Quando, na adolescência, eu e alguns poucos amigos saímos assustados do cinema depois de uma sessão de “Veludo Azul”.
Quando, recém-casados, eu e a Valéria saímos assustados do cinema depois de uma sessão de “Coração Selvagem”, Palma de Ouro em Cannes.
Quando, mais de dez anos atrás, dei uma piscadela e acordei assustado com uma cena esquisita de “Império dos Sonhos”, um dos meus filmes preferidos e que não sei bem por que amo tanto – deve ser porque ele se parece com alguns dos meus próprios sonhos.
Quando entendi pouquíssimo a história de “Cidade dos sonhos”, filme “explicado” em uma postagem perdida na internet, que eu li e da qual não lembro nada, nem onde foi.
Quando, durante a pandemia, assisti à terceira temporada de “Twin Peaks” na Netflix, não gostei, mas que tinha umas imagens impressionantes – algumas parecidas com um clipe do Radiohead, será que só eu reparei?
Quando fiquei absolutamente hipnotizado pela delicadeza de “História Real”.
Quando resolvi colocar a sua foto no meu álbum “
cinema”, do Facebook, apenas para descobrir que ela já estava lá.
Quando, também na pandemia, assisti às duas primeiras temporadas de “Twin Peaks”, e descobri que a estética
vaporwave tinha sido inventada por ele ainda nos anos 1990.
Quando escrevi
aqui sobre “Os últimos dias de Laura Palmer” e não cumpri a promessa feita ali de escrever sobre a série “Twin Peaks”.
Quando, alguns dias atrás, fiquei chocado comigo mesmo ao perceber que não tinha assistido, numa caixa de DVDs que comprei há muitos anos, “Erasehead” e “O homem elefante”, e me perguntei: será que ele vai fazer mais filmes?
Não vai. David Lynch faleceu hoje (16 de janeiro de 2025) e fico me lembrando das muitas vezes – algumas citadas acima - em que suas obras marcaram o meu amor pelo cinema. Descanse em paz, gênio.
(foto que acompanha o texto obtida no site do jornal “The Guardian”)
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