A música clássica e eu
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A música clássica e eu

20 de novembro de 2015 0

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Na casa em que eu morava tinha uma coleção de 12 discos com gatinhos na capa. Foi ali que tudo começou? Eu sempre achava que sim, mas quando lembro da frase que minha mãe repete até hoje, no seu aniversário de 9 anos o Fabricio pediu as nove sinfonias de Beethoven, fico me perguntando o que veio antes: se a coleção dos gatinhos – chamada Os Clássicos Mais Populares do Mundo – ou se uma versão da quinta sinfonia de Beethoven, de uma coleção de capa amarela da Abril (a qual me fez fazer o pedido das outras oito).

As nove sinfonias de Beethoven

Se a fonte inicial do meu amor à música clássica é incerta, a memória do resto da história me é menos nebulosa. A impressão que eu tive quando do recebimento da coleção completa das nove sinfonias de Beethoven – um grosso volume branco de capa dura com 9 Lps no seu interior – foi de total deslumbramento, já que eu tinha poucas esperanças de ganhá-la.

A coleção dos gatinhos

Por mais maravilhoso que tenha sido o presente, é certo que ouvi muito menos as nove sinfonias de Beethoven (eu me concentrava no quarto movimento da nona, no primeiro da quinta e no lado B da sexta) do que a coleção dos gatinhos. Esta era uma coleção com diversos movimentos famosos de grandes compositores – eu tinha preferência por algumas faixas em particular, por exemplo: Largo, da ópera Xerxes (de Haendel, principalmente na versão para voz solo), Clair de Lune (Debussy), Bolero (Ravel), Grande Valsa Brilhante (Chopin). Mas nesta coleção minha predileção mesmo ia para Bach: a Toccata em fuga em ré menor, a Ária na Corda Sol, a Badinerie, o Jesus Alegria dos Homens.

J.S.Bach

De tanto ouvir estas mesmas faixas de Bach acabei chegando à conclusão de que eu deveria era procurar conhecer melhor a obra deste compositor alemão nascido no século XVI. Foi quando a Abril lançou a coleção Gigantes da Música – com capas e encartes coloridos, uma edição de primeira – com os três primeiros Concertos de Brandemburgo, e, posteriormente, com uma edição de obras para órgão. Nesta mesma época João Carlos Martins começou lançar, ao piano, as obras para teclado do compositor – e assim a coisa foi indo. Em resumo: durante vários anos comprei todos os discos de Bach que vi pela frente. Meu interesse maior ia para as cantatas.

Música de vanguarda

Anos mais tarde, graças à influência da Enciclopédia Abril, comecei a me interessar por compositores de vanguarda: Schoenberg, Messiaen, Stockhausen, Alban Berg, Anton von Webern, Pierre Boulez, Debussy (que nem é tão vanguarda assim). Numa viagem que fui à Europa trouxe vários discos destes compositores – os quais praticamente não escuto mais.

Valéria

Com poucas exceções – como meu interesse por Mahler e por um ou outro disco de Liszt, Chopin ou César Franck – meu interesse por música clássica continuou o mesmo por anos a fio, ou seja: muito Bach, mais algum barroco e música de vanguarda. O panorama só começou a mudar mesmo quando já estava casado com a Valéria, que tocava piano clássico e que tinha um duo com violoncelo com o César. Foi quando comecei a me interessar mais a fundo por música de câmara e por compositores de outras escolas: Fauré, Beethoven (de novo!), Mozart e, principalmente, Brahms – que hoje em dia gosto quase tanto quanto de Bach. Também comecei a muito ouvir Glenn Gould ao piano.

Lieder de Schubert

Depois que a Valéria parou de tocar piano fiquei um bom tempo ouvindo pouca música clássica, até descobrir os lieder (canções para voz e piano) de compositores românticos alemães, principalmente Schubert – também comprei praticamente todos os discos do estilo que vi pela frente.

Hoje

Ultimamente voltei a ouvir música de câmara, muita. Tenho tirado  a poeira dos meus velhos LPs do tempo em que comprei quando a Valéria tocava piano, e quase todo dia os escuto de madrugada. Graças a repetidas audições dos últimos quartetos de Beethoven, muito complexos e cheios de variações de ritmos e de temas, tenho perdido a implicância com compositores com estas características, como Schumann. Tenho comprado uns belos cds também.

Conclusão

Música clássica é legal, gente.

(texto escrito em 2003)

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