André Barcinski

XXXTentacion – mais uma das minhas manias musicais recentes
Música
XXXTentacion – mais uma das minhas manias musicais recentes
2 de março de 2025 at 15:27 0
Alguns anos atrás, eu estava numa fase de ouvir muito rap alternativo (Bones, $uicedeboy$, Ashley All Day), e achei natural procurar na época que outros artistas faziam um som parecido, e gostei de muita coisa. Bhad Bhabie, que fez sucesso na internet brigando com a mãe num programa popularesco, tinha raps poderosos como Gucci Flip Flops (pelo que eu lembro, admirada até por gente da velha guarda como Snoop Dogg) e “Get Like Me", com o também ótimo NLE Choppa. Lil Pump tinha “Gucci Gang”, com uma linda base melancólica, e a pesada “ESSKEETIT”. Juice WRLD lançou a belíssima “Lucid Dreams”, e Lil Xan, o meu preferido da turma, alertou sobre os perigos da droga Xanax (que, aliás, batiza seu próprio nome artístico) na emocionante “Betrayed”, e fez com Diplo um rap hipnótico chamado “Color Blind”. De Lil Peep eu não gostei de muita coisa, achei tudo meio meloso, mas “Spotlight”, com Marshmello, é sensacional. Não sei se foi em 2020 ou 2021 que ouvi um podcast com André Barcinski no qual se comentou sobre o documentário “American Rapstar”, que estava sendo lançado num festival online (era tempo de pandemia, afinal). Resolvi assisti-lo, e percebi que conhecia razoavelmente a maioria dos artistas citados nele. Segundo o site da BBC, o documentário de 2020, dirigido por Justin Staple, “descreve o crescimento de rappers do SoundCloud, jovens artistas que se conectam diretamente com os fãs através da internet e das mídias sociais, estrelado por Lil Peep, XXXTentacion, Smokepurpp, Bhad Bhabie, Lil Xan e Lil Pump”. O painel que “American Rapstar” pintava era assustador. Lil Peep tinha falecido por overdose – esperada até por sua mãe, pelo que eu lembro - em 2017 e XXXTentacion tinha sido assassinado em 2018. Eu acho que o documentário também citava a emocionante “Legends”, de 2018, em que Juice WRLD se queixava de que a nova geração não tinha mais a “maldição dos 27 anos” (que existe devido a vários rockstars que faleceram nesta idade, como Jim Morrison, Jimi Hendrix e Janis Joplin), mas que os seus grandes nomes não passavam dos 21: Lil Peep morreu nesta idade, XXXTentacion com 20. O mais macabro em “Legends” é que o próprio autor da música, Juice WRLD, faleceu de overdose aos 21 anos. “American Rapstar” ainda mostrava um Lil Pump aparentemente drogado o tempo todo, Lil Xan lutando com as drogas, em fases sóbrias e com recaídas (ele declarou recentemente que já está sóbrio há três anos, e realmente sua expressão atual é outra), e Smokepurpp como o grande precursor do chamado, na época, “Soundcloud rap” – que hoje todo o mundo chama de trap mesmo. Bhad Bhabie era a mais inesperada personagem do documentário: falava mal de outros rappers, que perdiam o controle no uso de drogas, e reclamava dos “fãs idiotas” que queriam imitar os novos rappers, fazendo tatuagens no rosto, e que depois não conseguiam emprego por causa da aparência. De todo modo, o rapper que teve os maiores elogios por parte dos demais era XXXTentacion (o “XXX” se pronuncia como a sigla X.X.X. em inglês, e o “Tentacion” se pronuncia como “tentación” em espanhol). Nascido em 23 de janeiro de 1998 com o nome de Jahseh Dwayne Ricardo Onfroy, o rapper teve uma vida cercada de violência e polêmicas. Segundo a Wikipédia em inglês, XXXTentacion, “era geralmente considerado uma figura controversa dentro da indústria do hip-hop devido a brigas públicas com outros artistas, questões legais e escândalos gerais nas redes sociais. A Spin rotulou Onfroy como ‘o homem mais controverso do rap’ e a XXL o desscreveu como o ‘rapper iniciante mais controverso de todos os tempos’". Ele estava no auge quando foi assassinado num assalto (três dos quatro perpetradores pegaram prisão perpétua sem direito a condicional): seu álbum recém-lançado na época, chamado simplesmente “?”, tinha atingido o número um da Billboard 200, e XXXTentacion tinha assinado um contrato com a Empire por dez milhões de dólares por um novo álbum. Mesmo não negando sua vida violenta, o documentário “American Rapstar” mostrou como seus discursos nos shows só transmitiam mensagens positivas – e emocionantes – para seu público. Uma figura controversa, no mínimo. Quanto a mim, nunca tinha gostado muito das músicas do XXXTentacion, provavelmente porque elas não pareciam com as dos rappers citados aqui. Até que comecei a ouvir, uns dois meses atrás, a coletânea do Spotify “This is XXXTentacion”, fiquei absolutamente maravilhado e não paro de ouvi-la. Sua interpretação é profunda, dolorida, emocionante, e as melodias e batidas grudam na cabeça. E, realmente, ele era um rapper diferente: também segundo a Wikipédia em inglês, “a música de XXXTentacion explorou uma grande variedade de gêneros, incluindo emo, trap, lo-fi, indie rock, punk rock, nu metal, e hip hop. (...) Ao falar de suas influências, ele disse: ‘eu realmente gosto de coisas multigênero que não são baseadas apenas no rap em si. Sou mais inspirado por artistas de outros gêneros além do rap.’” Era essa multiplicidade de estilos que me afastou, na época, da música de XXXTentacion, e é ela que me aproxima dele, provavelmente, hoje em dia. Afinal, recentemente contei aqui que tive fases viciado em Elvis Presley, que dispensa apresentações, na banda indie The Brian Jonestown Massacre, no álbum de música clássica “Johann Sebastian Bach”, com o pianista islandês Víkingur Ólafsson, e na banda de black metal polonesa Mgła. Não é que eu seja eclético: eu amo e odeio músicas em muitos estilos. (Quem estiver interessado em receber meus textos semanalmente, clique aqui e cadastre seu e-mail. Imagem que acompanha o texto obtida no site da revista The New Yorker.)
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Auschwitz por dentro e por fora
Cinema, História
Auschwitz por dentro e por fora
5 de janeiro de 2025 at 19:09 0
O filme começa em um cenário idílico, numa beira de rio: alguns jovens, crianças e casais se divertem e relaxam numa bela paisagem com um linda vegetação. As pessoas têm uma tonalidade de pele muito clara, uns são loiros, alguns rapazes estão sem camisa. Eles voltam por um bonito caminho no meio do mato. A casa de um casal do grupo citado acima é grande, bonita, com belos jardins perfeitamente cuidados - lembra um pouco a perfeição dos jardins de "Playtime - tempo de diversão", clássico de Jacques Tati de 1967. As cenas de lugares bonitos com uma linda vegetação também lembram a cidade onde vivem os personagens principais da primeira temporada da série "O conto da aia", baseada no romance homônimo de Margaret Atwood. O filme em que questão é "Zona de interesse" (direção de Jonathan Glazer, Estados Unidos, Reino Unido e Polônia, 2023, 105 minutos, disponível no Prime Video), e não é nenhuma comédia que debocha da modernidade do final dos anos 1960, como "Playtime", e nem uma história fictícia que ocorre num futuro distópico, como "O conto da aia". O casal que mora na linda e bela casa é formado por Rudolf Höss (vivido por Christian Friedel), que foi o comandante do campo de extermínio de Auschwitz e é considerado por muitos o maior assassino em massa da história, e sua esposa Hedwig Höss (vivida por Sandra Hüller). "Zona de interesse" é baseado numa história tragicamente real. O principal acontecimento do filme é a tentativa dos superiores de Höss de tirá-lo do cargo de comandante do campo de extermínio, e o desespero dele e da sua mulher, que lutam para a sua permanência no posto. O horror do lugar é lembrado só de vez em quando, como quando se ouve o grito de alguns prisioneiros, ou quando se percebe que o comportamento das empregadas de  Hedwig Höss é estranhíssimo: elas são judias e basicamente não falam e nem olham para cima. Na maior parte do filme tudo é limpo, organizado, bonito e funcional. É assustador. Não à toa Steven Spielberg acha que "Zona de interesse" é o melhor filme sobre o Holocausto já feito. Se tudo é assustadoramente limpo e organizado em "Zona de interesse", em "O filho de Saul" (dirigido por László Nemes, Hungria, 2015, 107 minutos) tudo é exatamente o seu contrário: o filme conta a história de Saul Ausländer (Géza Röhrig), um prisioneiro de Auschwitz que trabalha jogando os cadáveres assassinados nas câmaras de gás num crematório, num ritmo de trabalho inumano. Lá pelas tantas Saul acha que um menino que sobreviveu ao gás e foi posteriormente assassinado por um guarda nazista é seu filho, e ele tenta dar um enterro digno e religioso para o garoto. Não vou contar mais para não dar spoiler. A câmera, em close-up, fica grande parte do tempo filmando a frente e as costas de Saul Ausländer, deixando quase todo o resto fora de foco. Isso acaba deixando uma sensação de permanente desconforto no espectador, como se toda a violência que os prisioneiros vivem não fosse o suficiente. Em "O filho de Saul" basicamente não há nenhum momento de trégua, e provavelmente este filme consegue dar uma ideia bastante verossímil do inferno que era ser prisioneiro em Auschwitz - bastante diferente, aliás, da visão paradisíaca que Rudolf Höss e Hedwig Höss tinham da vida a um muro de distância. (Agradeço especialmente ao crítico André Barcinski, por me chamar a atenção num vídeo no YouTube sobre "Zona de interesse", e a meu grande amigo Antonio Carlos Sandoval Pedro, o Nash, que é especialista em cinema e comentou "O filho de Saul" em uma apresentação com debate na UFPR alguns anos atrás. A imagem que acompanha o texto, de "O filho de Saul", foi obtida no site "O plano crítico".)
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The Brian Jonestown Massacre
Música
The Brian Jonestown Massacre
26 de maio de 2024 at 14:12 0
Acompanho a carreira do jornalista André Barcinski há muito tempo. Comprei a primeira edição do seu clássico livro-reportagem "Barulho", lia sempre seus textos na Bizz, já li mais de um texto seu na Folha de São Paulo, costumo ouvir os podcasts em que ele participa, o B3+1 (com Benjamin Back, João Marcelo Bôscoli e Ice Blue) e o ABFP (com André Forastieri e Paulo César Martin), pretendo comprar a sua biografia sobre Nelson Ned. Em termos musicais, não sei se nossos gostos se afinam tanto. Seus textos me apresentaram o Black Sabbath com Ozzy Osbourne e ele sempre fala bem dos Ramones, duas bandas que gosto muito. Mas, em geral, ou pelo fato de eu ouvir mais outros gêneros que rock ou por simples questão de gosto, raramente me impressiono com algum som que ele indica. De todo modo, dia desses, no ABFP, ele citou as duas bandas que mais ouviu na vida: os Ramones, supracitados, e The Brian Jonestown Massacre, sobre a qual ele sempre fala. Desta segunda eu já tinha ouvido algumas músicas que ele colocou para tocar no podcast, tinha gostado, mas não a ponto de ouvir de novo. Quando ele disse no episódio que era uma das duas bandas preferidas da vida dele, pensei que não custava dar uma chance. Como sempre faço quando vou conhecer uma banda nova, coloquei a playlist do Spotify - neste caso, "This is The Brian Jonestown Massacre" - para tocar. Eu não estava preparado. Que coisa linda. As músicas são todas meio na mesma levada, não são baladas, mas também não são muito pesadas. Algumas me lembraram muito Velvet Underground, outras Echo and The Bunnymen, outras, sei lá, alguma coisa psicodélica. Não sei bem. Não sou bom para descrever músicas. Mas o fato é que viciei de maneira irreversível - isto é, até eu me encher o saco, parar de ouvir, e voltar a escutar desesperadamente anos depois, como sempre faço - e estou escrevendo este texto para agradecer ao André Barcinski pela dica inestimável. (foto que acompanha o texto obtida na Wikipédia)
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Zé do Caixão e Henri Rousseau
Cinema
Zé do Caixão e Henri Rousseau
27 de junho de 2021 at 03:02 0
Assisti dia desses “À meia-noite levarei sua alma”, que é a estreia do Zé do Caixão no cinema e o terceiro longa-metragem de José Mojica Marins, lançado em 1964. Se antes seus filmes eram mais mal do que bem recebidos pela crítica especializada, hoje o nome do diretor parece estar consolidado entre os especialistas, tanto que assisti ao filme na Globoplay, na seleção de cinquenta filmes em setenta anos de cinema brasileiro, apresentada pela Fernanda Montenegro e tudo. “À meia-noite levarei sua alma” conta a história do coveiro Zé do Caixão, vivido pelo próprio José Mojica Marins, que aterroriza com ameaças e violência a pequena cidade onde mora, e que debocha da religião e da crendice das pessoas do lugar. É um filme de terror de baixíssimo orçamento, com atores amadores, mas que impressiona pela qualidade artística: o clima de tensão que José Mojica Marins mantém durante todo o tempo é impressionante; não se assiste ao filme porque ele é “pitoresco” ou qualquer outro termo nesse sentido, mas porque ele é excelente. Fã e apoiador incondicional de José Mojica Marins, o jornalista André Barcinski deve ser um dos maiores responsáveis pelo respeito da crítica que o diretor, falecido em 2020, alcançou nos dias de hoje. Ele levou inclusive o diretor e seus filmes para festivais dos Estados Unidos, onde Zé do Caixão é conhecido como Coffin Joe. Foi principalmente num programa de entrevistas com José Mojica Marins e dirigido por André Barcinski que passava na Rede Brasil, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”, que tive maior contato com o diretor. Ele era uma pessoa sem estudo, que falava português errado, e quem acompanha os podcasts B3 e ABFP, em que Barcinski participa, já teve contato com histórias saborosas cujo principal tema era a falta de cultura geral do Zé do Caixão. Assistir ao filme “À meia-noite levarei sua alma” me lembrou o grande pintor francês Henri Rousseau (1844-1910), também conhecido como Douanier (alfandegário, profissão que ele exerceu) Rousseau. A maior parte do que sei sobre artes plásticas em geral é fruto de coleções da Editora Abril que minha mãe comprava para ela, mas, principalmente, para mim: “Mestres da Pintura”, “Gênios da Pintura” e, por último mas não menos importante, a “Enciclopédia Abril” - já citada aqui num texto sobre o grande diretor Erich von Stroheim. Henri Rousseau, conforme os textos obtidos nas fontes da Abril e reproduzidas aqui, era um gênio da pintura que não tinha tido educação formal. De mentalidade burguesa, ele queria mesmo era ser reconhecido pela Academia, por mais que pudesse expor suas obras no muito mais importante – posteriormente - Salão dos Independentes, juntamente com gênios como Degas e Cézanne. Ingênuo e pouco interessado na revolução que os impressionistas, cubistas e surrealistas estavam fazendo nas artes plásticas, Rousseau chegou a ter um jantar meio debochado em sua homenagem promovido por Pablo Picasso, mas não percebeu a ironia na intenção do grande espanhol. O interessante é que aqueles grandes pintores se divertiam com a falta de horizontes intelectuais do Douanier ao mesmo tempo que sabiam da genialidade dele. E é uma coincidência engraçada que, assim como o já citado Erich von Stroheim, por quem também sou obcecado, Henri Rousseau também inventava glórias passadas de sua própria vida que simplesmente não aconteceram. As pinturas de Henri Rousseau, é só dar uma fuçada no Google Images para sacar, são impressionantes: gênio no uso da cor, ele criou imagens fortíssimas que – mesmo com um erro de proporção aqui e ali – não saem da cabeça depois de serem vistas com algum cuidado. O quadro “O sonho”, que acompanha este texto, não me deixa mentir. O fato de fazer uma arte de extraordinária qualidade mesmo sem estudo formal fez o grande dramaturgo Alfred Jarry chamar Rousseau de “primitivo”. O tipo de arte que ele fazia hoje em dia é chamada de “naïf” (ingênua, em francês), epíteto que também pode ser sem problemas utilizado para o nosso Zé do Caixão. Fui ver na internet se alguém tinha percebido o paralelo entre os dois, e rapidamente achei a dissertação de Daniela Pinto Senador[1], em que é transcrito um depoimento do cineasta e crítico Gustavo Dahl: “quando apareceu o Mojica Marins ele era uma espécie de Henri Rousseau e Douanier Rousseau do cinema; repetiu a mesma relação que os surrealistas tiveram com Rousseau”. [1] Senador, Daniela Pinto. Das primeiras experiências ao fenômeno Zé do Caixão: um estudo sobre o modo de produção e a recepção dos filmes de José Mojica Marins entre 1953 e 1967. 2008. Dissertação (Mestrado em Estudo dos Meios e da Produção Mediática) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27153/tde-05072009-230157/ >. Acesso em: 26 jun. 2021.
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Música na pandemia
Música
Música na pandemia
31 de outubro de 2020 at 14:27 0
O marco do final da “vida normal”, para mim, foi o show da banda de metal belga Amenra, no Fabrique Club em 1 de março de 2020 - sobre o qual já comentei aqui, num texto que acabou aparecendo também no meu livro mais recente, “Rua Paraíba”. Foi um show espetacular, o melhor a que já assisti na minha vida e, estranhamente, parece mesmo realmente ter sido o final de uma era. Mas a vida continuou mesmo com a pandemia e, em termos de música, não tenho muito do que me queixar de 2020. Por exemplo, alguns dos meus artistas preferidos lançaram discos maravilhosos, como Selena Gomez com “Rare” (lançado antes da pandemia), The Weeknd com “After Hours”, Morrissey com “I Am Not a Dog on a Chain”, 21 Savage com “Savage Mode II”, Ariana Grande com “positions”. Além disso, os dois clipes que eu já considero os melhores que vi até hoje foram lançados depois do início da pandemia: “Dance again”, com a Selena Gomez dançando sozinha, e “POPSTAR”, de DJ Khalled e Drake, um vídeo divertidíssimo em que Justin Bieber canta no lugar do Drake. Também depois da pandemia foram lançados dois podcasts sobre música viciantes: Álvaro & Barcinski & Forasta & Paulão, com os jornalistas Álvaro Pereira Jr., André Barcinski, André Forastieri e Paulo César Martin, sendo que os três primeiros eu acompanho desde o tempo da revista Bizz. Segundo a descrição do próprio podcast, este apresenta “dicas e opiniões musicais malfeitas e desatualizadas para sua quarentena” – já dá para ter uma ideia do quanto ele é divertido. Outro podcast nos mesmos moldes é o B3, também com o André Barcinski, mais Benjamin Back e João Marcello Bôscoli. Outra coisa recente e marcante em termos de música  para mim foi a descoberta das coleções completas de música de câmara de Brahms e Mozart no YouTube Music (lançadas, é preciso que se diga, antes de 2020). Nem me sinto muito à vontade para comentar tanta maravilha junta. E não posso deixar de citar o cd Brahms: Piano Trio Nos.1 Op.8 & 2 Op.87, com Maria João Pires ao piano. Mas provavelmente o disco que vai ser o primeiro a vir à minha cabeça quando, daqui a um bom tempo, eu me lembrar da pandemia, vai ser o disco Brahms: Lieder, com a mezzo-soprano sueca Anne Sofie von Otter e o pianista Bengt Forsberg (também lançado antes de 2020). Infelizmente o YouTube Music não registra, até onde eu sei, quantas vezes um disco é escutado. Não importa, imagino que pus para tocar essa maravilha – que começa com uns lieder mais “alegres” e vai aumentando a carga de dramaticidade até lugares meio impossíveis de imaginar – no mínimo mais de cem vezes durante a pandemia. crédito da foto: AbeBooks
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