Não adianta: por mais que a pessoa tenha crescido assistindo filmes em cinematecas e seja fã dos chamados filmes "de arte" europeus (como eu), não há como fugir do impacto do cinema americano (em grande parte, o mérito disto é dos próprios americanos - pretendo logo falar aqui do filme
Stagecoach, de John Ford, por exemplo). Graças a seus filmes, nós temos uma clara idéia de como era a vida cotidiana nos Estados Unidos em todas as fases de sua história desde, pelo menos, o Velho Oeste no século XIX - os exemplos são tão numerosos que nem vale a pena citar aqui.
Quando o assunto é a Alemanha Nazista, por outro lado, estamos mais familiarizados com livros e documentários que descrevem (com maior ou menor precisão) os horrores do regime. São menos freqüentes filmes que tratem da vida dos alemães do período de uma maneira, digamos, "à americana" - isto é, focando primordialmente conflitos e acontecimentos de pessoas (mais ou menos) comuns, com uma linguagem (mais ou menos) linear. Num pequeno esforço de "mergulhar" na mentalidade e no cotidiano do povo alemão da época (como é possível "mergulhar" no Velho Oeste assistindo filmes do John Wayne, com todas as limitações, é óbvio, implícitas neste processo), aluguei numa locadora
Um Amor na Alemanha (lançado em 1984), do grande diretor polonês Andrzej Wajda, e
A Rosa Branca (lançado em 1982), do diretor alemão Michael Verhoeven. Posso dizer que meu
pequeno esforço foi plenamente recompensado. Os dois filmes têm a estrutura linear do grande "cinemão" americano - isto é, são mais preocupados em contar bem uma história do que em elocubrações filosóficas ou revolucionar a linguagem cinematográfica. Além disso, ambos têm personagens convincentes e roteiros bem amarrados - e claro, conforme meu objetivo incial, dão uma bela idéia da vida cotidiana da época.
(mais…)
Comentários Recentes