Acompanho já há alguns anos o canal do YouTube
Buenas Ideias, do jornalista Eduardo Bueno, e agora estou tentando tirar o atraso do podcast
Nós na História, em que ele conversa - na maior parte do tempo sobre História mesmo - com seus amigos Luciano Potter e Arthur Gubert.
Quem conhece o Peninha - apelido de Eduardo Bueno - sabe bem o que esperar do seu canal e do podcast: uma verve impressionante, um senso de humor depreciativo - contra si e contra todos -, e um conhecimento de História do Brasil impressionante. Dada sua franqueza frequentemente ferina, acho até natural que não gostem dele, mas dado seu sucesso é possível que ele seja mais amado do que odiado - estou entre os primeiros, aliás.
"Náufragos, traficantes e degredados" (Estação Brasil, 176 páginas) é um edição revista e ampliada em 2016 da obra - já clássica - lançado em 1998. O estilo do livro - ao contrário daquele do podcaster e youtuber Eduardo Bueno - é sóbrio e conciso. Mas a história que ele conta é fascinante e inesperada: às vezes me pareceu estar lendo histórias que aconteceram numa realidade paralela.
O livro conta, entre outros temas, a história das primeiras expedições de europeus no Brasil - algumas delas ocorridas
antes do descobrimento oficial em 22 de abril de 1500 -, da luta pelo pau-brasil entre portugueses e franceses, da frustração dos exploradores em não encontrar ouro e pedras preciosas por aqui (quando havia fortes indicativos, mais tarde confirmados, de que havia quantidades enormes destes materiais no Novo Mundo), e das primeiras feitorias instaladas por portugueses em nosso país.
Mas o mais inesperado e fascinante da obra são, efetivamente, os "náufragos, traficantes e degredados". Peninha conta muitas histórias de europeus que eram simplesmente largados por aqui por castigo ou por outro motivo, ou que naufragaram e não tinham mais para onde ir, ou que resolviam viver no Brasil para traficar pau-brasil e, mais tarde, indígenas. O que mais chama a atenção é que quase todos eles passaram a viver como índios, com grande número de mulheres e liderando comunidades.
Um tempo estranho no qual as diferenças entre povos eram bem menores do que se acredita hoje.
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