Trecho do meu romance “3040”, a ser publicado ainda neste ano
Obra Literária

Trecho do meu romance “3040”, a ser publicado ainda neste ano

16 de março de 2025 0

Aliás, uma coisa que eu não entendia, quando era criança, era por que razão cada pessoa tinha uma nacionalidade diferente. Eu mesma sou andorrana – e a Mariana, americana. Mas essas nacionalidades nunca fizeram diferença para ninguém, e um dia, ainda criança, perguntei para o meu pai por que cada pessoa pertencia a uma “nação” diferente.

Ele me respondeu – lembro como se fosse hoje – que as nações eram lugares que realmente existiam no mundo, lá onde hoje é a Natureza. Quando a Humanidade resolveu vir para o litoral, muitos se queixaram da perda da nacionalidade, de suas raízes. Em seus estudos, os organizadores do GSL acabaram concluindo que a grande maioria das pessoas só se ligava no país em que nasceu em momentos de guerra ou em competições esportivas. Se por um lado as guerras eram praticamente inexistentes já há alguns séculos, por outro a grande maioria das pessoas ainda dava grande atenção para grandes eventos esportivos, como a Copa de Mundo de Futebol e as Olimpíadas.

Foi quando alguém no Governo Central teve a brilhante ideia de manter as pessoas com nacionalidades, mas para competições esportivas (e para as universidades também, mas isso eu comento depois). Funciona assim até hoje: cada casal de pais decide a nacionalidade dos filhos entre as suas próprias. Por exemplo, os pais de um brasileiro com uma andorrana devem decidir qual das duas nacionalidades deve ser a do filho, que não pode mais mudar de “nação” (eu mesma sou andorrana, filha de um brasileiro com uma andorrana). Pesquisando um pouco sobre essa situação, achei estranho o fato de antes do GSL haver a possibilidade de mudar de nacionalidade – mas nem tão estranho assim, se você pensar que antigamente a nação tinha a ver com um pedaço de terra, o que não faz mais sentido hoje em dia.

Deste modo, os campeonatos mundiais de diversas modalidades continuaram acontecendo como se a humanidade não tivesse se mudado para a costa atlântica da antiga América do Sul. Para dar um status de “grande acontecimento” para a coisa toda, foi construído um Edifício chamado Vila Olímpica na antiga cidade de Montevidéu, onde todas as competições esportivas mundiais – Copas do Mundo de Futebol e Rúgbi e Olimpíadas, inclusive – aconteceriam dali em diante. Aliás, o Torneio de Candidatos também acontece por lá. Meu irmão – brasileiro, ao contrário de mim – há de brilhar como nunca na história do xadrez.

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