“A viagem do elefante”, de José Saramago (Companhia das Letras, 264 páginas, publicado originalmente em 2008): a ida do elefante indiano Salomão de Belém (Lisboa) até à Áustria, mandado pelo Rei D. João III para ser o presente de casamento do arquiduque Maximiliano II, é o tema deste romance. Havia poucas informações reais sobre essa viagem, o que acabou ajudando o grande escritor português José Saramago (1922-2010), Nobel de Literatura de 1998, a fazer uma descrição fantasiosa, frequentemente engraçada, frequentemente lírica, desta estranha viagem ocorrida no século XV europeu.
“O assassino cego”, Margaret Atwood (Rocco, 516 páginas, traduzido por Léa Viveiros de Castro, publicado originalmente em 2001): confesso que me confundi nas primeiras páginas deste romance que tem três narrativas paralelas: as recordações da octogenária Iris Chase Griffen, filha de um industrial falido; o romance fictício de grande sucesso “O assassino cego”, escrito por sua irmã Laura; e notícias de jornal do local e da época e em que grande parte dos acontecimentos descritos no livro ocorreu, a pequena cidade de Port Ticonderoga, no Canadá dos anos 30 do século XX. Bem, quando finalmente engrenei na leitura, descobri que “O assassino cego” é provavelmente o melhor romance de Margaret Atwood (1939- ) que já li.
“Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá”, de Lima Barreto (publicado originalmente em 1919): respeito quem pensa diferente, mas Lima Barreto é o maior escritor brasileiro. Neste romance publicado originalmente em 1919, o narrador, Augusto Machado, recorda diálogos que tinha tido com seu amigo e colega mais velho, Gonzaga de Sá, falecido logo no início da história. Como sempre em Lima Barreto (1881-1922), a descrição de tipos e da realidade carioca do começo do século XX é inesquecível.
“Sátiras e outras subversões”, de Lima Barreto (Companhia das Letras, 552 páginas, coletânea organizada por Fernando Botelho Corrêa, publicada originalmente em 2016): para complementar a renda que recebia como amanuense, o grande escritor carioca publicava crônicas em diversos veículos de imprensa, muitas vezes com pseudônimo – e são esses textos anônimos que compõe a totalidade desta coletânea. A introdução do livro é primorosa, descrevendo todo o processo de procura por textos esquecidos em arquivos e as técnicas para descobrir a identidade escondida do autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma. Já as crônicas em si, frequentemente irônicas e debochadas, não sobreviveram ao teste do tempo: o leitor atual normalmente não sabe sobre quem Lima Barreto estava falando.
(fonte da imagem: Revista Istoé)
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