Conforme a própria contracapa de “Memórias da Beata Elisabeth da Trindade” (LTr, 216 páginas), o autor do livro não é o Frei Patrício Sciadini, O.C.D. – que é o nome que consta na capa -, mas madre Germana, priora do convento carmelita onde a (então) beata servia. Aliás, mesmo esta madre é, no máximo, coautora da obra, composta por vários trechos escritos por Elisabeth da Trindade comentadas – aí sim – por madre Germana. Interessado pelo Carmelo Reformado há décadas já, conforme comento em meu livro “Rua Paraíba”, comprei as “Memórias da Beata Elisabeth da Trindade” provavelmente em 2006, ano do seu lançamento, mas deixei o livro de lado até recentemente.
Nascida em 1880 e falecida vinte e seis anos depois, em 1906, a francesa Elisabeth da Trindade (cujo nome de batismo era Elisabeth Catez) era uma carmelita descalça que serviu no convento de Dijon. Foi beatificada em 1984 e canonizada mais de trinta anos depois, em 2016.
Alguns meses atrás, como faço frequentemente, assisti no YouTube a um debate da série “La foi prise au mot” (algo como “a fé ao pé da letra”), da emissora católica francesa KTOTV: neste caso o programa, que me fascinou enormemente, era sobre Elisabeth da Trindade (seu endereço eletrônico pode ser obtido
aqui). Conduzido brilhantemente - como sempre, aliás - pelo apresentador Régis Burnet, ele contou também com dois religiosos, os padres Patrick-Marie Févotte e Didier-Marie Golay (este último, carmelita).
E qual a Santa Elisabeth da Trindade que emerge do debate da KTOTV? Uma excelente pianista, com frequentes ataques de ira e com uma fé gigantesca em Deus. Sim, ela morreu em meio a enormes sofrimentos – ela tinha a doença de Addison, então incurável, que praticamente a impedia de se alimentar no final de sua vida -, mas, segundo o padre Patrick-Marie Févotte, isso não era o mais importante na santa, e sim a sua fé inabalável.
Entusiasmado com o debate e com a história da santa, resolvi ler o já citado “Memórias da Beata Elisabeth da Trindade”, mas foi uma decepção: o livro dá muita importância para o sofrimento dela e tem aquela mania irritante de traduzir o “vous” francês pelo “vós” em português. Foi complicado terminar de ler o livro. Espero que o pequeno volume “Vers le double abîme”, com pensamentos e meditações de Elisabeth da Trindade e que comprei recentemente, seja mais parecido com o que vi no debate da KTOTV.
Como nota final, vou fazer um comentário sobre emissão já citada, lançada em 2016: lá pelas tantas o apresentador Régis Burnet pergunta a seus dois convidados se eles estavam felizes com a canonização de Elisabeth da Trindade, que aconteceria pouco tempo depois: “claro”, responde Patrick-Marie Févotte, “uma de suas amigas” seria canonizada. Espero ainda ler alguns dos livros deste padre sobre a santa!
(fonte da foto: Wikimedia Commons)
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