Literatura

“Maldita”, de Chuck Palahniuk
Literatura
“Maldita”, de Chuck Palahniuk
29 de abril de 2018 at 19:06 0
Eu escrevi aqui há algum tempo sobre “Condenada”, de Chuck Palahniuk, o primeiro romance de uma trilogia que faz um paralelo com a Divina Comédia de Dante: naquele, a personagem Madison Spencer está no inferno; em “Maldita” (LeYa, 382 páginas), assunto do presente texto, ela está no Purgatório; o próximo ainda não foi publicado e, segundo o próprio Palahniuk, nele vai ser descrito o fim do mundo. Em “Condenada” Madison Spencer conta que morreu com 13 anos de overdose de maconha (!) e que a ida de alguém para o inferno depende de coisas insignificantes como buzinar mais de quinhentas vezes durante a vida ou defender o relativismo moral. Seus pais eram milionários ligados ao cinema (a mãe atriz, o pai produtor), “ex-hippies, ex-punks, ex-rastafáris” que, por trás de um discurso politicamente correto, só queriam saber de aparecer e de ganhar dinheiro. (mais…)
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“A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo
Literatura
“A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo
25 de abril de 2018 at 21:18 0
A culpa é da Valéria. Quando ela leu “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), na adolescência, mesmo sem me conhecer ela pensou consigo mesma que, mais tarde, iria se casar com um Fabricio – um dos personagens do romance de estreia do autor, ligado ao movimento romântico, publicado em 1844.  Mais do que isso, a Valéria ainda me disse que o tal do Fabricio era engenheiro – como eu, que sou efetivamente o marido dela. (mais…)
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“A glória e seu cortejo de horrores”, de Fernanda Torres
Literatura
“A glória e seu cortejo de horrores”, de Fernanda Torres
22 de abril de 2018 at 21:07 0
Eu tinha escrito o seguinte sobre o romance anterior de Fernanda Torres, “O Fim”, lançado em 2013:

“Quem conhece aquela atriz meio amalucada de Os Normais e das suas, muitas vezes, destrambelhadas entrevistas, não consegue imaginar que seu primeiro romance seria tão sério e, porque não dizer, profundo – mesmo que muitas vezes bem-humorado. Pelo menos, não me surpreendi com a qualidade indiscutível de sua prosa: as colunas mensais que ela escreve na Folha já me mostravam que ali estava alguém com um grande talento literário. Fico na expectativa de seus próximos livros. ” (mais…)

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“O Gigante Enterrado”, de Kazuo Ishiguro
Literatura
“O Gigante Enterrado”, de Kazuo Ishiguro
15 de abril de 2018 at 20:58 0
Causou surpresa entre os críticos a publicação de “O Gigante Enterrado”, de Kazuo Ishiguro, em 2015 (Companhia das Letras, 400 páginas): o livro é uma história de fantasia em que aparecem ogros, gigantes, dragões, raros em livros de autores “sérios” como este inglês, nascido no Japão, vencedor do Prêmio Nobel de 2017. Numa aldeia medieval inglesa, pouco tempo depois da morte do rei Arthur, a população está perdendo a memória. As pessoas não lembram de fatos importantes do passado, como casamento o nascimento dos filhos. Um casal  de idosos, Axl e Beatrice, que está sofrendo perseguições por motivos mal explicados, resolve ir atrás do filho, que – eles lembram vagamente – mora numa ilha a alguns dias de distância a pé. É nesse caminho que eles encontram os dragões, ogros e gigantes citados acima, e descobrem por que as pessoas estão perdendo a memória. (mais…)
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“Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto
Literatura
“Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto
18 de março de 2018 at 20:35 0
Policarpo Quaresma era um brasileiro patriota. Muito patriota. Para ele, nossas terras eram as mais férteis. A nossa cultura, a melhor. Nada do que fosse estrangeiro merecia o seu respeito. A força de sua brasilidade era tão grande que ele propôs que a língua pátria deixasse de ser o português, que veio de outras terras, e passasse a ser o tupi, nativo daqui. Era funcionário público e sua proposta foi pessimamente recebida, o que acabou lhe causando uma crise de nervos -  foi aposentado por motivos de saúde e logo se recuperou. (mais…)
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“Se não entenderes eu conto de novo, pá”, de Ricardo Araújo Pereira
Literatura
“Se não entenderes eu conto de novo, pá”, de Ricardo Araújo Pereira
11 de março de 2018 at 13:36 0
“Veja o leitor o que pode acontecer a um cidadão incauto. A revista ‘Playboy’ manifestou o desejo de me entrevistar. Como todas as pessoas que não têm nada para dizer, gosto muito de ser entrevistado. Por isso, aceitei. E devo ter dado uma entrevista de tal forma sensual que a Playboy resolveu colocar a fotografia do meu rosto apolíneo na capa. Sim: na capa. No sítio em que costuma estar uma senhora nua, estou eu sozinho. Como sempre costuma acontecer, assim que eu entro as senhoras nuas desaparecem. Sou, portanto, a capa da revista ‘Playboy’ deste mês. Quando fui me deitar, era um pacato pai de família; quando acordei, era a Miss Dezembro. Uma coisa é eu ser um humorista; outra é a minha vida ser ridícula. Deus sabe quanto tenho tentado separar as águas, mas tem sido quase sempre em vão.”
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Orlando, de Virginia Woolf
Literatura
Orlando, de Virginia Woolf
18 de fevereiro de 2018 at 17:44 0
Orlando nasceu no final do século dezesseis e em 1928 ainda estava vivo. Quer dizer, “vivo” não é o adjetivo mais correto porque Orlando, aí pelo meio de sua longa vida de mais de 300 anos, mudou de sexo e passou a ser uma mulher. Às vezes, parece, ela voltava a ser homem, mas isto não fica claro porque a autora Virginia Woolf usa, boa parte do tempo, uma linguagem impressionista, pouco exata, em uma de suas obras mais famosas, chamada exatamente “Orlando” (Landmark Editora, edição bilíngue), publicada em 1928. (mais…)
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Carlos Heitor Cony (1926-2018)
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Carlos Heitor Cony (1926-2018)
17 de janeiro de 2018 at 21:06 0
Eu estava andando de carro, indo para o trabalho. Era a segunda metade dos anos 90. Olho para a esquerda e, na calçada, se dirigindo a um hotel no Alto da Glória, estava Carlos Heitor Cony. Pensei rapidamente em descer e pedir um autógrafo mas, meio por babaquice, meio pela relação de amor e ódio que sempre tive com ele, meio por não estar carregando nenhum livro seu - acho que eu estava lendo “O Piano e a Orquestra” na época - não parei. Na próxima esquina, mudo de ideia e resolvo dar a volta na quadra para pedir-lhe um autógrafo. Não consegui, claro, ele já tinha entrado no hotel e perdi a única oportunidade que Deus me deu para pedir um autógrafo para o Cony. E era ele mesmo, antes que você me pergunte. Saiu na televisão daqui uma propaganda de um colégio, com ele, pouco tempo depois deste quase encontro. (mais…)
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