Gosto muito de listas, e acabei fazendo mais uma. O título é pomposo e completamente irreal para qualquer pessoa que não seja eu mesmo: “Os dez melhores discos de todos os tempos”. Como escolher só dez entre todas as coisas que eu gosto seria uma tarefa difícil demais até para mim – que costumo não ligar muito para as coisas que ficam fora de listas – meio que me obriguei a estabelecer certas regras para diminuir a quantidade de candidatos.
Não poderiam entrar coletâneas, fossem oficiais ou do Spotify – o que já diminui bastante o universo pesquisado, pois coisas que eu amo, como Nirvana, Ashley All Day, Mgła, The Brian Jonestown Massacre, Elliott Smith, Elvis Presley ou XXXTentacion, que quase que só conheço por coletâneas do Spotify, cairiam fora de cara. Não poderia ser música clássica, estilo que eu quase só escuto em álbuns, e que merece uma lista à parte. Teriam de ser discos que estou sempre revisitando e que me fazem pensar, antes de escutar: “hoje é dia de ouvir AQUELE álbum“. Não são tantos álbuns assim, acabou sendo mais ou menos fácil fazer a lista.
Ela segue, por ordem de lembrança. Os links são de textos que já escrevi sobre os artistas e/ou discos em questão.
- “Dopethrone”, de Electric Wizard (2000): só quem já ouviu como cresce a segunda faixa do álbum, “Funeralopolis”, nos primeiros minutos, consegue ter ideia do que estou falando. Esta banda de stoner/doom britânica é uma espécie de Black Sabbath da fase Ozzy Osbourne mais pesada, mais lenta, e – desculpem – melhor.
- “Useless”, Bones (2016): quando de seu lançamento, terminei meu texto sobre esta obra-prima do rapper americano com a seguinte frase bombástica: “O melhor disco de todos os tempos? Provavelmente.” Fico me perguntando se exagerei naquele texto de 2016. Acho que não.
- “Low in High School”, de Morrissey (2017): são tantas as obras-primas deste disco que fico até meio sem graça de falar a respeito: “My Love, I’d Do Anything for You”, “Home Is a Question Mark”, “Spent the Day in Bed”, “In Your Lap”, “When You Open Your Legs”.
- “Advaitic Songs”, de Om (2012): quando a moça começa a cantar uma espécie de mantra na faixa inicial do disco desta banda americana de stoner rock, “Addis”, eu e a Valéria sabemos que a coisa vai ser séria.
- “100th Window”, de Massive Attack (2003): eu me sinto viajando quando escuto esta obra-prima da banda de trip hop de Bristol, no Reino Unido. Não me conformo que a crítica da época – pelo menos a que eu tive acesso – achou que “100th Window” era muito pior que o anterior, “Mezzanine” (tá bom, este é uma obra-prima também).
- “Fold Your Hands Child, You Walk Like a Peasant”, de Belle and Sebastian (2000): parece que vou para outra dimensão quando escuto o disco inteiro, especialmente “Waiting for the Moon to Rise”, em que Sarah Martin canta que parece um anjo. Também foi meio mal-recebido na época por aqui.
- “Welcome to the Sky Valley”, de Kyuss (2000): até hoje não me conformo de nunca ter escrito uma linha sobre este grupo americano de stoner rock que estou sempre ouvindo, e que originou outras fantásticas bandas, como Queens of the Stone Age, Hermano e Fu Manchu. Quando estou meio chateado, é só colocar “Supa Scoopa and Mighty Scoop” e o incômodo desaparece na hora.
- “The Velvet Underground & Nico” (1967): eita: “Sunday Morning”, “I’m Waiting For The Man”, “Venus in Furs”, “Run Run Run”, “Heroin”, “I’ll Be Your Mirror”, “European Son”: tem vanguarda, tem doçura, tem melodia, tem coisa estranha, e tem um talento infinito.
- “In Washington D.C. 1956 Volume Four”, de Lester Young (1956): único disco de jazz da lista, sobre o qual já falei aqui. Já nos primeiros acordes sou transportado para meu quarto de solteiro, na casa dos meus pais – uma rara recaída de saudosismo. Mas o disco sobrevive – e bem – sem isso.
- “Starboy”, de The Weeknd (2016): quando começa aquela batida louca criada pelo Daft Punk em “Starboy”, eu, a Valeria e a Teresa sabemos que a coisa vai ser séria. E tem “Reminder”. Precisa mais? Nem precisaria, mas tem: “Party Monster”, “Six Feet Under”, “Nothing Without You”, “Ordinary Life”, “I Feel It Coming” (também com Daft Punk).
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