Foi com “Purpose”, disco de novembro de 2015, que Justin Bieber começou a querer ser tratado como um artista sério. Seu quarto álbum de estúdio é uma deliciosa mistura de faixas dançantes (“Get Used To It”, “Been You”), melancólicas (“Trust”, “Life Is Worth Living”, “Purpose”), delicadas (“What Do You Mean”, “Children”). O melhor são as mais viajantes, em que a rica produção musical parece querer levar o ouvinte para um lugar distante e bonito (“The Feeling”, “Where Are Ü Now”, com Jack Ü, “I’ll Show You”). Tudo isto com a belíssima interpretação de Justin Bieber, cantor de recursos vocais limitados, mas de timbre único.
A turnê de “Purpose” começou em 9 de março de 2016 em Seattle, nos Estados Unidos, e ontem (24 de julho de 2017) ele anunciou que cancelaria o restante das datas – ainda faltavam 14 shows nos Estados Unidos, Japão, Cingapura e Filipinas. Dizem as fontes ligadas ao cantor que ele simplesmente perdeu o interesse pela turnê. Eu sei que os fãs que queriam assistir aos shows cancelados ainda estão furiosos, mas dá para entender o lado de Justin Bieber: a “Purpose Tour” é tão espetacular em termos de produção que não é assim tão absurdo que alguém simplesmente se canse dela.
Em 1 de abril de 2017 (exatamente 17 anos depois de outro show que marcou minha vida, o de Morrissey em Curitiba), num Allianz Parque em São Paulo completamente lotado (dada a procura gigantesca, ainda teve um show extra no dia seguinte), lá estava eu para assistir Justin Bieber.
Uma plataforma, de uns cem metros de comprimento e uns dez de largura, avança a partir do palco e é lá que boa parte das coisas acontece (mas o palco também tem cenários impressionantes, com degraus e tal). O show tem tantos os efeitos que é até meio cansativo descrevê-los. Na plataforma acontece a maior parte do show, e grande parte dos efeitos: lá pelas tantas uma armação de vidro sobe em torno de Justin Bieber, e uma série de imagens em laranja circula em torno dele, como se ele estivesse dentro de um furacão em Saturno; uma coluna, onde só ele cabe, sobe uns quatro metros, e o cantor fica sozinho lá em cima (dá até agonia, para quem tem medo de altura); em vários momentos ele “some” e aparece em outro lugar.
Se não bastasse tudo isto, o rapaz dança maravilhosamente (é só ver o clipe de “Company” para saber do que estou falando), muito bem secundado por outros dançarinos. Para não dizer que não há momentos intimistas, em “Love Yourself” ele senta num sofá e canta sozinho – esta “simplicidade toda” seria consciência pesada por ele ter feito esta letra rancorosa contra Selena Gomez? Divago. O que importa é que o show de Justin Bieber foi inesquecível.
Um grande astro pop, no melhor de sua forma.
(crédito da foto: G1)
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