Se Bach e Nick Drake só foram reconhecidos como gênios depois de mortos, isso absolutamente não aconteceu com o vocalista e líder do Nirvana, Kurt Cobain. Quando do lançamento de “Nevermind”, em 1991, a crítica e o público logo reconheceram que o que estava acontecendo ali não era algo “normal”, por nenhum padrão: uma banda alternativa chegando no primeiro lugar das paradas, e ainda com canções reconhecidas como geniais por quase toda imprensa especializada, não era algo que acontecesse todo o dia.
Quanto a mim, eu era meio que o personagem de “In Bloom”, faixa de “Nervermind”: “ele é aquele que gosta de todas as canções bonitas / e gosta de cantar junto / (...) / mas não sabe o que significa”. Passei o verão de 92 ouvindo “Nevermind” ininterruptamente – entrei de cabeça na onda mundial.
Só ano passado que resolvi ouvir a sério as músicas do Nirvana – tentando entender o que elas significam, inclusive – e fiquei impressionado como a banda era muito melhor do que eu pensava. Um som forte, com letras complexas e profundas – um clássico eterno.
Neste contexto a leitura da biografia de Kurt Cobain, “Mais pesado que o céu”, de Charles R. Cross (Globo, 450 páginas, tradução de Cid Knipel), lançado originalmente em 2001, é um excelente complemento para a obra dele.
Nascido em Aberdeen, estado de Washington, em 20 de fevereiro de 1967, Kurt Cobain era de uma família de classe média baixa, e aparentemente viveu feliz até a separação de seus pais, quando ele tinha nove anos. Depois disso, ele passou por vários momentos difíceis, tendo sido jogado daqui para lá por vários parentes, e morado por muitos períodos em seu carro. Sua vida teve uma rica sucessão de acontecimentos e esquisitices – morou com uma namorada em um apartamento onde criava gatos, coelhos e outros animais, por exemplo.
O sucesso acabou chegando mesmo, e de forma avassaladora, com “Nevermind”, seu segundo álbum, depois de “Bleach”, de 1989. Kurt Cobain parecia tanto gostar de vender milhões de cópias como não gostar, sinal de sua personalidade extremamente complexa, que fez com que, por exemplo, tenha se viciado em heroína aparentemente por uma decisão racional. Mesmo seu suicídio, em 1994, parece ter sido uma decisão totalmente pensada.
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