Shows e Espetáculos

Flamenco!
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Flamenco!
10 de agosto de 2025 at 14:25 0
Já achei que o melhor show a que assisti na vida foi o de Morrissey, em 2000. Depois mudei de ideia e passei a achar que o de Ariana Grande tinha superado o do cantor inglês. Finalmente, tinha chegado à conclusão de que o melhor show da minha vida foi o do Amenra, pouco antes do lockdown da pandemia em 2020. Mas, pensando bem, a maior experiência musical que já tive foi em uma noite de flamenco em Madri, em 1982. Tínhamos ido, só eu e minha mãe, para um mês de excursão de ônibus pela Europa com outros brasileiros e um guia português, e passamos por quase uma dezena de países. Em Madri, minha mãe resolveu que não éramos turistas como os outros e, para provar isso, deixamos de assistir ao show de flamenco que o restante da excursão iria. Ela perguntou a um motorista de táxi que tínhamos tomado durante a tarde qual era um lugar com shows de flamenco "de verdad" — ou alguma outra expressão em portunhol que ela inventou na hora. O taxista escreveu num papelzinho: "Café Chinitas". Era lá que assistiríamos, à noite, a um verdadeiro show de flamenco, e não àquela bobagem diluída a que os demais participantes da excursão iriam! Sei lá como foi o show dos outros turistas. O nosso foi, literalmente, inesquecível. Eram vários homens e mulheres com roupas mais ou menos típicas de ciganos, todos sentados em semicírculo. De vez em quando, alguns deles vinham ao centro para dançar, às vezes em casal, às vezes uma mulher sozinha. O flamenco é uma música tensa, a dança com sapateado é forte e hipnotizante. As palmas são uma espécie de instrumento percussivo, e o violão é tocado de maneira extremamente virtuosa (eu tinha aulas de violão na época, o que deixou tudo ainda mais intenso), elementos que tornam tudo mais intenso — e lindo. O estilo tem pilares fundamentais: o cante, executado pelo cantaor; o toque, executado pelo tocaor; o baile, sob responsabilidade do bailaor; e o compás, o ritmo, que pode ser muito complexo. No Café Chinitas, não era servido nada que não fosse a sangría, um coquetel com uma base de vinho. Nunca fui fã de bebidas alcoólicas, e com quatorze anos eu mal devia saber o gosto daquilo! Mas a tal da sangría era realmente deliciosa. Se o álcool me fez gostar ainda mais do espetáculo, é uma questão em aberto — mas, como sou fã do estilo até hoje e sou abstêmio, imagino que a influência deva ter sido pequena. Voltei da Europa tentando achar alguma coisa de flamenco para ouvir e só consegui duas faixas de um LP com várias músicas espanholas, a maioria de touradas. Mais tarde, descobri que o maior cantaor da história — em uma rara unanimidade no campo artístico — se chamava Camarón de La Isla, e o cara era espetacular mesmo, tendo inclusive gravado vários discos com o grande violonista Paco de Lucía. Apesar de ele ser relativamente pouco conhecido por aqui, a nossa grande Cássia Eller cantava algumas músicas dele. Acho que só o blues rural, como música antiga e "de raiz", me emociona tanto quanto o flamenco. E hoje amo ver alguns vídeos, como este com a cantaora Antonia "La Negra" e com Camarón de La Isla ao toque (!), que me lembram perfeitamente a maior experiência musical da minha vida. E, claro, tudo isso me faz recordar, com saudade, da minha mãe. *** Quem estiver interessado em receber este e outros textos meus semanalmente, clique aqui e cadastre seu e-mail. Imagem que acompanha o texto obtida no site Fandom.
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“Pós-F” (Guairinha, Curitiba, 6/2/2022)
Shows e Espetáculos
“Pós-F” (Guairinha, Curitiba, 6/2/2022)
6 de fevereiro de 2022 at 22:52 0
Fernanda Young (1970-2019) foi uma escritora e roteirista conhecida, entre outros trabalhos, pelos roteiros dos excelentes seriados “Os Aspones” (2004) e “Os Normais” (2001-2003), escritos em conjunto com seu marido Alexandre Machado. Escreveu diversos romances, e minha crítica sobre “Aritmética”, de 2004, está aqui. “Pós-F”, publicado em 2018, foi a primeira obra de não-ficção de Fernanda Young - e o “F” do título se refere ao feminismo. A atriz Maria Ribeiro gostou tanto do livro que resolveu encená-lo: pediu ajuda para a escritora, que lhe disse que seria bom, porque ela (Maria Ribeiro) “também é maluca”. É isso que a própria atriz comenta na apresentação de “Pós-F” agora há pouco, numa excelente apresentação realizada no Guairinha, aqui em Curitiba. O texto de Fernanda Young fala de sua vida, sexualidade, morte, amor e, claro, feminismo, de maneira direta e clara. A peça é de curta duração, e não perde o interesse em nenhum instante – o silêncio absoluto da plateia durante a apresentação mostrou como todos pareciam extremamente atentos. O maior destaque é interpretação de Maria Ribeiro: a sua atuação no monólogo é impressionante, e o tom utilizado é tranquilo e discreto - num texto que poderia, com outra atriz, descambar para um discurso agressivo e gritado. Nada disso. Maria Ribeiro achou o tom certo e nós, da plateia, só tivemos a agradecer por isso. [a foto que acompanha o texto foi obtida no Instagram da peça]
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Justin Bieber – Allianz Parque, São Paulo (1/4/2017)
Música, Shows e Espetáculos
Justin Bieber – Allianz Parque, São Paulo (1/4/2017)
8 de novembro de 2017 at 17:13 0
Foi com “Purpose”, disco de novembro de 2015, que Justin Bieber começou a querer ser tratado como um artista sério. Seu quarto álbum de estúdio é uma deliciosa mistura de faixas dançantes (“Get Used To It”, “Been You”), melancólicas (“Trust”, “Life Is Worth Living”, “Purpose”), delicadas (“What Do You Mean”, “Children”). O melhor são as mais viajantes, em que a rica produção musical parece querer levar o ouvinte para um lugar distante e bonito (“The Feeling”, “Where Are Ü Now”, com Jack Ü, “I’ll Show You”). Tudo isto com a belíssima interpretação de Justin Bieber, cantor de recursos vocais limitados, mas de timbre único. (mais…)
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Duas noites no Teatro Guaíra
Literatura, Música, Shows e Espetáculos
Duas noites no Teatro Guaíra
17 de julho de 2017 at 22:30 0
Estou escrevendo um romance que se passa em Curitiba nos anos 50-60. Li alguns livros sobre a época e alguma literatura daqueles tempos – principalmente Nelson Rodrigues e Dalton Trevisan. O curitibano é um de meus autores preferidos, mas fico meio dividido quanto a Nelson Rodrigues: li as crônicas de “A vida como ela é”, comecei, mas não consegui terminar, o folhetim “O meu destino é pecar” - que ele assinava com o pseudônimo de Suzana Flag - e algumas crônicas esportivas. Tudo me pareceu muito exagerado, sem sutileza, carregado nas tintas. (mais…)
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Ariana Grande – Allianz Parque em São Paulo (1 de julho de 2017)
Música, Shows e Espetáculos
Ariana Grande – Allianz Parque em São Paulo (1 de julho de 2017)
3 de julho de 2017 at 23:26 0
“A primeira vez que vi Ariana Grande num clipe foi em ‘Focus’, uma impressionante mistura de ingenuidade infantil e de sensualidade explosiva – ela me pareceu uma espécie de Marylin Monroe mais alegre. ‘Side To Side’, com Nicki Minaj, é melhor ainda. No vídeo, o jeito ao mesmo tempo inocente e provocativo de Ariana Grande serve como um ótimo contraponto para a autoconfiança divertida da rapper. O fato é que gostei tanto destas duas canções que acabei baixando todos os álbuns de Ariana Grande pelo Spotify, e foi muito agradável descobrir que a qualidade do restante de suas músicas basicamente não diferia da de “Focus” e de “Side To Side”. Ela consegue ser dramática e intensa (“Let Me Love You”, com Lil Wayne), dançante (“Greedy”), melancólica (“I Don’t Care”), romântica (“Moonlight”), forte (“Dangerous Woman”), e por aí vai. As músicas de Ariana Grande são sempre uma excelente companhia. Quando as escuto por muito tempo normalmente acho que já está na hora de mudar um pouco - mas sinto que suas canções me puxam, como se fossem um redemoinho para onde sou levado. Ouvir Ariana Grande me acalma. Obrigado, mocinha. ”
O texto acima – um pouco modificado – eu fiz para um livro de crônicas que estou escrevendo, chamado provisoriamente de “Memórias”: naquela ocasião ainda não estava marcado o show da cantora aqui no Brasil. Assim que anunciado, consegui meu ingresso para a sua apresentação em São Paulo e começou a longa expectativa. Entre a compra da entrada e o show da menina por aqui, sábado passado, ocorreu a tragédia de Manchester, onde um idiota se explodiu matando 22 pessoas e ferindo outras 50 depois de um show da cantora. Houve a possibilidade – real – de que Ariana Grande acabasse cancelando o restante da turnê, o que felizmente não aconteceu. Chegou o grande dia e lá estava eu, no estádio do Palmeiras em São Paulo. Não tinha como um fã como eu não gostar do show, mas mesmo assim me surpreendi com a sua espetacular presença de palco, com as belíssimas tomadas, literalmente cinematográficas, que surgiam no telão e com a voz da menina. Que voz, minha gente. Quem sabe faz ao vivo. (mais…)
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Curitiba Pop Festival, 2003
Música, Shows e Espetáculos
Curitiba Pop Festival, 2003
16 de setembro de 2016 at 11:37 2
O local Confesso que fiquei preocupado quando soube que o Curitiba Pop Festival seria na Ópera de Arame. Para quem não conhece, o local é belíssimo e todo construído em estruturas metálicas e vidro. A acústica, por outro lado, é péssima. As cadeiras são todas parafusadas no chão e com os assentos em grade metálica - o que seria também muito ruim para um show de rock. Por sorte, nada disso foi empecilho para que o Festival transcorresse bem. O local mostrou-se excelente para o evento, já que as cadeiras todas foram retiradas e várias plataformas de madeira emborrachada foram colocadas no seu lugar, permitindo uma excelente movimentação de todos os presentes - ajudada aliás pela arquitetura do lugar como um todo, com várias escadas e passagens para os pavimentos superiores e inferiores. A acústica, apesar de deficiente, não impediu que se ouvisse bem os bons shows.   (mais…)
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João Gilberto em Curitiba (2/3/2002)
Música, Shows e Espetáculos
João Gilberto em Curitiba (2/3/2002)
23 de outubro de 2015 at 20:25 3
Bem, não foi como o show do Morrissey, né? Grande coisa, qual show seria? (mais…)
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