janeiro 2018

“O nome e o sangue”, de Evaldo Cabral de Mello
História
“O nome e o sangue”, de Evaldo Cabral de Mello
28 de janeiro de 2018 at 22:20 0
“O novo século, que era o XVIII, começou bem para o sargento-mor Felipe Pais Barreto, senhor do engenho Garapu no Cabo: Sua Majestade, que Deus guardasse como todos os seus vassalos haviam mister, concedera-lhe a mercê de cavaleiro da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, com 12 mil réis anuais de pensão efetiva. Era a coroação de uma carreira que iniciara como soldado da tropa de primeira linha da capitania de Pernambuco e que prosseguira na milícia como capitão e sargento-mor das ordenanças da freguesia do Cabo, além dos cargos honrosos da gestão municipal de Olinda. Pelos estatutos da Ordem, cumpria-lhe agora passar pelas “provanças”, isto é, a investigação sobre sua ascendência, destinada a averiguar se preenchia os requisitos indispensáveis, entre outros a limpeza de sangue. ” (mais…)
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Bones: Failure
Música
Bones: Failure
23 de janeiro de 2018 at 23:04 0
Depois da vinheta inicial, a mixtape “Failure”, lançada por Bones em outubro do ano passado, diz a que veio, na poderosíssima “Hi-Fi” (“Bones, o deus do microfone”). A coisa continua no mesmo nível na viajante “Supressor”, que conta uma história de perseguição numa “noite como nenhuma outra”. A seguinte, “GetAGrip”, com sua base pesada, mantém o nível extremado deste disco: quando Bones diz “tic, toc, tic, toc, tic, toc, seu tempo acabou”, ele parece estar realmente falando a sério. Mais uma vinheta (“GetAGrip”) depois, chegamos na hipnótica “Mulch”, uma das melhores do álbum, em que Bones conta sobre seu sucesso e de sua casa nova numa região de classe alta, por mais que os vizinhos tenham medo dele , porque sabem que ele “não parece pertencer ao lugar”.  “Deadline” é um pouco mais “normal” para o padrão do rapper, que se queixa que “não existe tempo suficiente no dia”, para falar tudo o que tem a dizer. A sombria “YouFeelingLuckyPunk?” (“não tente a sorte, vadia, você não é uma das nossas”) é outra das melhores da mixtape. A próxima é “Ressurrection”, que é o único clipe de “Failure”: Bones canta na rua à noite, no frio, junto com amigos - um deles é Fred Durst do Limp Bizkit. “SometimesTheUglyTruthCanBeBeautiful” é outra ótima faixa, assim como “HolySmokes”. (mais…)
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A.S.C.O
Música
A.S.C.O
21 de janeiro de 2018 at 11:17 2
A.S.C.O é um garoto de cerca de 23 anos que sempre sonhou em uma ter banda, e que começou a cantar para ajudar um amigo nos trabalhos da faculdade de produção fonográfica dele. Agora ele lançou “Remorso”, seu primeiro EP, cuja maior influência, confessa, é o nothing,nowhere. – nas letras, músicas e na capa do disco. O produtor oilcolor, que trabalhou com o nothing,nowhere., também produz algumas faixas do EP. E sim, aquele toque melancólico e belíssimo que encontramos na banda de Joe Mulherin também encontramos no EP do A.S.C.O. É lindo. Conversei pelo Messenger com o A.S.C.O – que não fala seu nome. Seu objetivo é trazer o estilo do nothing,nowhere. e de bandas semelhantes para o Brasil com a mesma qualidade dos originais. Ele não quer chamar a atenção pela pessoa dele, mas para o gênero – bem como o nothing,nowhere., aliás, banda de uma pessoa só que apenas recentemente revelou seu nome próprio. A.S.C.O não só sonha com a qualidade de produção – ele também sonha em ter sua discografia, fazer shows por aí. No início seu estilo era “emo/hardcore/violão”, e agora é “emo/rap”, que é o estilo com qual ele mais se identifica. (mais…)
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Carlos Heitor Cony (1926-2018)
Literatura
Carlos Heitor Cony (1926-2018)
17 de janeiro de 2018 at 21:06 0
Eu estava andando de carro, indo para o trabalho. Era a segunda metade dos anos 90. Olho para a esquerda e, na calçada, se dirigindo a um hotel no Alto da Glória, estava Carlos Heitor Cony. Pensei rapidamente em descer e pedir um autógrafo mas, meio por babaquice, meio pela relação de amor e ódio que sempre tive com ele, meio por não estar carregando nenhum livro seu - acho que eu estava lendo “O Piano e a Orquestra” na época - não parei. Na próxima esquina, mudo de ideia e resolvo dar a volta na quadra para pedir-lhe um autógrafo. Não consegui, claro, ele já tinha entrado no hotel e perdi a única oportunidade que Deus me deu para pedir um autógrafo para o Cony. E era ele mesmo, antes que você me pergunte. Saiu na televisão daqui uma propaganda de um colégio, com ele, pouco tempo depois deste quase encontro. (mais…)
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“A Descoberta da Escrita”, de Karl Ove Knausgard
Literatura
“A Descoberta da Escrita”, de Karl Ove Knausgard
14 de janeiro de 2018 at 22:59 0
Acho que Deus gosta de rir da minha cara: bastou eu ter tomado a firme decisão de não comprar mais livros - pelo menos enquanto não tivesse lido boa parte dos muitos encostados por aqui - que vi nas recomendações do Kindle que tinha acabado de ter sido publicado no Brasil  o quinto volume da série “Minha Luta”, de Karl Ove Knausgard, “A Descoberta da Escrita” (Companhia das Letras, 632 páginas). Que raiva. Se Deus sabia que eu não resistiria a comprar mais um livro do norueguês, por que me fez ver que o livro tinha sido lançado logo em seguida à minha firme resolução? Não tão firme, claro. Comprei o livro e, como sempre (pelo menos depois do segundo da série), o li rapidamente. Em “A Descoberta da Escrita” Knausgard conta sobre seu difícil início como escritor, suas (poucas) traições amorosas, bebedeiras, saídas sem rumo pela Europa, indecisões sobre seu futuro profissional. A cidade norueguesa de Bergen - por coincidência, citada na letra de “I Wish You Lonely”, do mais recente disco de Morrissey, “Low In High School” - é parte fundamental de mais uma obra-prima do grande escritor Knausgard, que consegue deixar hipnotizados milhões de leitores pelo mundo contando, com enorme quantidade de detalhes, episódios de sua própria vida. (mais…)
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“hopes up”, do nothing nowhere.
Música
“hopes up”, do nothing nowhere.
8 de janeiro de 2018 at 21:08 0
É interessante comparar o vídeo de “clarity in kerosene" com o deste “hopes up”. Nos dois aparecem imagens amadoras de jovens garotas, em VHS. A diferença, porém, é ao mesmo tempo sutil e impressionante: no primeiro a garota parece rir da cara do garoto que está filmando; no segundo o clima é totalmente diferente: nota-se amor dela pelo rapaz que filma - as tomadas são tão apaixonadas que dá para adivinhar o sentimento dos dois namorados somente pelas imagens. (mais…)
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