“Hiperespaço”, de Michio Kaku
Filosofia

“Hiperespaço”, de Michio Kaku

19 de junho de 2016 0

Imagine “Flatland”, um universo com duas dimensões: árvores, casas, pessoas, estradas, todos fazendo parte de um plano. Pode-se concluir o seguinte:

  1. Alguém que vive em três dimensões – por exemplo, alguém esférico chamado “Lord Sphere” – terá mais facilidade para analisar este universo bidimensional que alguém imerso nele. Além disso, quando “Lord Sphere” sair de “Flatland”, o pessoal bidimensional pensará que ele simplesmente desapareceu.

  2. A terceira dimensão espacial de “Flatland” é, necessariamente, muito pequena.

Os dois conceitos são apresentados na figura que acompanha este texto, que foi retirada do ótimo “Hiperespaço”, de Michio Kaku (Rocco, 384 páginas), físico americano descendente de japoneses que frequentemente aparece na televisão explicando conceitos complexos para o público leigo. Entre diversos temas secundários (como a probabilidade de vida extretarrestre), “Hiperespaço” conta como a teoria do hiperespaço pode ser uma forte candidata a ser a “teoria de tudo”. Principal objetivo da física contemporânea, esta teoria uniria as quatro forças básicas que mantêm o universo coeso: a gravidade, o eletromagnetismo e as forças nucleares forte e fraca.

A ideia por trás da teoria do hiperespaço tem tudo a ver com o comentado acima: caso se considerem dimensões acima das três espaciais em que estamos inseridos, consegue-se facilmente chegar na “teoria de tudo”, e as quatro forças fundamentais acabam por fazer parte de uma mesma teoria.

Qual o problema aqui? Caso realmente existam, dimensões espaciais acima da terceira devem ser muito pequenas (segundo a teoria, em nosso universo espacialmente tridimensional as dimensões maiores são da ordem de 10 seguido de trinta e oito zeros menores que um centímetro). Deste modo, pela falta de equipamentos capazes de medir adequadamente esta as dimensões maiores, a teoria do hiperespaço (assim como a teoria das supercordas, que a acompanha) não tem previsão de ser comprovada por experimentos num prazo curto.

De todo modo, os místicos muitas vezes levam a sério dimensões superiores – quem nunca ouviu falar em “quarta dimensão” dentro de um contexto de misticismo? O engraçado aqui é que, mesmo sendo um cientista de primeira grandeza, ao contrário de grande parte de seus colegas Michio Kaku parece levar bastante a sério esses místicos.

 

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