3040

Lançamento: 3040 – Um romance de ficção científica, fé e autodescoberta
Obra Literária
Lançamento: 3040 – Um romance de ficção científica, fé e autodescoberta
29 de junho de 2025 at 15:01 0

Prepare-se para ser transportado para um futuro distópico, onde uma sociedade vive em um gigantesco condomínio. Conheça Sílvia, uma "vagabunda" de 29 anos que, através de seu diário, nos guia por um universo de complexos relacionamentos e buscas por identidade.

Sobre o Romance

Em 3040, Sílvia tem a vida virada de cabeça para baixo quando seu ex-namorado, Paulo, reaparece com visões da Virgem Maria e uma proposta de casamento inusitada. Esse evento a empurra para uma jornada de autodescoberta, explorando fé, sexualidade e o desafio de se encaixar em um mundo que tenta controlá-la.

Enquanto Sílvia navega por dilemas religiosos e familiares, incluindo a relação turbulenta com o irmão enxadrista, ela decide mudar de vida. Mas essa nova trajetória é marcada por decisões arriscadas, crises de identidade e a busca de vingança de sua melhor amiga.

Acompanhe Sílvia em uma jornada que questiona tudo: religião, família, identidade e o que realmente significa ser livre.

Como obter seu exemplar

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Abaixo, confira a capa do livro impresso e mergulhe no universo de "3040"!


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Juliana Frank e 3040 – como a grande escritora ajudou no meu livro
Obra Literária
Juliana Frank e 3040 – como a grande escritora ajudou no meu livro
8 de junho de 2025 at 14:47 0
Juliana Frank é uma escritora excepcional. Em livros como "Quenga de Plástico" (7Letras, 2011), "Meu Coração de Pedra-Pomes" (Companhia das Letras, 2013), "Cabeça de Pimpinela" (7Letras, 2013) e "Uísque e Vergonha" (Oito e Meio, 2016), ela constrói uma literatura estranha, provocativa, original e fascinante. Suas personagens são peculiares e obcecadas por objetos como bolsas e bonecas Barbie. Leylsa Kedman, de "Quenga de Plástico", por exemplo, é obcecada por sexo, enriquece e empobrece algumas vezes, atua em diversos filmes pornô, é estuprada e se apaixona pelo estuprador, mata dois homens, e tem uma melhor amiga que é anã e viciada em cocaína. *** Juliana Frank, por vezes, compartilha lindas frases ou haicais em suas redes sociais, como:
"Pelas ruas falam uma língua Que já não Me lembro Mais"
Este, por exemplo, abre um vasto horizonte poético de significados: pode remeter à saída de uma vida de boemia, a um desajuste mais profundo, ou a muitas outras interpretações. *** Até "3040", todos os meus textos de ficção ou literatura eram contos, memórias ou novelas, e nenhum ultrapassava as sessenta páginas em formato A4. Decidi, em determinado momento, escrever um romance muito longo, mais como um desafio do que qualquer outra coisa. A partir de um sonho da minha filha, imaginei a humanidade em um futuro distante vivendo em pequenos cubículos, isolados, longe da natureza – e isso antes mesmo da pandemia. O livro se chamava "5040", um pouco em homenagem ao meu sogro, que brincava que tinha um dinheiro enorme guardado no banco que só seria liberado em 2040. Consegui que a Juliana Frank me ajudasse na empreitada. Ela sugeriu que o livro deveria estar mais próximo no tempo e que eu deveria abordar a transição dos dias de hoje para o futuro. Tudo o que ela me ensinou na elaboração do livro foi precioso. O prefácio de "3040", livro dedicado à Juliana Frank, segue abaixo. ***
Conversamos. Você me perguntou se eu deveria reler "O Jogo da Amarelinha", já que não me lembrava de nada e nem tinha entendido direito na primeira leitura. Confesso que, mesmo agora, no início da releitura, ainda não estou entendendo tudo – preciso deixar isso bem claro. Minha resposta foi que esperei tanto pelo sexto volume de "Minha Luta" que me pareceu meio triste ter que adiar a leitura, agora que preciso reler "O Jogo da Amarelinha". Conversamos sobre Deus, sobre minhas ideias sobre Ele. Também falamos sobre política e economia, eu à direita, você à esquerda, mas nenhum de nós tão longe do centro assim. Houve um tempo em que eu me espantava com a quantidade de coisas: coisas vividas, coisas faladas, coisas escritas. É angustiante pensar que há muito mais livros escritos do que uma pessoa consegue ler na vida. Eu andava em livrarias e ficava triste porque jamais leria tudo aquilo, nem que quisesse, nem que fosse a única coisa que fizesse até o final da vida. Wilson Martins lia muito, e lia deitado: se dormisse, era sinal de que o livro era ruim. Ele disse uma vez que o Novo Testamento é o Paulo Coelho do passado e, digamos, essa é uma opinião pouco popular – apesar de, em termos estilísticos, ter sim alguma coisa a ver. Lembro do choque quando li "Sidarta", de Hermann Hesse, e me pareceu igual a Paulo Coelho – que, com razão, se queixa de não ter ganhado o Nobel, ao contrário do alemão que, aparentemente, o inspirou. Já imaginaram a quantidade de cantinhos que existem no mar? Mais cantinhos do que podemos sequer conceber. Uma pedrinha aqui, outra ali, um peixe aqui e outro ali. E Deus sabe todos os cantinhos. E leu todos os livros. E ouviu todas as conversas. Não é à toa, digo a você, que haja tantas pessoas que não acreditam Nele. Conto a você que estou gostando de reler "O Jogo da Amarelinha", percebendo nele coisas que eu não tinha notado antes – e não só porque eu tinha lido o livro muito novinho. Há todo um mistério ali, pronto para ser desvendado, que eu nem fazia ideia de que existia. Falo a você que alguns autores deixam transparecer facilmente seu amor-próprio em seus livros – refiro-me a Nabokov, Balzac e Henry James, que sempre parecem satisfeitos com a própria genialidade, e que convencem seus leitores (eu incluído) de que eles são especiais. Eu não sou desses. Sem você, eu teria parado de escrever.
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3040 – a capa
Obra Literária
3040 – a capa
1 de junho de 2025 at 14:43 0
Minha filha teve um sonho, anos atrás, em que ela saía de um túnel no ano 5000 e via uns prédios gigantes. Pelo que eu lembrava, ela emergia de um submarino no oceano, mas parece que não foi bem assim; era apenas um túnel subterrâneo mesmo. Mas não importa, mantive a ideia: no meu livro "3040", que devo publicar nos próximos meses, esses prédios gigantes ficam na beira da Serra do Mar, aqui no Brasil – e toda a humanidade foi morar neles. A ideia para a capa de "3040" (que era "5040", mas mudou graças à Juliana Frank), que eu pedi para meu grande amigo Guilherme Bresola da Rocha (o Ceris) fazer, era, então, o que eu achava que tinha sido o sonho da minha filha Teresa Müller: um submarino no futuro, vendo uns prédios enormes na beira do mar. Achei a capa, que é a imagem que acompanha este texto, linda, como é de praxe no trabalho do Ceris. *** Segue um resumo do livro: "3040" é a história de Sílvia Chomsky, uma jovem que vive no Condomínio, uma sociedade futurista no litoral da América do Sul onde a humanidade se refugiou devido a pandemias e à devastação da Natureza. Sílvia, inicialmente uma "vagabunda" (termo para quem não trabalha), tem sua vida transformada por eventos inesperados. Seu relacionamento com Paulo, um ateu que tem visões da Virgem Maria e se converte ao judaísmo por ela, a leva a questionar sua própria fé e a descobrir um novo caminho na vida, buscando a Universidade para estudar arqueologia e, surpreendentemente, uma possível conversão ao islamismo. A narrativa explora as complexas relações de Sílvia com sua família e amigos, especialmente Mariana, sua melhor amiga, cujas escolhas de vida e fé se entrelaçam com as dela. A história também aborda temas como a sexualidade na sociedade futurista, onde as normas são muito mais flexíveis, e a tensão entre a vida controlada no Condomínio e o desejo por uma conexão mais profunda com a Natureza e a espiritualidade. Em meio a reviravoltas religiosas, dramas familiares e descobertas pessoais, Sílvia se casa com Paulo, inicia uma nova jornada acadêmica e continua a refletir sobre o propósito de sua vida e a influência da fé em um mundo em constante mudança. *** Se você estiver interessado em receber meus textos semanalmente, clique aqui e cadastre seu email.
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Resumo de “3040”
Obra Literária
Resumo de “3040”
25 de maio de 2025 at 14:52 0
Pedi para a ferramenta Gemini, do Google, para resumir meu romance a ser publicado ainda este ano, “3040”. Segue o resumo. *** O texto narra a vida de Sílvia Chomsky, uma jovem que vive em um Condomínio futurista, um complexo de edifícios gigantescos na costa atlântica da antiga América do Sul, no ano de 3040. A humanidade se realocou para o Condomínio séculos atrás devido a uma série de pandemias e uma decisão conhecida como o Grande Salto para o Litoral (GSL). Nesse futuro, o trabalho é opcional, com máquinas realizando a maior parte das tarefas. Sílvia inicia um diário, o qual ela pretende enterrar para um futuro leitor chamado Isaquinho, como uma forma de registrar a vida em sua época.

Personagens e Relações Chave A vida de Sílvia é moldada por suas relações e uma profunda exploração de si mesma e do mundo ao seu redor:
  • Mariana: Sua melhor amiga, uma mulher promíscua e de beleza estonteante, que trabalha com otimização de alimentos. Mariana é uma católica fervorosa, tentando conciliar sua fé com sua vida sexual. Com o tempo, sua vida passa por uma transformação drástica devido ao relacionamento com José B.
  • Paulo: O primeiro namorado de Sílvia, que retorna à sua vida após anos de separação. Paulo é um engenheiro de hidrelétricas e ateu, mas tem visões recorrentes da Virgem Maria que ditam suas decisões. O relacionamento deles é central na narrativa.
  • Benjamin: Irmão de Sílvia, um enxadrista profissional de nível mundial, que é o grande ídolo de Sílvia e objeto de seu ciúme. Ele enfrenta seus próprios desafios no amor e na fé.
  • Sara: Namorada de Benjamin, uma surfista profissional que, ironicamente, é quem introduz Sílvia à prática de sair para a Natureza (o mundo exterior ao Condomínio).

A Jornada de Sílvia A narrativa acompanha a evolução pessoal de Sílvia em diversas frentes:
  • Amor e Sexualidade: O retorno de Paulo reacende seu desejo, mas a exigência dele de abstinência sexual até o casamento, baseada nas visões da Virgem Maria, a leva a buscar satisfação sexual com outros parceiros, inclusive pagando por sexo. Ela se questiona sobre sua própria sexualidade, chegando a ter experiências com mulheres. A abstinência com Paulo intensifica a idealização dele, que se transforma em uma intimidade mais "real" e crua após consumarem o relacionamento.
  • Carreira e Educação: Sílvia decide abandonar a vida de "vagabunda" e ingressar na Universidade de Varsóvia para estudar arqueologia, focando no Império Wari. Ela se destaca academicamente, revelando-se uma aluna excepcional. Este novo caminho lhe confere um status diferente e acesso a luxos antes restritos aos trabalhadores.
  • Religião e Crise de Fé: A morte de seu pai, Seu Isac, a mergulha em uma profunda crise existencial e religiosa. Ela se sente culpada e inadequada como judia, especialmente após um confronto com Benjamin. Ela se aprofunda no estudo do Alcorão e se sente atraída pelo Islã, chegando a usar o hijab e considerar a conversão. Essa busca a leva a se confessar com padres católicos, que a ajudam a processar suas emoções e sua complexa relação com Deus.
  • O Julgamento e o Casamento: Suas tatuagens (inspiradas em desenhos de henna muçulmanos) e seu interesse pelo Islã levam o Rabino Enrique a iniciar um processo de excomunhão contra ela. Para se casar com Paulo na sinagoga, ela concorda em remover as tatuagens e adiar o casamento. Apesar das dificuldades, o casamento judaico acontece. Durante a cerimônia, Sílvia se sente, pela primeira vez, verdadeiramente conectada ao judaísmo.

O Mundo de 3040 e suas Revelações O texto detalha aspectos intrigantes da sociedade do Condomínio:
  • Tecnologia e Mobilidade: A vida ocorre em cubículos, com transporte por Naves X (dentro do edifício) e Naves Y (entre edifícios). As universidades e complexos olímpicos são edifícios à parte. O InterSistemas é a principal forma de comunicação e interação social.
  • A "Natureza" e Cidades Escondidas: A Natureza é vista como um lugar perigoso e inabitado, salvo por "selvagens" e "gutter punks". No entanto, Paulo, através de drones, descobre uma cidade aparentemente normal, Anchorage, no Alasca, vivendo como nos tempos pré-GSL. Isso levanta questões sobre experimentos secretos do Governo Central.
  • Privacidade e Vigilância: Embora os cubículos ofereçam privacidade, os cidadãos são filmados constantemente, com gravações usadas em "casos extremos". A confissão católica é um dos poucos momentos sem gravação.

Transformações nas Relações e Crises Pessoais As relações de Sílvia se transformam com as experiências:
  • Mariana e José B.: Mariana se apaixona por José B., um cantor católico conservador. Ela larga sua vida promíscua e seu emprego para se tornar sua assistente. No entanto, José B. a trata de forma desrespeitosa, e Sílvia percebe que a antiga Mariana, livre e bondosa, se tornou manipuladora e carente de atenção. Mariana, por sua vez, usa o casamento de Sílvia como um "sinal" para decidir se volta com José B., revelando suas complexas motivações.
  • Benjamin e Sara: Benjamin, após sua vitória no xadrez, passa por uma crise ao ser deixado por Sara, que busca um relacionamento aberto e se apaixona por outro surfista. No auge de sua tristeza, ele agride verbalmente Sílvia, mas eles se reconciliam, e Benjamin expressa arrependimento e uma nova compreensão de sua fé.
  • A Família e o Judaísmo: A família de Sílvia e Paulo se adapta às suas escolhas. O pai de Sílvia, Seu Isac, falece, o que a abala profundamente. Paulo, em seu processo de conversão, surpreende a todos ao se apegar genuinamente ao judaísmo, encontrando acolhimento na comunidade. O casamento de Sílvia e Paulo na sinagoga com o Rabino Enrique é um ponto alto, com o rabino, que antes a antagonizava, expressando orgulho por seu sacrifício.

O Casamento e Conclusões O casamento de Sílvia e Paulo é um evento marcante, cheio de simbolismo e tensões resolvidas e não resolvidas. Sílvia, que havia secretamente incorporado símbolos muçulmanos em seu corpo e em sua prática, se vê forçada a removê-los pelo rabino. No dia do casamento, ela experimenta uma profunda conexão com o judaísmo e o amor por Paulo, ao mesmo tempo em que a complexidade de suas escolhas e a inconstância de algumas relações se tornam evidentes. A narrativa termina com Sílvia e Paulo em sua lua de mel, refletindo sobre suas jornadas. Sílvia, agora uma mulher madura e estudiosa, aceita as surpresas da vida e a interconexão de suas experiências, concluindo que o amor e a fé, em suas diversas formas, são guias em um mundo em constante mudança. *** Se você estiver interessado em receber este e outro textos meus semanalmente, clique aqui e cadastre seu e-mail.
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Uma partida de xadrez
Obra Literária
Uma partida de xadrez
27 de abril de 2025 at 18:36 0
Os dois chegam meio esbaforidos para a mesa, e se cumprimentam rapidamente – é quase um tapinha nas mãos que eles se dão. Eles se sentam e começam imediatamente a ajeitar as peças no tabuleiro, que já estavam previamente colocadas nas suas posições. Até hoje não entendo direito porque os enxadristas arrumam – meio que giram mesmo – todas as suas peças antes das partidas: eles mexem nelas, mas parece que não muda nada na sua disposição. Será que é alguma mania, ou TOC? Sei lá, só sei que sempre vejo isso, e é estranho. Uma voz fala pelos alto-falantes: “disparem seus cronômetros”, e os jogadores de pretas – Benjamin, no caso do jogo que estou assistindo com mais atenção – clicam no relógio, que é do mesmo tipo há séculos. Ele é composto por dois cronômetros digitais, sem ponteiros; acima deles, uma espécie de barrinha aproximadamente em forma de “V” é acionada por cada jogador no final de sua jogada, quando seu cronômetro para e dispara o do adversário. O jogo é no ritmo pensado – quatro horas, mais cinco minutos por lance, mais duas horas depois do lance 40, com adicionais de dois minutos por lance. É notável como Raj Singh parece pouco se mexer durante todo o jogo: ele fica inclinado sobre o tabuleiro – só o que se mexe, mas apenas a cada tantos minutos, são seus braços e mãos: ou sobre o colo, ou com os cotovelos na mesa e as mãos apoiando o rosto, ou com os cotovelos na mesa e as mãos sobre os pulsos ou atrás dos cotovelos. Às vezes ele se cansa de ficar inclinado para a frente e se apoia para um pouco na cadeira, para trás. Benjamin se mexe muito mais que seu amigo: além de fazer todos os movimentos que o Raj faz, ele fica olhando para cima um bom tempo (imaginando alguma variante, com certeza), coça o rosto com as mãos – principalmente embaixo do queixo -, fica muito mais tempo inclinado para trás e toma mais água que seu adversário. Os dois andam um pouco para ver os tabuleiros. Raj Singh é famoso por ser um dos que mais se levantam e olham as partidas alheias, mas quando joga contra o Benjamin ele se distrai bem menos. Quanto aos lances, a velocidade das jogadas varia bastante, e vai da grande demora (o lance mais lento foi provavelmente o 27.... g5, que meu irmão demorou quase meia hora para fazer) até uma troca rápida de lances - em posições mais estudadas ou mais simples. Tanto meu irmão quanto o Raj são destros, e usam a mesma mão para jogar e acionar o cronômetro (em jogos de blitz, é comum o enxadrista mexer a peça com uma mão e tocar no relógio com outra, para ganhar tempo). Na entrevista coletiva antes da partida, o Raj Singh, sabendo da superioridade do meu irmão, disse - meio brincando, meio a sério - que “só tentaria se defender com as brancas e ver o que iria acontecer”; já meu irmão fez aquele sorriso vencedor dele e respondeu, meio brincando e meio a sério também: “o Raj é gentil demais para conseguir me vencer”. Brincadeiras à parte, eles jogam a variante Nyezhmetdinov-Rossolimo com fianchetto da Siciliana (a abertura termina com o lance 4... Bg7, que é o fianqueto). Foi um jogo posicional, em que Raj Singh tentou manter uma posição o mais segura possível, sem basicamente arriscar nada - mas a sua tática não deu certo, e ele acabou desistindo no lance 55. Quando o jogo acaba, os dois se cumprimentam tão rapidamente quanto no início da partida, e começam a conversar sussurrando, para não atrapalhar quem ainda estava jogando. Raj aponta o dedo para a coluna e, depois de uma rápida troca de ideias, coloca o dedo na casa b2, perguntando, possivelmente, se tinha feito alguma besteira em algum momento do final. O olhar do indiano para meu irmão é uma mistura de preocupação pela derrota com uma enorme admiração por ele; Benjamin, por outro lado, parece estar um pouco constrangido por ter ganhado mais uma do seu amigo. Quando a conversa, que durou pouco mais que um minuto acaba, os dois se levantam rapidamente e saem do palco. Havia mais enxadristas sendo atração no palco. (Imagem obtida com o programa de inteligência artificial Gemini, do Google. Quem tiver interesse em receber meus textos semanalmente, clique aqui e cadastre seu e-mail.)
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O mar visto da janela – trecho do meu novo romance “3040”, a ser publicado ainda neste ano
Obra Literária
O mar visto da janela – trecho do meu novo romance “3040”, a ser publicado ainda neste ano
30 de março de 2025 at 16:50 0
Hoje à tarde a Sara tem uma competição de surfe na piscina de ondas n.1 do nosso Edifício, vou aproveitar para falar com ela sobre o estado de nervos do Benjamin, num piquenique num Andar Livre depois da competição. A piscina de ondas se situa no mesmo primeiro piso do Edifício, que também é o piso da Rodoviária, e é alucinadamente linda. Ela tem a altura de um andar de Cubículos mais um Andar Intermediário e um Andar Livre – uns dez metros, então. O que é maravilhoso na piscina é que ela é de frente para o mar: as janelas são enormes, vão praticamente do chão ao teto do andar, e a gente vê o mar na Natureza logo ali na frente. Eu gosto muito de ficar olhando para a praia pela janela, de ver as ondas indo e vindo, e gosto muito quando chove lá fora. Uma vez fui assistir a uma competição da Sara e havia uma tempestade gigantesca na frente da janela, com ressaca e tudo. O céu ficou escuro, cheio de raios, um espetáculo maravilhoso. Aliás, é muito por causa do mar que meu filme preferido se chama “Limite”, realizado em 1931, quando o cinema ainda não tinha som: nesse clássico do cinema mudo, o mar, a antiga cidade de Angra dos Reis e a Serra do Mar no antigo estado brasileiro do Rio de Janeiro (onde tem um pedaço do Condomínio hoje em dia) são filmados de maneira tão poética que parecem ser personagens da história sendo contada. Enfim, segundo a Sara, ter uma praia na Natureza bem diante da praia artificial não chega a ser uma compensação por não se surfar num mar “de verdade”, mas é tudo muito lindo. A namorada do Benjamin me conta que as piscinas de ondas começaram a ser levadas a sério em competições de surfe na segunda década do segundo milênio. No início as ondas eram sempre as mesmas para equilibrar a competição entre os participantes, mas com o tempo acabou se concluindo que isso ficava meio chato para quem assistia. Com o tempo, as ondas artificiais passaram a ser mais e mais aleatórias, para que o inesperado, sempre presente nas ondas naturais, pudesse participar das competições de surfe. É claro que existe um limite, pelo que diz a Sara: no mar da Natureza às vezes não existem ondas, o que não faz sentido acontecer numa competição de surfe oficial em piscina, né. A Sara, como já comentei, vai todos os anos para a Natureza surfar. Normalmente cada viagem é para um pico (lugar, no jargão do surfe) diferente. Ela prefere praias com ondas menores, onde ela pode dar aéreos, que é a melhor manobra dela. Em tubos, como nos antigos Havaí e Taiti, ela não se dá tão bem. *** Clicando aqui você pode cadastrar o seu e-mail para receber meus textos semanalmente.
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Trecho do meu romance “3040”, a ser publicado ainda neste ano
Obra Literária
Trecho do meu romance “3040”, a ser publicado ainda neste ano
16 de março de 2025 at 14:33 0
Aliás, uma coisa que eu não entendia, quando era criança, era por que razão cada pessoa tinha uma nacionalidade diferente. Eu mesma sou andorrana - e a Mariana, americana. Mas essas nacionalidades nunca fizeram diferença para ninguém, e um dia, ainda criança, perguntei para o meu pai por que cada pessoa pertencia a uma “nação” diferente. Ele me respondeu – lembro como se fosse hoje – que as nações eram lugares que realmente existiam no mundo, lá onde hoje é a Natureza. Quando a Humanidade resolveu vir para o litoral, muitos se queixaram da perda da nacionalidade, de suas raízes. Em seus estudos, os organizadores do GSL acabaram concluindo que a grande maioria das pessoas só se ligava no país em que nasceu em momentos de guerra ou em competições esportivas. Se por um lado as guerras eram praticamente inexistentes já há alguns séculos, por outro a grande maioria das pessoas ainda dava grande atenção para grandes eventos esportivos, como a Copa de Mundo de Futebol e as Olimpíadas. Foi quando alguém no Governo Central teve a brilhante ideia de manter as pessoas com nacionalidades, mas para competições esportivas (e para as universidades também, mas isso eu comento depois). Funciona assim até hoje: cada casal de pais decide a nacionalidade dos filhos entre as suas próprias. Por exemplo, os pais de um brasileiro com uma andorrana devem decidir qual das duas nacionalidades deve ser a do filho, que não pode mais mudar de “nação” (eu mesma sou andorrana, filha de um brasileiro com uma andorrana). Pesquisando um pouco sobre essa situação, achei estranho o fato de antes do GSL haver a possibilidade de mudar de nacionalidade – mas nem tão estranho assim, se você pensar que antigamente a nação tinha a ver com um pedaço de terra, o que não faz mais sentido hoje em dia. Deste modo, os campeonatos mundiais de diversas modalidades continuaram acontecendo como se a humanidade não tivesse se mudado para a costa atlântica da antiga América do Sul. Para dar um status de “grande acontecimento” para a coisa toda, foi construído um Edifício chamado Vila Olímpica na antiga cidade de Montevidéu, onde todas as competições esportivas mundiais – Copas do Mundo de Futebol e Rúgbi e Olimpíadas, inclusive - aconteceriam dali em diante. Aliás, o Torneio de Candidatos também acontece por lá. Meu irmão – brasileiro, ao contrário de mim – há de brilhar como nunca na história do xadrez. (Se você estiver interessado em receber meus textos semanalmente, clique aqui e cadastre seu e-mail.)
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