Brasil Colônia

“Náufragos, traficantes e degredados”, de Eduardo Bueno
História
“Náufragos, traficantes e degredados”, de Eduardo Bueno
1 de setembro de 2024 at 14:51 0
Acompanho já há alguns anos o canal do YouTube Buenas Ideias, do jornalista Eduardo Bueno, e agora estou tentando tirar o atraso do podcast Nós na História, em que ele conversa - na maior parte do tempo sobre História mesmo - com seus amigos Luciano Potter e Arthur Gubert. Quem conhece o Peninha - apelido de Eduardo Bueno - sabe bem o que esperar do seu canal e do podcast: uma verve impressionante, um senso de humor depreciativo - contra si e contra todos -, e um conhecimento de História do Brasil impressionante. Dada sua franqueza frequentemente ferina, acho até natural que não gostem dele, mas dado seu sucesso é possível que ele seja mais amado do que odiado - estou entre os primeiros, aliás. "Náufragos, traficantes e degredados" (Estação Brasil, 176 páginas) é um edição revista e ampliada em 2016 da obra - já clássica - lançado em 1998. O estilo do livro - ao contrário daquele do podcaster e youtuber Eduardo Bueno - é sóbrio e conciso. Mas a história que ele conta é fascinante e inesperada: às vezes me pareceu estar lendo histórias que aconteceram numa realidade paralela. O livro conta, entre outros temas, a história das primeiras expedições de europeus no Brasil - algumas delas ocorridas antes do descobrimento oficial em 22 de abril de 1500 -, da luta pelo pau-brasil entre portugueses e franceses, da frustração dos exploradores em não encontrar ouro e pedras preciosas por aqui (quando havia fortes indicativos, mais tarde confirmados, de que havia quantidades enormes destes materiais no Novo Mundo), e das primeiras feitorias instaladas por portugueses em nosso país. Mas o mais inesperado e fascinante da obra são, efetivamente, os "náufragos, traficantes e degredados". Peninha conta muitas histórias de europeus que eram simplesmente largados por aqui por castigo ou por outro motivo, ou que naufragaram e não tinham mais para onde ir, ou que resolviam viver no Brasil para traficar pau-brasil e, mais tarde, indígenas. O que mais chama a atenção é que quase todos eles passaram a viver como índios, com grande número de mulheres e liderando comunidades. Um tempo estranho no qual as diferenças entre povos eram bem menores do que se acredita hoje.
Leia mais +
“O nome e o sangue”, de Evaldo Cabral de Mello
História
“O nome e o sangue”, de Evaldo Cabral de Mello
28 de janeiro de 2018 at 22:20 0
“O novo século, que era o XVIII, começou bem para o sargento-mor Felipe Pais Barreto, senhor do engenho Garapu no Cabo: Sua Majestade, que Deus guardasse como todos os seus vassalos haviam mister, concedera-lhe a mercê de cavaleiro da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, com 12 mil réis anuais de pensão efetiva. Era a coroação de uma carreira que iniciara como soldado da tropa de primeira linha da capitania de Pernambuco e que prosseguira na milícia como capitão e sargento-mor das ordenanças da freguesia do Cabo, além dos cargos honrosos da gestão municipal de Olinda. Pelos estatutos da Ordem, cumpria-lhe agora passar pelas “provanças”, isto é, a investigação sobre sua ascendência, destinada a averiguar se preenchia os requisitos indispensáveis, entre outros a limpeza de sangue. ” (mais…)
Leia mais +
Caninos Brancos e O Negócio do Brasil
História, Literatura
Caninos Brancos e O Negócio do Brasil
16 de maio de 2015 at 07:16 0
O que normalmente se sabe sobre a reconquista do Brasil Holandês pelos portugueses é que esta se deu em 1645 pela rendição do Recife depois de uma guerra sangrenta. Por outro lado, as longas negociações que permitiram que Portugal oficializasse a posse do Nordeste é um assunto bem mais obscuro, descrito pelo grande historiador Evaldo Cabral de Mello (recentemente empossado na Academia Brasileira de Letras) em “O negócio do Brasil - Portugal, os Países Baixos e o Nordeste 1641-1669”. O livro conta mais ou menos o que segue. (mais…)
Leia mais +