Georg Trakl

Georg Trakl, poeta austríaco
Literatura
Georg Trakl, poeta austríaco
23 de junho de 2015 at 05:57 0
Existem escritores que marcam uma época de nossa vida e depois são meio que esquecidos. Outros marcam de maneira um pouco mais profunda: por mais que os deixemos de lado por uma época, acabamos retornando a eles mais cedo ou mais tarde. Já com o poeta austríaco Georg Trakl, comigo, a coisa vai um pouco mais longe: sou meio obcecado pela sua poesia desde que li um verbete sobre ele na antiga Enciclopédia Abril, aí pelo início dos anos 80. Mais de trinta anos depois, continuo lendo e relendo seus poemas, procurando tudo o que consigo encontrar de e sobre Trakl em sebos, na internet, onde for possível. Criei até uma página na internet (http://georgtrakl.diaryland.com - que abandonei há alguns anos e que infelizmente está com sérios problemas de formatação) só para guardar as coisas que encontro sobre o poeta por aí. Minha última aventura com Trakl é ler uma edição de suas poesias completas em espanhol, duas páginas por dia e com dicionário - ainda estou no começo da "aventura". (mais…)
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Rápidos comentários sobre livros lidos – 3
Literatura
Rápidos comentários sobre livros lidos – 3
30 de maio de 2015 at 14:57 0
É pena que eu não tenha mais o exemplar da Enciclopédia Abril cujo verbete sobre Georg Trakl me fez ficar apaixonado por este poeta austríaco, já há uns trinta anos. Ele falava de anjos azuis, ouro, podridão e morte. Era de uma beleza tão extrema que eu não sabia direito como lidar com o assunto - Heidegger dizia que adorava a poesia de Trakl, mas não a entendia. Lembro que na época procurei algum livro de Trakl nas livrarias e simplesmente não se achava nada - e isto não mudou tanto assim, se tratando de Trakl em português. De todo modo, algum tempo mais tarde achei numa livraria - na Mal. Deodoro, ainda lembro bem disso - um livro português que, não sei bem por que, não comprei na hora. Voltei na livraria mais tarde e o livro já tinha ido embora. Agora, graças à Estante Virtual, comprei "Poemas - Antologia, versão portuguesa e introdução de Paulo Quintela", um livro português publicado em 1980 pela "O oiro do dia/Porto". (mais…)
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Uma fonte canta. As nuvens estão, / Suaves e brancas, na claridade do azul. / Pensativos, silenciosos, homens e mulheres / Atravessam, através da noite, o velho parque. // O mármore dos avôs ficou grisalho. / Um voo de migradores foge para os lugares longínquos. /  Um fauno observa, através de seus olhos mortos / As sombras deslizando pelas trevas. // As folhas tombam, vermelhas da velha árvore, / Entram rodopiando pela janela aberta. / O reflexo de uma chama estoura na peça, / Pintada de pesadelos perturbadores. // Um estrangeiro branco entra na residência. / Um cachorro salta pelos corredores antigos. / A serva assopra uma lâmpada, / O ouvido escuta a noite dos acordes de sonata.

(Música para Mirabell, de Georg Trakl – traduzido da versão francesa de Jacques Legrand)

Música para Mirabell, de Georg Trakl
A bela cidade e Rondó, de Georg Trakl
Traduções
A bela cidade e Rondó, de Georg Trakl
24 de abril de 2015 at 02:39 0
A bela cidade  Velhos lugares no sol e no silêncio. Profundamente entrelaçados de ouro e de azul, Sonhadoras se apressam doces freiras Sob as faias pesadas de silêncio. (mais…)
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Rápidos comentários sobre livros lidos – 1
Literatura
Rápidos comentários sobre livros lidos – 1
23 de abril de 2015 at 13:31 0

Não há dúvida de que Os detetives selvagens, de Roberto Bolaño (Companhia das Letras), seja um romance bem executado, como quer Sérgio Rodrigues aqui. A primeira e a terceira partes deste extenso romance (624 páginas) são os diários do personagem García Madero, que tratam, entre outros temas, de dois poetas, Ulises Lima e Arturo Belano, e sobre a procura deles pela poetisa Cesárea Tinajero. Na segunda – e maior – parte um enorme número de pessoas conta suas histórias e dá depoimentos sobre os mesmos Ulises Lima e Arturo Belano. (mais…)

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Entre as mulheres tu avanças,

Teu sorriso frequentemente se angustia:

Eles vieram, os dias de medo.

Branca sobre a sebe a papoula morre.

 

Como teu corpo com um inchar tão bonito

A vinha de ouro amadurece sobre a colina.

Cintila ao longe o espelho da lagoa

E bate a foice nos campos.

 

Nas sarças correm os orvalhos

Vermelhas as folhas escoam até a terra.

Para saudar sua mulher querida

Um Mouro, moreno e rude se aproxima.

 

(Maternidade bendita, de Georg Trakl – traduzido da versão francesa de Jacques Legrand)

Maternidade bendita, de Georg Trakl

Janelas, canteiros vivos,
O canto do órgão entra.
Sombras dançam no muro,
De maneira estranha, a ronda louca.

 

As moitas queimando voam com clareza,
Um enxame de moscas vibra.
No campo as foices ceifam
E uma água antiga canta.

 

Quem com seu sopro me acaricia?
Sinais loucos de andorinhas.
No infinito baixinho escoa
A grande floresta dourada.

 

Chamas brilham nos canteiros.
A ronda louca se exalta
Sobre a parede amarela.
Alguém olha na porta.

 

Incenso e pera cheiram bem,
Vidro e arca se obscurecem.
Queimando lentamente, a face
Se inclina em direção às estrelas brancas.

 

(Em um quarto abandonado, de Georg Trakl – traduzido da versão francesa de Jacques Legrand)

Em um quarto abandonado, de Georg Trakl