André Forastieri

The Brian Jonestown Massacre
Música
The Brian Jonestown Massacre
26 de maio de 2024 at 14:12 0
Acompanho a carreira do jornalista André Barcinski há muito tempo. Comprei a primeira edição do seu clássico livro-reportagem "Barulho", lia sempre seus textos na Bizz, já li mais de um texto seu na Folha de São Paulo, costumo ouvir os podcasts em que ele participa, o B3+1 (com Benjamin Back, João Marcelo Bôscoli e Ice Blue) e o ABFP (com André Forastieri e Paulo César Martin), pretendo comprar a sua biografia sobre Nelson Ned. Em termos musicais, não sei se nossos gostos se afinam tanto. Seus textos me apresentaram o Black Sabbath com Ozzy Osbourne e ele sempre fala bem dos Ramones, duas bandas que gosto muito. Mas, em geral, ou pelo fato de eu ouvir mais outros gêneros que rock ou por simples questão de gosto, raramente me impressiono com algum som que ele indica. De todo modo, dia desses, no ABFP, ele citou as duas bandas que mais ouviu na vida: os Ramones, supracitados, e The Brian Jonestown Massacre, sobre a qual ele sempre fala. Desta segunda eu já tinha ouvido algumas músicas que ele colocou para tocar no podcast, tinha gostado, mas não a ponto de ouvir de novo. Quando ele disse no episódio que era uma das duas bandas preferidas da vida dele, pensei que não custava dar uma chance. Como sempre faço quando vou conhecer uma banda nova, coloquei a playlist do Spotify - neste caso, "This is The Brian Jonestown Massacre" - para tocar. Eu não estava preparado. Que coisa linda. As músicas são todas meio na mesma levada, não são baladas, mas também não são muito pesadas. Algumas me lembraram muito Velvet Underground, outras Echo and The Bunnymen, outras, sei lá, alguma coisa psicodélica. Não sei bem. Não sou bom para descrever músicas. Mas o fato é que viciei de maneira irreversível - isto é, até eu me encher o saco, parar de ouvir, e voltar a escutar desesperadamente anos depois, como sempre faço - e estou escrevendo este texto para agradecer ao André Barcinski pela dica inestimável. (foto que acompanha o texto obtida na Wikipédia)
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Música na pandemia
Música
Música na pandemia
31 de outubro de 2020 at 14:27 0
O marco do final da “vida normal”, para mim, foi o show da banda de metal belga Amenra, no Fabrique Club em 1 de março de 2020 - sobre o qual já comentei aqui, num texto que acabou aparecendo também no meu livro mais recente, “Rua Paraíba”. Foi um show espetacular, o melhor a que já assisti na minha vida e, estranhamente, parece mesmo realmente ter sido o final de uma era. Mas a vida continuou mesmo com a pandemia e, em termos de música, não tenho muito do que me queixar de 2020. Por exemplo, alguns dos meus artistas preferidos lançaram discos maravilhosos, como Selena Gomez com “Rare” (lançado antes da pandemia), The Weeknd com “After Hours”, Morrissey com “I Am Not a Dog on a Chain”, 21 Savage com “Savage Mode II”, Ariana Grande com “positions”. Além disso, os dois clipes que eu já considero os melhores que vi até hoje foram lançados depois do início da pandemia: “Dance again”, com a Selena Gomez dançando sozinha, e “POPSTAR”, de DJ Khalled e Drake, um vídeo divertidíssimo em que Justin Bieber canta no lugar do Drake. Também depois da pandemia foram lançados dois podcasts sobre música viciantes: Álvaro & Barcinski & Forasta & Paulão, com os jornalistas Álvaro Pereira Jr., André Barcinski, André Forastieri e Paulo César Martin, sendo que os três primeiros eu acompanho desde o tempo da revista Bizz. Segundo a descrição do próprio podcast, este apresenta “dicas e opiniões musicais malfeitas e desatualizadas para sua quarentena” – já dá para ter uma ideia do quanto ele é divertido. Outro podcast nos mesmos moldes é o B3, também com o André Barcinski, mais Benjamin Back e João Marcello Bôscoli. Outra coisa recente e marcante em termos de música  para mim foi a descoberta das coleções completas de música de câmara de Brahms e Mozart no YouTube Music (lançadas, é preciso que se diga, antes de 2020). Nem me sinto muito à vontade para comentar tanta maravilha junta. E não posso deixar de citar o cd Brahms: Piano Trio Nos.1 Op.8 & 2 Op.87, com Maria João Pires ao piano. Mas provavelmente o disco que vai ser o primeiro a vir à minha cabeça quando, daqui a um bom tempo, eu me lembrar da pandemia, vai ser o disco Brahms: Lieder, com a mezzo-soprano sueca Anne Sofie von Otter e o pianista Bengt Forsberg (também lançado antes de 2020). Infelizmente o YouTube Music não registra, até onde eu sei, quantas vezes um disco é escutado. Não importa, imagino que pus para tocar essa maravilha – que começa com uns lieder mais “alegres” e vai aumentando a carga de dramaticidade até lugares meio impossíveis de imaginar – no mínimo mais de cem vezes durante a pandemia. crédito da foto: AbeBooks
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Música
“O dia em que o rock morreu”, de André Forastieri
13 de agosto de 2020 at 22:03 0
André Forastieri: 180graus

Foi ouvindo o ótimo podcast “Álvaro & Barcinski & Forasta & Paulão”, que é uma retomada do falecido “Garagem”, que fiquei com vontade de ler este “O dia em que o rock morreu” (Arquipélago Editorial, 121 páginas, lançado originalmente em 2017), do jornalista e ex-crítico da Bizz André Forastieri (aliás, Álvaro Pereiro Jr. e André Barcinski, que participam do podcast, também eram críticos da finada revista). Acompanho a carreira de André Forastieri desde, praticamente, seu início, e fiquei interessado em ler este apanhado de textos jornalísticos do autor não só porque ele escreve muito bem, mas também porque, como soube pelo podcast, ele tinha colocado no livro todos os seus textos sobre Kurt Cobain – com direito à única entrevista do cantor do Nirvana quando esteve aqui no Brasil, em 1992.

Enfim, eu sabia que o gosto do André Forastieri é bem diferente do meu – ele odeia Smiths e Morrissey e isso já diz tudo. Mas a leitura de  “O dia em que o rock morreu” foi bem agradável: ele parece arrogante, mas quem conhece o cara do podcast “Álvaro & Barcinski & Forasta & Paulão” pode ter a mesma opinão que eu: ele parece não se levar assim tão a sério, e essa é uma qualidade rara. Sem contar que, não custa repetir, ele escreve bem demais.

O mais bacana ainda, particularmente, foi ele ter explicitado a diferença enorme que existe entre mim e os amantes de rock em geral. Segundo as palavras de André Forastieri,

“o rock foi muito importante para mim, na vida, no amor, no trabalho, na maneira como entendo o mundo. Rock é tesão proibido, coragem suicida, dentes à mostra.”

Falando sobre Jimi Hendrix, ele comenta que:

“ouvir sua guitarra me dá vontade de fazer besteira, e besteiras que nunca fiz. Rock’n’roll é isso.”

Já sobre a banda de punk feminino The Slits, que nunca ouvi, André Forastieri fala que

“(a banda) dizia a que vinha desde o batismo. Era rock barulhento, abrasivo, feminista, multicultural. As meninas não tinham medo de nada.”

Essa fé no poder transformador do rock, da revolta e tudo o que vem junto com ela, de certa forma me desvelou por que sempre senti um certo estranhamento com “roqueiros” (desculpem o termo, que muitos não gostam) em geral: para mim, o rock é só mais um estilo musical, como outros que amo tanto quanto, como blues, pop, rap, erudito e jazz. Um estilo, como todos os outros aliás, com coisas maravilhosas (Morrissey, por exemplo) e detestáveis.

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