“Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento”, de Alice Munro
Literatura

“Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento”, de Alice Munro

12 de novembro de 2017 0

Não é exatamente uma novidade para quem me conhece que eu gosto de ler. Muito. Prefiro ler do que assistir a séries no Netflix, por exemplo (nada contra séries, muito pelo contrário). Gosto de viagens longas de avião, longas esperas no aeroporto ou em filas de bancos quando posso ler – e eu muito, mas muito raramente mesmo, não carrego um livro comigo. Nem precisa ser um “bom livro” – um razoável já está bom. É difícil eu ler um livro muito ruim, aliás – e, mesmo quando isto acontece, sofro quando desisto de sua leitura no meio do caminho.

Toda essa enrolação para dizer que “Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento” (Coleção Folha Grandes Nomes da Literatura, 342 páginas), da canadense Alice Munro, Prêmio Nobel de 2013, me trouxe um prazer que eu mesmo não estou acostumado a sentir em minhas leituras. Acho que o último livro que me trouxe algo semelhante foi “2666”, de Roberto Bolaño, que devo ter lido aí por 2010, e que eu me enrolava para ler com pena de terminá-lo.

O Prêmio Nobel para Alice Munro foi o primeiro dado a alguém que escreve somente contos (ela nunca escreveu romances). Por outro lado, suas histórias raramente são assim tão curtas: em “Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento” cada conto ocupa cerca de quarenta a cinquenta páginas. Neste livro, as personagens principais são sempre mulheres: pode ser uma que traiu o marido uma vez só e nunca mais se esqueceu, inebriada, do que fez; pode ser outra que passa a evitar uma tia que considerava a mulher mais inteligente e madura da família; pode ser uma senhora idosa que vai, junto com o marido, levar sua jovem empregada pegar um par de sapatos com a irmã dela; pode ser a esposa que tenta preparar um velório não religioso para o esposo, ateu irredutível; pode ser aquela que, quando descobre que sua doença não é terminal, resolve trair seu marido com um adolescente.

Cada nova página de “Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento” abre a possibilidade de uma surpresa, de um novo caminho, de uma decisão inesperada. E de maneira sempre sutil, deixando os fãs de Alice Munro, entre os quais já me incluo, completamente embasbacados com a qualidade literária de suas histórias.

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