“A noite da tempestade” e “Crepúsculo de inverno”, de Georg Trakl
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“A noite da tempestade” e “Crepúsculo de inverno”, de Georg Trakl

18 de junho de 2015 0

 

A noite da tempestade

 

Oh, as horas rubras da noite!

Flamejante, a videira louca na janela

Se balança trançada no azul

Onde se aninham os espectros de angústia.

 

Poeira dança nos esgotos fétidos.

O vento estala sobre os vidros.

Cavalos selvagens, as nuvens cegantes

São perseguidos com fúria pelos relâmpagos.

 

O espelho do lago estoura.

As gaivotas ganem nos caixilhos das janelas.

O cavaleiro de fogo, saltando da colina,

Se esboroa em chamas nos pinheiros.

 

No hospital gritam os doentes.

Azul, sopra a plumagem da noite.

Subitamente cai resplandescente,

A chuva nos telhados.

 

 

Crepúsculo de inverno

Para Max von Esterle

 

Negros céus de metal.

Cruzes em vermelhos furacões assopram

Gralhas bêbadas de fome

Sobre os parques pálidos e desgostosos.

 

Um raio gela nas nuvens;

E os blasfemos de Satã

As faz girar e em seguida

Pousar, em número de sete.

 

Na carniça enjoativa e insípida

Seus bicos ceifam em silêncio.

Ameaças das casas em mudas proximidades;

Iluminada, a sala do teatro.

 

Igrejas, pontes e hospitais

Se endireitam medonhos no claro-escuro.

Roupas brancas ensanguentadas incham

Os véus sobre o canal.

 

(poemas traduzidos da versão francesa de Jacques Legrand)

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