Confesso que não sou daquele tipo de leitor que fica triste quando um livro acaba: normalmente o término da leitura de uma obra me dá uma sensação de alegria, e penso como no título do novo disco da Ariana Grande, a ser lançado nos próximos meses: “thank u, next” (obrigado, o próximo).
Com “As irmãs Makioka”, do japonês Junichiro Tanizaki (1886-1965), isto absolutamente não aconteceu: ao terminar as 744 páginas da edição da Companhia das Letras, fiquei imediatamente com saudade das quatro irmãs Makioka: Sachiko, a segunda, casada com Teinosuke, que tentava arrumar as coisas, nem sempre com sucesso; Taeko, a mais nova, de comportamento liberal – e, porque não dizer, inconsequente – e que não podia casar enquanto a terceira, Yukiko, não arranjava um casamento; e Tsuruko, pessoa de índole apagada e conservadora, mulher de Tatsuo – o qual tinha direito de paternidade sobre Yukiko e Taeko por ser casado com a mais velha das irmãs Makioka.
A vida no Japão na primeira metade do século XX, os costumes (alguns, muito esquisitos para o leitor de hoje), a cultura, a alimentação, o teatro, os passeios, até mesmo os efeitos da Segunda Guerra Mundial – nada escapa do olhar agudo e aprofundado de Junichiro Tanizaki, num dos melhores livros que já li.
Não é à toa que senti um vazio ao terminar a leitura de “As irmãs Makioka”.
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