Literatura

Três livros de contos
Literatura
Três livros de contos
9 de dezembro de 2018 at 12:50 0
Três excelentes livros de contos, muito diferentes uns dos outros. “Noturnos”, do britânico Kazuo Ishiguro, Prêmio Nobel de 2017 (Companhia das Letras, 214 páginas) conta sete histórias de músicos: um grande cantor do passado que tenta fazer uma serenata para a mulher em Veneza (“Crooner”), uma história mal resolvida do tempo da juventude que volta à tona (“Chova ou faça sol”), um guitarrista jovem que encontra um casal de músicos de meia idade (“Malvern Hills”), e o melhor conto do livro, o hilário “Noturno”, que conta uma noite maluca num hotel de luxo. O livro, traduzido por Fernanda Abreu, é ótimo – apenas a última história, a implausível “Celistas”, é esquecível. “Feliz ano novo” é um clássico do grande Rubem Fonseca (Companhia das Letras, 184 páginas) e merece sua fama - pela qualidade de suas histórias violentas e inesperadas. Só que, confesso, às vezes eu ficava meio enfastiado em meio a tanto sangue derramado. O melhor fica para o fim: “Fugitiva”, de Alice Munro, Prêmio Nobel de 2013 (Editora Globo, 350 páginas), é tão bom quanto o outro dela que eu tinha lido, “Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento” – sobre o qual comentei aqui que “me trouxe um prazer que eu mesmo não estou acostumado a sentir em minhas leituras”. Não precisa dizer mais nada. (crédito da foto: Wikipédia)
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Lou-Andreas Salomé
Filosofia, Literatura
Lou-Andreas Salomé
26 de novembro de 2018 at 16:55 0
Romancista, ensaísta e psicanalista, Lou-Andreas Salomé (1861-1937) – nascida na Rússia, tendo passado grande parte da vida na Alemanha – escreveu uma vasta obra, quase toda esquecida nos dias de hoje. Mesmo assim ela é uma fonte de biografias ainda lidas com interesse, como esta ótima “Lou-Andreas Salomé”, de Dorian Astor (L&PM, 320 páginas). Por que sua vida ainda desperta uma atenção que sua obra não desperta mais? A resposta é simples: sua ligação profunda com o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), com o poeta, também alemão, Rainer Maria Rilke (1875-1926) e com o “pai da psicanálise”, o austríaco Sigmund Freud (1856-1939). Com Nietzsche, Lou-Andreas Salomé tentou uma relação amorosa a três – o outro membro do triângulo era o escritor e médico alemão Paul Rée (1849-1901) –, apenas “espiritual”, sem sexo. Obviamente que os homens do grupo acabaram não gostando muito da brincadeira e o triângulo não durou muito: o primeiro a sair foi Nietzsche, que tinha se apaixonado por ela (possivelmente, foi o maior amor da vida do filósofo). (mais…)
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Dois livros de Patrick Modiano
Literatura
Dois livros de Patrick Modiano
20 de novembro de 2018 at 15:21 0
É verdade que os livros de Patrick Modiano são todos parecidos entre si, mas “Un cirque passe” (Gallimard, 166 páginas) e “Dans le café de la jeunesse perdue” (Gallimard, 160 páginas) têm mais pontos em comum do que o normal - mesmo em se tratando do autor vencedor do Prêmio Nobel de 2014. Cada um dos dois livros conta a história de uma jovem com ligações perigosas, com pessoas de comportamento duvidoso. Em ambos os casos um rapaz se apaixona pela jovem em questão e os problemas com a justiça acabam complicando tudo; de qualquer maneira, nos dois romances nada fica muito claro, as lembranças se confundem, tudo fica confuso e estranho. Não parece nada demais, não é? Mas eu garanto que a Academia Sueca acertou em cheio em dar o Nobel para este autor estranho e genial. Duas pequenas obras-primas!
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“As irmãs Makioka”, de Junichiro Tanizaki
Literatura
“As irmãs Makioka”, de Junichiro Tanizaki
4 de novembro de 2018 at 15:57 0
Confesso que não sou daquele tipo de leitor que fica triste quando um livro acaba: normalmente o término da leitura de uma obra me dá uma sensação de alegria, e penso como no título do novo disco da Ariana Grande, a ser lançado nos próximos meses: “thank u, next” (obrigado, o próximo). (mais…)
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Duas peças de Molière
Literatura
Duas peças de Molière
26 de agosto de 2018 at 18:25 0
Dois jovens ricos são desprezados por duas primas, Magdelon e Cathos – respectivamente filha e sobrinha de Gorgibus, um rico burguês da província – porque, segundo elas, eles não são corajosos, nobres e românticos o suficiente. Para se vingar delas, os jovens mandam dois de seus empregados, Mascarille e Jodelet, disfarçados de cultos membros da nobreza, para enganá-las. Elas caem na conversa dos falsos nobres e se apaixonam por eles – até, claro, descobrir que eles não são o que dizem ser, quando passam a desprezá-los. Já Don Juan é um conquistador que não consegue – ou não quer – manter um relacionamento longo com nenhuma das mulheres com as quais começa um relacionamento. Como ele vai prometendo casamentos a torto e a direito, as famílias das garotas abandonadas vão ficando mais e mais furiosas com ele – nem mesmo seu fiel empregado, Sganarelle, tem mais paciência com as aventuras do patrão. Os resumos apresentados acima são referentes a duas peças de Jean Baptiste Poquelin, conhecido como Molière (1622-1673), “As preciosas ridículas” e “Don Juan – o convidado de pedra”, que li recentemente no original. (mais…)
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