Para homenagear a memória do grande Prince eu poderia ter escolhido qualquer dos álbuns que ele lançou entre 1980 e 1988, com exceção de “Parade” e “Around the World in a Day”. Realmente, não é qualquer músico que lança, em tão curto espaço de tempo, álbuns como “Dirty Mind”, “Controversy”, “1999”, “Purple Rain”, “Sign O’ The Times” e “Lovesexy”. Depois deste último, de 1988, seus discos passaram a ter cada vez mais momentos de megalomania e as faixas realmente boas, que eram a grande maioria, começaram a rarear. Eu mesmo acompanhei de perto os álbuns lançados entre “Batman”, de 1989, e “Chaos and Disorder”, de 1996, e não creio que nenhum dentre estes chegue perto dos anteriores em termos de qualidade. Como muita gente, acabei deixando os discos novos de lado: pode ser que tenha muita coisa boa entre “Emancipation”, de 1996, e “HITnRUN Phase One”, de 2015, mas não posso dizer com certeza.

Voltando ao disco de homenagem o cantor: a solução óbvia seria escolher “Sign O’ The Times”, um disco duplo notável em todos os sentidos, com músicas sérias como a faixa-título, dançantes como “Play in The Sushine”, pesadas como “Hot Thing”, deliciosas como “I Could Never Take the Place of Your Man”, emocionantes como “The Cross”, etc etc. Poderia ter escolhido “Purple Rain”, possivelmente a maior combinação de sucesso explosivo de público com qualidade musical extraordinária desde os Beatles (será que estou esquecendo de alguém? possivelmente). Poderia  ter escolhido “Lovesexy”, que é um disco tão maravilhoso que eu quase escolhi mesmo.

Mas escolhi “Dirty Mind”.

Possivelmente porque é o mais gostoso de ouvir. Possivelmente porque é o mais divertido. Possivelmente porque é o mais sem-vergonha. Possivelmente porque é o mais uniforme em termos de pegada.

Mas provavelmente eu não escolhi “Dirty Mind” por nenhum destes motivos em especial: eu só queria mesmo era homenagear este cantor que me deu, e que continua me dando, tanto prazer na audição de suas músicas.

Descanse em paz, Prince.