agosto 2019

Séries
Duas minisséries
29 de agosto de 2019 at 18:39 0
The Alienist (Uol Entretenimento)

Minisséries são como filmes longos – sabemos que a história termina ali, por mais que alguns filmes (e minisséries) tenham continuação. Uma das melhores séries a que já assisti, “Dark objects”, sobre a qual já comentei aqui, na verdade é uma minissérie, formato dos ótimos “O bosque” e “The alienist”, objetos do presente texto.

Produzido pela TNT e distribuído pela Netflix por aqui, “The Alienist” tem dez episódios de cerca de 50 minutos cada. A minissérie se passa em Nova Iorque no final do sec. XIX (a reconstituição de época é primorosa), e conta história do estranho alienista (nome antigo dado aos psiquiatras) Laszlo Kreizler, vivido por Daniel Brühl, envolvido na investigação de crimes perpetrados por um assassino serial. O enredo é bem estruturado e as atuações, muito boas, mas a história é contada com mão pesada, fazendo com que acompanhar a história seja um pouco cansativo. De todo modo, já está prevista uma continuação para a minissérie, chamada “The Angel of Darkness”.

Gostei bem mais de “O bosque”, série francesa da Netflix com seis episódios de cerca de 50 minutos cada um. Numa cidade do interior francesa, duas adolescentes desaparecem – e a minissérie conta a história da procura por elas, que acaba desnudando segredos da cidadezinha. “O bosque” tem paisagens belíssimas, ótimas atuações e mantém a tensão em todos os episódios. Não precisa mais.

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Literatura
“Fahrenheit 451”, de Ray Bradbury
18 de agosto de 2019 at 20:45 0
Fonte da imagem: Saga Literária

Num futuro não especificado, foram descobertos materiais de construção, com os quais todas as construções passaram a ser construídas, que não pegavam fogo de jeito nenhum. Os bombeiros passaram a não trabalhar contra os incêndios – que não existiam mais -, mas para colocar fogo em um tipo de material extremamente perigoso, os livros.

Este é o mote principal do clássico distópico “Fahrenheit 451” (Coleção Folha – Grandes Nomes da Literatura, 168 páginas), publicado em 1953 pelo americano Ray Bradbury, e que inspirou o clássico cinematográfico de mesmo nome dirigido em 1966 por François Truffaut. O livro conta a história de um bombeiro, Montag, que começa a ter consciência pesada por colocar fogo em todos os livros que as pessoas guardam, e as aventuras daí decorrentes.

“Fahrenheit 451” (temperatura em graus Fahrenheit da queima do papel, equivalente a 233 graus Celsius) é um excelente romance, que merece o sucesso e status de clássico que obteve no decorrer dos anos. Mas o assustador é o motivo pelo qual a humanidade resolveu proibir os livros: tudo decorreu de um lento processo de imbecilização entre as pessoas, no qual as complexidades dos grandes clássicos passaram a não ter mais espaço em uma sociedade cada vez mais simplista, cada vez mais receptiva a histórias fáceis, cada vez mais preocupada com as minorias.

Qualquer semelhança com o mundo de hoje, infelizmente, parece não ser mera coincidência.

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Literatura
“Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley
8 de agosto de 2019 at 21:23 0

No ano 2540 o mundo será bastante diferente do que é hoje. As pessoas não dizem mais “Meu Deus”, mas “Nosso Ford”, em homenagem Henry Ford. A crença em Deus não existe mais. É altamente respeitável, para mulheres e homens, ter vários parceiros sexuais – quanto mais, melhor, aliás. Por outro lado, ter filhos ou fazer parte de uma família é algo decididamente obsceno, já que os seres humanos e, 2540 nascem por um processo industrial que une espermatozoides e óvulos. Este processo permite que pessoas nasçam, de maneira deliberada, com diferentes capacidades, fazendo parte de cinco diferentes castas - dos Alfa (os mais evoluídos entre todos) até os Ípsilon (inferiores aos demais). O objetivo do governo geral é a harmonia e a felicidade entre todas as pessoas, e para isso um alucinógeno chamado Soma é amplamente distribuído. Também visando este objetivo, a leitura de clássicos como Shakespeare, por ser perturbadora, é proibida.

De todo modo, nem toda a população mundial vive conforme descrito no parágrafo anterior: alguns povos ainda vivem em ilhas, de maneira “primitiva”: casando, formando famílias, tendo filhos, acreditando em forças espirituais e em Deus.

Este é o mundo descrito no clássico “Admirável Mundo Novo”, do inglês Aldous Huxley (Biblioteca Azul, 312 páginas), publicado originalmente em 1932. No romance, a tensão entre o mundo “oficial” e o “primitivo” ocorre quando os personagens Bernard Marx e Helmholtz Watson (ambos Alfas) resolvem visitar uma ilha “primitiva” e trazem de lá um “selvagem”, chamado John, leitor de Shakespeare.

Os conflitos apresentados e os personagens são rasos, mas “Admirável Mundo Novo” é espetacular ao descrever um mundo totalitário, onde a utopia se mistura com a distopia.

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