Fernanda Young (1970-2019) foi uma escritora e roteirista conhecida, entre outros trabalhos, pelos roteiros dos excelentes seriados “Os Aspones” (2004) e “Os Normais” (2001-2003), escritos em conjunto com seu marido Alexandre Machado. Escreveu diversos romances, e minha crítica sobre “Aritmética”, de 2004, está
aqui.
“Pós-F”, publicado em 2018, foi a primeira obra de não-ficção de Fernanda Young - e o “F” do título se refere ao feminismo. A atriz Maria Ribeiro gostou tanto do livro que resolveu encená-lo: pediu ajuda para a escritora, que lhe disse que seria bom, porque ela (Maria Ribeiro) “também é maluca”.
É isso que a própria atriz comenta na apresentação de “Pós-F” agora há pouco, numa excelente apresentação realizada no Guairinha, aqui em Curitiba.
O texto de Fernanda Young fala de sua vida, sexualidade, morte, amor e, claro, feminismo, de maneira direta e clara. A peça é de curta duração, e não perde o interesse em nenhum instante – o silêncio absoluto da plateia durante a apresentação mostrou como todos pareciam extremamente atentos.
O maior destaque é interpretação de Maria Ribeiro: a sua atuação no monólogo é impressionante, e o tom utilizado é tranquilo e discreto - num texto que poderia, com outra atriz, descambar para um discurso agressivo e gritado.
Nada disso. Maria Ribeiro achou o tom certo e nós, da plateia, só tivemos a agradecer por isso.
[a foto que acompanha o texto foi obtida no Instagram da peça]
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