Eu escrevi aqui há algum tempo sobre “Condenada”, de Chuck Palahniuk, o primeiro romance de uma trilogia que faz um paralelo com a Divina Comédia de Dante: naquele, a personagem Madison Spencer está no inferno; em “Maldita” (LeYa, 382 páginas), assunto do presente texto, ela está no Purgatório; o próximo ainda não foi publicado e, segundo o próprio Palahniuk, nele vai ser descrito o fim do mundo.
Em “Condenada” Madison Spencer conta que morreu com 13 anos de overdose de maconha (!) e que a ida de alguém para o inferno depende de coisas insignificantes como buzinar mais de quinhentas vezes durante a vida ou defender o relativismo moral. Seus pais eram milionários ligados ao cinema (a mãe atriz, o pai produtor), “ex-hippies, ex-punks, ex-rastafáris” que, por trás de um discurso politicamente correto, só queriam saber de aparecer e de ganhar dinheiro.
Neste “Maldita” Madison Spencer está na Terra, mas como uma espécie de alma penada, que atravessa paredes e pessoas – sentindo os órgãos internos delas (!) – e caminha por fios de telefone. Algumas pessoas por aqui conseguem vê-la e falar com ela, outras não.
Quanto à sua vida pessoal, Madison mostra o grande amor que tinha pela avó, falecida por doenças ligadas ao cigarro, com a qual morou durante uma espécie de retiro quando de sua vida na Terra. As atitudes desprezíveis de seus pais apresentam algumas justificativas plausíveis. E Madison Spencer começa a descobrir que tem uma importância fundamental para o equilíbrio do Universo. Isso mesmo que você leu.
O fato é que em basicamente cada página de “Maldita” tem uma surpresa guardada para o leitor, o que acaba tornando a leitura do romance cansativa. Ao contrário de “Condenada”, em que a loucura parecia ter um objetivo narrativo por trás, em “Maldita” isso basicamente não acontece.
O pior é que tenho certeza de que vou ler a continuação da trilogia assim que ela for publicada por aqui.
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