A culpa é da Valéria. Quando ela leu “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), na adolescência, mesmo sem me conhecer ela pensou consigo mesma que, mais tarde, iria se casar com um Fabricio – um dos personagens do romance de estreia do autor, ligado ao movimento romântico, publicado em 1844. Mais do que isso, a Valéria ainda me disse que o tal do Fabricio era engenheiro – como eu, que sou efetivamente o marido dela.
Lendo o romance, tive a infeliz notícia de que não só o tal Fabricio não era engenheiro – aparentemente, é estudante de medicina – como tinha um caráter meio duvidoso. E era meio bobo.
Qualquer semelhança comigo, portanto, foi mera coincidência. Acho.
Enfim, o romance, que teve enorme sucesso desde seu lançamento – chegou a ser adaptado duas vezes para o cinema, e duas vezes para telenovela – é de leitura deliciosa. “A Moreninha” conta a história de um estudante de medicina, Augusto (o verdadeiro personagem principal do livro, e não o pobre Fabricio), que vai junto com seus amigos passar um fim de semana na ilha onde mora a avó de um deles, chamado Felipe (o Fabricio é coadjuvante demais, não disse?). Lá ele encontra Carolina, uma moça mais esperta que todos os demais personagens do livro e que é a tal moreninha do título do romance.
“A Moreninha” é divertido, leve, inocente e tem o charme especial de se passar na época do Império – um ponto a mais de atração para quem, como eu, se interessa pela época.
E eu me emocionei com o final melodramático.
Shame on you, Fabricio.
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