitada. Esse evento a empurra para uma jornada de autodescoberta, explorando fé, sexualidade e o desafio de se encaixar em um mundo que tenta controlá-la.

Enquanto Sílvia navega por dilemas religiosos e familiares, incluindo a relação turbulenta com o irmão enxadrista, ela decide mudar de vida. Mas essa nova trajetória é marcada por decisões arriscadas, crises de identidade e a busca de vingança de sua melhor amiga.

Acompanhe Sílvia em uma jornada que questiona tudo: religião, família, identidade e o que realmente significa ser livre.

Como obter seu exemplar

1. E-book Kindle:

Baixe a versão digital e comece a ler em segundos no seu celular, tablet, computador ou no seu Kindle.

2. Edição Impressa (capa comum):

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Observação sobre a cópia física:

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Abaixo, confira a capa do livro impresso e mergulhe no universo de "3040"!


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Juliana Frank e 3040 – como a grande escritora ajudou no meu livro
Obra Literária
Juliana Frank e 3040 – como a grande escritora ajudou no meu livro
8 de junho de 2025 at 14:47 0
Juliana Frank é uma escritora excepcional. Em livros como "Quenga de Plástico" (7Letras, 2011), "Meu Coração de Pedra-Pomes" (Companhia das Letras, 2013), "Cabeça de Pimpinela" (7Letras, 2013) e "Uísque e Vergonha" (Oito e Meio, 2016), ela constrói uma literatura estranha, provocativa, original e fascinante. Suas personagens são peculiares e obcecadas por objetos como bolsas e bonecas Barbie. Leylsa Kedman, de "Quenga de Plástico", por exemplo, é obcecada por sexo, enriquece e empobrece algumas vezes, atua em diversos filmes pornô, é estuprada e se apaixona pelo estuprador, mata dois homens, e tem uma melhor amiga que é anã e viciada em cocaína. *** Juliana Frank, por vezes, compartilha lindas frases ou haicais em suas redes sociais, como:
"Pelas ruas falam uma língua Que já não Me lembro Mais"
Este, por exemplo, abre um vasto horizonte poético de significados: pode remeter à saída de uma vida de boemia, a um desajuste mais profundo, ou a muitas outras interpretações. *** Até "3040", todos os meus textos de ficção ou literatura eram contos, memórias ou novelas, e nenhum ultrapassava as sessenta páginas em formato A4. Decidi, em determinado momento, escrever um romance muito longo, mais como um desafio do que qualquer outra coisa. A partir de um sonho da minha filha, imaginei a humanidade em um futuro distante vivendo em pequenos cubículos, isolados, longe da natureza – e isso antes mesmo da pandemia. O livro se chamava "5040", um pouco em homenagem ao meu sogro, que brincava que tinha um dinheiro enorme guardado no banco que só seria liberado em 2040. Consegui que a Juliana Frank me ajudasse na empreitada. Ela sugeriu que o livro deveria estar mais próximo no tempo e que eu deveria abordar a transição dos dias de hoje para o futuro. Tudo o que ela me ensinou na elaboração do livro foi precioso. O prefácio de "3040", livro dedicado à Juliana Frank, segue abaixo. ***
Conversamos. Você me perguntou se eu deveria reler "O Jogo da Amarelinha", já que não me lembrava de nada e nem tinha entendido direito na primeira leitura. Confesso que, mesmo agora, no início da releitura, ainda não estou entendendo tudo – preciso deixar isso bem claro. Minha resposta foi que esperei tanto pelo sexto volume de "Minha Luta" que me pareceu meio triste ter que adiar a leitura, agora que preciso reler "O Jogo da Amarelinha". Conversamos sobre Deus, sobre minhas ideias sobre Ele. Também falamos sobre política e economia, eu à direita, você à esquerda, mas nenhum de nós tão longe do centro assim. Houve um tempo em que eu me espantava com a quantidade de coisas: coisas vividas, coisas faladas, coisas escritas. É angustiante pensar que há muito mais livros escritos do que uma pessoa consegue ler na vida. Eu andava em livrarias e ficava triste porque jamais leria tudo aquilo, nem que quisesse, nem que fosse a única coisa que fizesse até o final da vida. Wilson Martins lia muito, e lia deitado: se dormisse, era sinal de que o livro era ruim. Ele disse uma vez que o Novo Testamento é o Paulo Coelho do passado e, digamos, essa é uma opinião pouco popular – apesar de, em termos estilísticos, ter sim alguma coisa a ver. Lembro do choque quando li "Sidarta", de Hermann Hesse, e me pareceu igual a Paulo Coelho – que, com razão, se queixa de não ter ganhado o Nobel, ao contrário do alemão que, aparentemente, o inspirou. Já imaginaram a quantidade de cantinhos que existem no mar? Mais cantinhos do que podemos sequer conceber. Uma pedrinha aqui, outra ali, um peixe aqui e outro ali. E Deus sabe todos os cantinhos. E leu todos os livros. E ouviu todas as conversas. Não é à toa, digo a você, que haja tantas pessoas que não acreditam Nele. Conto a você que estou gostando de reler "O Jogo da Amarelinha", percebendo nele coisas que eu não tinha notado antes – e não só porque eu tinha lido o livro muito novinho. Há todo um mistério ali, pronto para ser desvendado, que eu nem fazia ideia de que existia. Falo a você que alguns autores deixam transparecer facilmente seu amor-próprio em seus livros – refiro-me a Nabokov, Balzac e Henry James, que sempre parecem satisfeitos com a própria genialidade, e que convencem seus leitores (eu incluído) de que eles são especiais. Eu não sou desses. Sem você, eu teria parado de escrever.
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3040 – a capa
Obra Literária
3040 – a capa
1 de junho de 2025 at 14:43 0
Minha filha teve um sonho, anos atrás, em que ela saía de um túnel no ano 5000 e via uns prédios gigantes. Pelo que eu lembrava, ela emergia de um submarino no oceano, mas parece que não foi bem assim; era apenas um túnel subterrâneo mesmo. Mas não importa, mantive a ideia: no meu livro "3040", que devo publicar nos próximos meses, esses prédios gigantes ficam na beira da Serra do Mar, aqui no Brasil – e toda a humanidade foi morar neles. A ideia para a capa de "3040" (que era "5040", mas mudou graças à Juliana Frank), que eu pedi para meu grande amigo Guilherme Bresola da Rocha (o Ceris) fazer, era, então, o que eu achava que tinha sido o sonho da minha filha Teresa Müller: um submarino no futuro, vendo uns prédios enormes na beira do mar. Achei a capa, que é a imagem que acompanha este texto, linda, como é de praxe no trabalho do Ceris. *** Segue um resumo do livro: "3040" é a história de Sílvia Chomsky, uma jovem que vive no Condomínio, uma sociedade futurista no litoral da América do Sul onde a humanidade se refugiou devido a pandemias e à devastação da Natureza. Sílvia, inicialmente uma "vagabunda" (termo para quem não trabalha), tem sua vida transformada por eventos inesperados. Seu relacionamento com Paulo, um ateu que tem visões da Virgem Maria e se converte ao judaísmo por ela, a leva a questionar sua própria fé e a descobrir um novo caminho na vida, buscando a Universidade para estudar arqueologia e, surpreendentemente, uma possível conversão ao islamismo. A narrativa explora as complexas relações de Sílvia com sua família e amigos, especialmente Mariana, sua melhor amiga, cujas escolhas de vida e fé se entrelaçam com as dela. A história também aborda temas como a sexualidade na sociedade futurista, onde as normas são muito mais flexíveis, e a tensão entre a vida controlada no Condomínio e o desejo por uma conexão mais profunda com a Natureza e a espiritualidade. Em meio a reviravoltas religiosas, dramas familiares e descobertas pessoais, Sílvia se casa com Paulo, inicia uma nova jornada acadêmica e continua a refletir sobre o propósito de sua vida e a influência da fé em um mundo em constante mudança. *** Se você estiver interessado em receber meus textos semanalmente, clique aqui e cadastre seu email.
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Resumo de “3040”
Obra Literária
Resumo de “3040”
25 de maio de 2025 at 14:52 0
Pedi para a ferramenta Gemini, do Google, para resumir meu romance a ser publicado ainda este ano, “3040”. Segue o resumo. *** O texto narra a vida de Sílvia Chomsky, uma jovem que vive em um Condomínio futurista, um complexo de edifícios gigantescos na costa atlântica da antiga América do Sul, no ano de 3040. A humanidade se realocou para o Condomínio séculos atrás devido a uma série de pandemias e uma decisão conhecida como o Grande Salto para o Litoral (GSL). Nesse futuro, o trabalho é opcional, com máquinas realizando a maior parte das tarefas. Sílvia inicia um diário, o qual ela pretende enterrar para um futuro leitor chamado Isaquinho, como uma forma de registrar a vida em sua época.

Personagens e Relações Chave A vida de Sílvia é moldada por suas relações e uma profunda exploração de si mesma e do mundo ao seu redor:
  • Mariana: Sua melhor amiga, uma mulher promíscua e de beleza estonteante, que trabalha com otimização de alimentos. Mariana é uma católica fervorosa, tentando conciliar sua fé com sua vida sexual. Com o tempo, sua vida passa por uma transformação drástica devido ao relacionamento com José B.
  • Paulo: O primeiro namorado de Sílvia, que retorna à sua vida após anos de separação. Paulo é um engenheiro de hidrelétricas e ateu, mas tem visões recorrentes da Virgem Maria que ditam suas decisões. O relacionamento deles é central na narrativa.
  • Benjamin: Irmão de Sílvia, um enxadrista profissional de nível mundial, que é o grande ídolo de Sílvia e objeto de seu ciúme. Ele enfrenta seus próprios desafios no amor e na fé.
  • Sara: Namorada de Benjamin, uma surfista profissional que, ironicamente, é quem introduz Sílvia à prática de sair para a Natureza (o mundo exterior ao Condomínio).

A Jornada de Sílvia A narrativa acompanha a evolução pessoal de Sílvia em diversas frentes:
  • Amor e Sexualidade: O retorno de Paulo reacende seu desejo, mas a exigência dele de abstinência sexual até o casamento, baseada nas visões da Virgem Maria, a leva a buscar satisfação sexual com outros parceiros, inclusive pagando por sexo. Ela se questiona sobre sua própria sexualidade, chegando a ter experiências com mulheres. A abstinência com Paulo intensifica a idealização dele, que se transforma em uma intimidade mais "real" e crua após consumarem o relacionamento.
  • Carreira e Educação: Sílvia decide abandonar a vida de "vagabunda" e ingressar na Universidade de Varsóvia para estudar arqueologia, focando no Império Wari. Ela se destaca academicamente, revelando-se uma aluna excepcional. Este novo caminho lhe confere um status diferente e acesso a luxos antes restritos aos trabalhadores.
  • Religião e Crise de Fé: A morte de seu pai, Seu Isac, a mergulha em uma profunda crise existencial e religiosa. Ela se sente culpada e inadequada como judia, especialmente após um confronto com Benjamin. Ela se aprofunda no estudo do Alcorão e se sente atraída pelo Islã, chegando a usar o hijab e considerar a conversão. Essa busca a leva a se confessar com padres católicos, que a ajudam a processar suas emoções e sua complexa relação com Deus.
  • O Julgamento e o Casamento: Suas tatuagens (inspiradas em desenhos de henna muçulmanos) e seu interesse pelo Islã levam o Rabino Enrique a iniciar um processo de excomunhão contra ela. Para se casar com Paulo na sinagoga, ela concorda em remover as tatuagens e adiar o casamento. Apesar das dificuldades, o casamento judaico acontece. Durante a cerimônia, Sílvia se sente, pela primeira vez, verdadeiramente conectada ao judaísmo.

O Mundo de 3040 e suas Revelações O texto detalha aspectos intrigantes da sociedade do Condomínio:
  • Tecnologia e Mobilidade: A vida ocorre em cubículos, com transporte por Naves X (dentro do edifício) e Naves Y (entre edifícios). As universidades e complexos olímpicos são edifícios à parte. O InterSistemas é a principal forma de comunicação e interação social.
  • A "Natureza" e Cidades Escondidas: A Natureza é vista como um lugar perigoso e inabitado, salvo por "selvagens" e "gutter punks". No entanto, Paulo, através de drones, descobre uma cidade aparentemente normal, Anchorage, no Alasca, vivendo como nos tempos pré-GSL. Isso levanta questões sobre experimentos secretos do Governo Central.
  • Privacidade e Vigilância: Embora os cubículos ofereçam privacidade, os cidadãos são filmados constantemente, com gravações usadas em "casos extremos". A confissão católica é um dos poucos momentos sem gravação.

Transformações nas Relações e Crises Pessoais As relações de Sílvia se transformam com as experiências:
  • Mariana e José B.: Mariana se apaixona por José B., um cantor católico conservador. Ela larga sua vida promíscua e seu emprego para se tornar sua assistente. No entanto, José B. a trata de forma desrespeitosa, e Sílvia percebe que a antiga Mariana, livre e bondosa, se tornou manipuladora e carente de atenção. Mariana, por sua vez, usa o casamento de Sílvia como um "sinal" para decidir se volta com José B., revelando suas complexas motivações.
  • Benjamin e Sara: Benjamin, após sua vitória no xadrez, passa por uma crise ao ser deixado por Sara, que busca um relacionamento aberto e se apaixona por outro surfista. No auge de sua tristeza, ele agride verbalmente Sílvia, mas eles se reconciliam, e Benjamin expressa arrependimento e uma nova compreensão de sua fé.
  • A Família e o Judaísmo: A família de Sílvia e Paulo se adapta às suas escolhas. O pai de Sílvia, Seu Isac, falece, o que a abala profundamente. Paulo, em seu processo de conversão, surpreende a todos ao se apegar genuinamente ao judaísmo, encontrando acolhimento na comunidade. O casamento de Sílvia e Paulo na sinagoga com o Rabino Enrique é um ponto alto, com o rabino, que antes a antagonizava, expressando orgulho por seu sacrifício.

O Casamento e Conclusões O casamento de Sílvia e Paulo é um evento marcante, cheio de simbolismo e tensões resolvidas e não resolvidas. Sílvia, que havia secretamente incorporado símbolos muçulmanos em seu corpo e em sua prática, se vê forçada a removê-los pelo rabino. No dia do casamento, ela experimenta uma profunda conexão com o judaísmo e o amor por Paulo, ao mesmo tempo em que a complexidade de suas escolhas e a inconstância de algumas relações se tornam evidentes. A narrativa termina com Sílvia e Paulo em sua lua de mel, refletindo sobre suas jornadas. Sílvia, agora uma mulher madura e estudiosa, aceita as surpresas da vida e a interconexão de suas experiências, concluindo que o amor e a fé, em suas diversas formas, são guias em um mundo em constante mudança. *** Se você estiver interessado em receber este e outro textos meus semanalmente, clique aqui e cadastre seu e-mail.
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O Papa Leão XIV e meu sogro – um texto sobre religião e saudade
Obra Literária, Religião
O Papa Leão XIV e meu sogro – um texto sobre religião e saudade
11 de maio de 2025 at 12:01 0
Meu sogro tinha um pai ateu e comunista, mas se converteu ao catolicismo – influenciado pela leitura de São Tomás de Aquino – aos dezessete anos, acho. Ele ia assistir às missas todos os domingos na Igreja do Bom Jesus, às onze da manhã. Ficava de pé durante toda a cerimônia, lá atrás dos últimos bancos. Não lembro bem se era para dar lugar para as outras pessoas ou porque achava que era melhor assim mesmo. Afinal de contas, viveu mais de noventa anos, fazendo exercícios e yoga todas as manhãs; quem sabe ele pensasse que ficar de pé o ajudava fisicamente. Ele sempre falava da Encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII, que foi a primeira na história da Igreja a mostrar preocupação com as condições dos trabalhadores durante a Revolução Industrial. Meu sogro tinha uma edição da encíclica, e eu a herdei e fiquei com ela muitos anos, mas nunca a li. Eu achava que estava aqui em casa ainda, mas não a achei. Quem sabe a encontre um dia. Antes da eleição do Papa Leão XIV, eu e a Valéria discutimos sobre qual seria o nome do novo pontífice: ela disse que, se pudesse ser papa, escolheria o nome de Leão, ou Leoa, não lembro bem. Na hora, como sempre acontecia quando ouvia comentários sobre o Papa Leão XIII, me lembrei do meu sogro e da sua edição da Rerum Novarum. Quando foi anunciado que o nome do novo papa seria Leão XIV, obviamente me lembrei do meu sogro, e fiquei muito feliz pela lembrança dele – e, claro, com muita saudade daquele senhor com quem eu convivi tanto, e que era, assim como a minha mãe, muito intempestivo e muito bondoso – e, também como a minha mãe, bem mais bondoso que intempestivo, diga-se. E fiquei feliz por ser a pessoa na família que herdou o costume de ir à missa todos os domingos no Bom Jesus. Mas eu não só não fico de pé nas horas em que posso me sentar, como fico em algum banco bem perto do altar. Ao contrário do meu sogro, não gosto muito de fazer exercícios. *** Se você tiver interesse em receber este e outros textos meus semanalmente, clique aqui e cadastre seu e-mail.
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