Lou-Andreas Salomé
Filosofia

Lou-Andreas Salomé

26 de novembro de 2018 0

Romancista, ensaísta e psicanalista, Lou-Andreas Salomé (1861-1937) – nascida na Rússia, tendo passado grande parte da vida na Alemanha – escreveu uma vasta obra, quase toda esquecida nos dias de hoje. Mesmo assim ela é uma fonte de biografias ainda lidas com interesse, como esta ótima “Lou-Andreas Salomé”, de Dorian Astor (L&PM, 320 páginas). Por que sua vida ainda desperta uma atenção que sua obra não desperta mais? A resposta é simples: sua ligação profunda com o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), com o poeta, também alemão, Rainer Maria Rilke (1875-1926) e com o “pai da psicanálise”, o austríaco Sigmund Freud (1856-1939).

Com Nietzsche, Lou-Andreas Salomé tentou uma relação amorosa a três – o outro membro do triângulo era o escritor e médico alemão Paul Rée (1849-1901) –, apenas “espiritual”, sem sexo. Obviamente que os homens do grupo acabaram não gostando muito da brincadeira e o triângulo não durou muito: o primeiro a sair foi Nietzsche, que tinha se apaixonado por ela (possivelmente, foi o maior amor da vida do filósofo).

Lou-Andreas Salomé, aliás, sempre tentava relacionar-se sem sexo com seus casos amorosos, inclusive com o marido, o linguista Friedrich Carl Andreas – com quem se casou em 1887 e permaneceu casada até a morte deste, em 1930, mesmo tendo relacionamentos com outros homens nesse meio tempo. Com Rilke, aparentemente, seu relacionamento não foi casto – mas ela também não quis saber dele por muito tempo: deste modo, o poeta, que também tinha se apaixonado por Lou-Andreas Salomé, acabou se casando com Clara Westhoff, da qual logo se separou. Mesmo assim, Salomé e Rilke permaneceram amigos até a morte deste, em 1926.

Finalmente, com Freud a relação de Lou-Andreas Salomé foi apenas profissional, e o “pai da psicanálise” a considerava sua melhor aluna – é interessante acrescentar que a relação dela com Nietzsche ajudou-a a entrar em contato com Freud, que tinha grande interesse em conhecer a mulher por quem Nietzsche se apaixonara. Lou-Andreas Salomé acabou se tornando psicanalista, o que a ajudou a se manter no final solitário de sua vida.

Uma vida impressionante, e fico imaginando como ela era na vida real: inteligentíssima, sem dúvida; manipuladora, provavelmente.

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