Velvet Underground

Os melhores discos de todos os tempos – Um texto com título pomposo e irreal para qualquer pessoa que não seja eu mesmo
Música
Os melhores discos de todos os tempos – Um texto com título pomposo e irreal para qualquer pessoa que não seja eu mesmo
18 de maio de 2025 at 14:04 0
Gosto muito de listas, e acabei fazendo mais uma. O título é pomposo e completamente irreal para qualquer pessoa que não seja eu mesmo: “Os dez melhores discos de todos os tempos”. Como escolher só dez entre todas as coisas que eu gosto seria uma tarefa difícil demais até para mim – que costumo não ligar muito para as coisas que ficam fora de listas – meio que me obriguei a estabelecer certas regras para diminuir a quantidade de candidatos. Não poderiam entrar coletâneas, fossem oficiais ou do Spotify – o que já diminui bastante o universo pesquisado, pois coisas que eu amo, como Nirvana, Ashley All Day, Mgła, The Brian Jonestown Massacre, Elliott Smith, Elvis Presley ou XXXTentacion, que quase que só conheço por coletâneas do Spotify, cairiam fora de cara. Não poderia ser música clássica, estilo que eu quase só escuto em álbuns, e que merece uma lista à parte. Teriam de ser discos que estou sempre revisitando e que me fazem pensar, antes de escutar: "hoje é dia de ouvir AQUELE álbum". Não são tantos álbuns assim, acabou sendo mais ou menos fácil fazer a lista. Ela segue, por ordem de lembrança. Os links são de textos que já escrevi sobre os artistas e/ou discos em questão.
  1. "Dopethrone", de Electric Wizard (2000): só quem já ouviu como cresce a segunda faixa do álbum, “Funeralopolis”, nos primeiros minutos, consegue ter ideia do que estou falando. Esta banda de stoner/doom britânica é uma espécie de Black Sabbath da fase Ozzy Osbourne mais pesada, mais lenta, e – desculpem – melhor.
  2. "Useless"Bones (2016): quando de seu lançamento, terminei meu texto sobre esta obra-prima do rapper americano com a seguinte frase bombástica: "O melhor disco de todos os tempos? Provavelmente." Fico me perguntando se exagerei naquele texto de 2016. Acho que não.
  3. "Low in High School", de Morrissey (2017): são tantas as obras-primas deste disco que fico até meio sem graça de falar a respeito: “My Love, I'd Do Anything for You”“Home Is a Question Mark”“Spent the Day in Bed”“In Your Lap”“When You Open Your Legs”.
  4. "Advaitic Songs", de Om (2012): quando a moça começa a cantar uma espécie de mantra na faixa inicial do disco desta banda americana de stoner rock, “Addis”, eu e a Valéria sabemos que a coisa vai ser séria.
  5. "100th Window", de Massive Attack (2003): eu me sinto viajando quando escuto esta obra-prima da banda de trip hop de Bristol, no Reino Unido. Não me conformo que a crítica da época – pelo menos a que eu tive acesso - achou que "100th Window" era muito pior que o anterior, "Mezzanine" (tá bom, este é uma obra-prima também).
  6. "Fold Your Hands Child, You Walk Like a Peasant", de Belle and Sebastian (2000): parece que vou para outra dimensão quando escuto o disco inteiro, especialmente “Waiting for the Moon to Rise”, em que Sarah Martin canta que parece um anjo. Também foi meio mal-recebido na época por aqui.
  7. "Welcome to the Sky Valley", de Kyuss (2000): até hoje não me conformo de nunca ter escrito uma linha sobre este grupo americano de stoner rock que estou sempre ouvindo, e que originou outras fantásticas bandas, como Queens of the Stone Age, Hermano e Fu Manchu. Quando estou meio chateado, é só colocar “Supa Scoopa and Mighty Scoop” e o incômodo desaparece na hora.
  8. "The Velvet Underground & Nico" (1967): eita: “Sunday Morning”“I'm Waiting For The Man”“Venus in Furs”“Run Run Run”“Heroin”“I'll Be Your Mirror”“European Son”: tem vanguarda, tem doçura, tem melodia, tem coisa estranha, e tem um talento infinito.
  9. "In Washington D.C. 1956 Volume Four", de Lester Young (1956): único disco de jazz da lista, sobre o qual já falei aqui. Já nos primeiros acordes sou transportado para meu quarto de solteiro, na casa dos meus pais – uma rara recaída de saudosismo. Mas o disco sobrevive – e bem – sem isso.
  10. "Starboy", de The Weeknd (2016): quando começa aquela batida louca criada pelo Daft Punk em "Starboy", eu, a Valeria e a Teresa sabemos que a coisa vai ser séria. E tem Reminder. Precisa mais? Nem precisaria, mas tem: “Party Monster”“Six Feet Under”“Nothing Without You”“Ordinary Life”“I Feel It Coming” (também com Daft Punk).
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Literatura, Religião
Os livros que eu levaria para o exílio
8 de setembro de 2019 at 17:58 1
foto do autor

Se a polícia política chegasse aqui e eu fosse obrigado a me exilar, levando apenas doze livros de casa, eu acho que eu levaria esses:

- “Heavier than heaven – Mais pesado que o céu: Uma biografia de Kurt Cobain”, de Charles R. Cross (Globo Livros, 456 páginas): a biografia do líder do Nirvana (estou no meio da leitura), me lembraria de uma impressionante história do rock, assim como

- “Atravessar o fogo - 310 letras de Lou Reed” (Companhia das Letras, 792 páginas): uma edição com as letras do líder do Velvet Underground (no original e traduzidas para o português), algumas das quais citei no meu livro “Rua Paraíba”, ainda não publicado. Antes que me perguntem, não existe um livro semelhante com as letras do Morrissey aqui no Brasil;

- “En una noche escura - poesía completa y selección de prosa”, de San Juan de la Cruz (Penguin Clásicos, 560 páginas), que ainda não li, mas que serviria para eu treinar meu espanhol - além do que a poesia do santo carmelita é maravilhosa;

- “Alcorão Sagrado”: conheço outras versões do livro sagrado dos muçulmanos, mas nenhuma tão linda como a tradução de Samir El Hayek, publicada na coleção “Livros que mudaram o mundo”, da Folha de São Paulo. Além disso, a edição, com 700 páginas, tem mais de 2500 notas;

- “Bíblia Sagrada”, da NVI (Nova Versão Internacional – Editora Vida, 1640 páginas), com letra grande e linguagem bem mais acessível do que a maioria das que se encontram por aí;

- “Légendes de Catherine M.” (Denoël, 240 páginas), em que o marido de Catherine Millet – crítica de arte e autora do escandaloso e autobiográfico “A vida sexual de Catherine M.” – posta fotos da esposa, nua, e as comenta;

- “Machado de Assis – Obra Completa – Volume 1 – Romances” (Companhia Nova Aguilar, 1216 páginas): o bacana do mais importante escritor brasileiro é que ele faz comentários geniais em cada página - o que acaba incentivando bastante a releitura. Reler é útil num exílio, o que fez me lembrar também de

- “La Chartreuse de Parme”, de Stendhal (Éditions du milieu du monde, 676 páginas), provavelmente o único romance que li quatro vezes;

- “O Conto da Aia”, de Margaret Atwood (Rocco, 368 páginas): preciso confessar que gostei mais da série “Handmaid’s Tale” do que do romance que lhe deu origem. Mas o mundo que a escritora canadense criou é assombroso e distópico – e são livros que eu teria que levar e não séries para TV, não é?

- “Oeuvres”, de Diderot (Bibliothèque de la Pléiade, 1448 páginas), edição que amo tanto que até já fiz um texto sobre ela no meu blog;

- “Poemas”, de Friederich Hölderlin (Companhia das Letras, 216 páginas): vou querer levar comigo o meu poema preferido, “Aos jovens poetas”:

“Irmãos! Talvez a nossa arte logo amadureça

Porque, como o jovem, de há muito fermenta para

Chegar logo à tranquila beleza;

Sede só piedosos, como o grego era!

Amai os deuses, pensai nos mortais com afeto!

Ebriez e frieza, lição e descrição: odiai-as

Todas e, se o mestre vos der medo,

Pedi conselho à grande Natureza.”

- “O verão de 54 (novelas)”, de Fabricio Muller (Appris, 222 páginas): ah, que se dane.

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