Sou fascinado pelo filme “Limite” desde a primeira vez que o vi, acho que nos anos 80, na Cinemateca de Curitiba. Já escrevi alguns textos sobre ele que estão reproduzidos no meu site. É um filme mudo, praticamente sem legendas (ou intertítulos, o nome correto neste caso), cuja história é contada por imagens e que tem de ser montada na mente do espectador. Não é à toa que não entendi nada na primeira das mais de dez vezes a que assisti ao filme! Além da aventura intelectual, “Limite” tem uma fotografia em preto e branco tão bonita que dá a impressão de que cada um de seus fotogramas poderia sem maiores problemas fazer bonito em um concurso de fotografia.
Além disso, ainda existe a própria lenda da obra: “Limite” saiu de circulação por décadas depois de sua estreia em 1931 e o diretor Mario Peixoto, que o lançou quando tinha apenas 21 anos veio a falecer em 1992, sessenta anos mais tarde, sem nunca ter dirigido outro filme!
“Limite” é tão bom que já ganhou o mundo: a Film Foundation, órgão criado e dirigido por Martin Scorcese, o escolheu para ser o seu primeiro filme brasileiro restaurado. Segundo o diretor americano, “Limite” é
Tecnicamente inovador, de um expressionismo cheio de imaginação, profundamente poético ainda que emocionalmente delicado, é uma obra surpreendentemente madura e provocante, um feito verdadeiramente notável. Walter Salles é um grande entusiasta deste filme e trabalhou durante anos em sua restauração, em parceria com o Arquivo Mario Peixoto e a Cinemateca Brasileira.
Em novembro último, a Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) fez uma eleição entre críticos do país, os quais elegeram “Limite” como o melhor filme brasileiro já feito. Segundo o site da associação,
O levantamento da Abraccine é o ponto de partida do livro ‘Os 100 Melhores Filmes Brasileiros’, que será lançado em 2016, pela editora Letramento, primeiro de uma série de publicações coordenada pela entidade. O livro reunirá ensaios de cada um dos filmes mais votados, escritos pelos principais críticos de cinema do país.
Ou seja, ainda vem coisa boa por aí.
Um dos melhores clipes a que já assisti é o de “Lean On”, de Major Lazer e DJ Snake, acompanhados pela cantora dinamarquesa MØ. Tudo nele é perfeito: a sensualidade quase desafiadora de MØ; as danças indianas (principalmente os passinhos do DJ Snake e do pessoal do Major Lazer); a melodia absolutamente deliciosa; a mistura de música eletrônica com ambientes indianos, que dão a sensação para o espectador de que se está em uma realidade paralela (mais bonita e prazerosa, quem sabe); e por último, mas não menos importante, o absoluto prazer que parecem estar sentindo todos os participantes do clipe: desde a cantora MØ, passando pelos três membros do Major Lazer (as expressões do DJ Diplo são impagáveis!), pelo DJ Snake e pelas dançarinas, todos parecem estar conscientes de que estão vivendo um momento absolutamente único. Já assisti tantas vezes a “Lean On” que acho que as imagens do clipe já estão começando a fazer parte dos meus sonhos.
No começo de dezembro, através de uma coluna do jornalista André Barcinski, fico sabendo que “Lean On” é a música mais executada de 2015:
Semana passada, o Spotify anunciou que “Lean On” foi a música mais tocada em streamings em 2015. Nada menos de 540 milhões de audições. O clipe foi visto mais de 852 milhões de vezes no Youtube, o que o torna o 22º vídeo mais popular da história do site.
Enquanto escrevo este texto, “Lean On” já passou de 930 milhões de visualizações.
O meu filme preferido é eleito o melhor filme brasileiro. Um dos meus clipes preferidos é o mais visto do ano. Consagração da crítica de um lado, do público do outro, a alegria que senti nos dois casos nem é assim tão importante.
O que vale aqui é registro duplo: para falar bem de “Limite” de novo, para falar bem de “Lean On” pela primeira vez.
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