julho 2023

Livros lidos recentemente – julho de 2023
História, Literatura, Religião
Livros lidos recentemente – julho de 2023
30 de julho de 2023 at 18:45 0
“Viver é prejudicial à saúde”, de Jamil Snege (Arte e Letra, 78 páginas, publicado originalmente em 1998): meu grande amigo Renê Bettega me recomendou este livro porque, segundo ele, o estilo é parecido com o meu. Não poderia haver um motivo maior para despertar minha curiosidade! Não sei se escrevo tão bem, mas, de fato, “Viver é prejudicial à saúde”, que conta a história em primeira pessoa de um arquiteto decadente, é delicioso e divertido! Quero ler agora outro livro do autor, “Como eu se fiz por mim mesmo” (um título que eu usaria para uma obra se eu tivesse tido a ideia, com certeza). “O território do vazio – a praia e o imaginário ocidental” de Alain Corbin (Companhia das Letras, 385 páginas, tradução de Paulo Neves, publicado originalmente em 1988): este foi o primeiro livro não profissional que comprei depois de casado, e tenho carregado a obra comigo desde então, em todas as mudanças que fiz - mas não a tinha lido até agora. O tema, a história da concepção ocidental sobre a praia desde a Antiguidade até o século XIX, é fascinante - mas “O território do vazio” é tão detalhista que acaba por ser chato. É um livro raro, vale de uns cem a trezentos reais na Estante Virtual, mas não vou me desfazer dele por motivos de: lembranças afetivas. “Tudo é rio”, de Carla Madeira (Record, 209 páginas, publicado originalmente em 2014): Lucy é uma prostituta que gosta muito da profissão, e Venâncio é o marido de Dalva, uma mulher com um comportamento mais convencional. Ele comete um crime inominável e toda a história se desenrola a partir deste fato. Erótico, forte, muito bem escrito, “Tudo é rio” merece o sucesso que faz. “O Alcorão – Livro Sagrado do Islã (Edições BestBolso, 489 páginas, tradução de Mansour Challita): como literatura, é uma perfeição. “O Hiduísmo”, de Louis Renou (Publicações Europa-América, 130 páginas, tradução de Eduardo Saló, publicado originalmente em 1951): apesar de ser de família católica, a primeira religião pela qual me interessei de verdade foi o Hinduísmo, ainda no final da infância, mas depois me afastei dele. Este “O Hinduísmo” serviu para mostrar que tenho muito o que aprender sobre o assunto ainda. “O que é fascismo? E outros ensaios”, de George Orwell (Companhia das Letras, 160 páginas, tradução de Paulo Geiger, organização e prefácio de Sérgio Augusto): autor dos clássicos “A revolução dos bichos” e “1984”, George Orwell era também um ensaísta de mão cheia – eu gostei mais do prefácio dele no livro “Viagens de Gulliver” de Jonathan Swift, do que do próprio romance. Este “O que é fascismo? E outros ensaios” se concentra mais em ensaios literários (ele comenta livros de gente como T.S. Eliot, Joseph Conrad e Oscar Wilde) e é sensacional.
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Freud
Filosofia
Freud
2 de julho de 2023 at 15:16 0
Um dos melhores livros que já li é “A interpretação dos sonhos”, de Sigmund Freud, o criador da psicanálise, publicado orginalmente em 1900. Gostei tanto da obra que uma vez minha filha psicóloga comentou comigo que, quando falava em psicologia, eu praticamente só citava este livro. O perigo de ser o leitor de um livro só. Para tentar me aprofundar um pouco mais sobre o assunto li recentemente três livros sobre Freud e seu método. Na adolescência eu gostava muito das coleções “Primeiros passos” (sobre temas gerais) e “Encanto radical” (de biografias), da Editora Brasiliense. Eram livros de bolso com pouco mais de cem páginas cada um, e alguns dos meus preferidos foram aqueles sobre Anarquismo, Punk, James Dean e Marcel Proust. Da coleção "Primeiros Passos" e lançado originalmente em 1984, “O que é psicanálise” está longe de ser um livro voltado para um desconhecedor do assunto. Com linguagem empolada, o livro, escrito por Fábio Herrmann, parece feito sob medida para especialistas em psicanálise. Um trecho pego meio aleatoriamente dá uma ideia da coisa:
“A sexualidade, então, há de ser entendida pelas qualidades do apelo que seu objeto exerce. Trata-se, em primeiríssimo lugar, de um recorte apropriado do real, duma área bem delimitada e especial, comparável ao quadrado da janela alheia, no caso do exibicionismo-voyeurismo. Em segundo lugar, para que o apelo ganhe máxima eficiência, para que alcance o fascínio, será requerido um equilíbrio adequado dos componentes do atrativo.”
Muito melhor é “Freud básico – pensamentos psicanalíticos para o século XXI”, de Michael Kahn (BestBolso, 238 páginas, tradução de Luiz Paulo Guanabara, publicado originalmente em 2002). Neste caso o autor descreve de maneira bastante acessível os principais aspectos da obra de Freud e comenta o estado atual da psicanálise. Minha ideia, quando resolvi escrever este texto, era comentar apenas sobre os dois exemplares citados acima. Mexendo na minha prateleira acabei vendo outro livro que li recentemente e que tinha comprado nos anos 1980: “Conheça Freud”, livro em quadrinhos com roteiro de Richard Appignanesi e ilustrações de Oscar Zarate (Proposta Editorial, 175 páginas, sem indicação de tradução). De fato, este livro é uma boa introdução para quem não sabe nada sobre Freud!
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