Grl. José de San Martín – Padre de la Patria – 150 años
História

Grl. José de San Martín – Padre de la Patria – 150 años

15 de outubro de 2015 0

Se levarmos ao pé da letra a famosa frase “infeliz a nação que precisa de heróis”, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, podemos concluir cinicamente que – ao menos neste aspecto – o Brasil não é uma nação infeliz. Há enormes controvérsias sobre a biografia de Tiradentes, por exemplo. Nossa independência foi proclamada pelo sucessor do trono do país colonizador. Getulio Vargas é outro personagem controverso. Certamente, não temos um herói – pelo menos não um aceito quase que unanimemente pela população.

Assim, foi um pouco surpreso que, numa viagem recente a Buenos Aires, ouvi a guia argentina falar algo como “nós temos um herói nacional, José de San Martín”. Eu sabia que ele tinha sido importante na independência de alguns países da América do Sul, mas para mim sua importância jamais poderia se comparar com a de Simón Bolívar. Pelo visto, eu estivera enganado o tempo todo.

Movido pela curiosidade sobre este “herói de verdade”, comprei o livro – usado – “Grl. José de San Martín – Padre de la Patria – 150 años”, edição comemorativa do Círculo Militar da República Argentina lançada no 2000, em homenagem aos 150 anos do falecimento do Libertador. O livro é assinado por diversos estudiosos, e cada um deles responde por um capítulo diferente, abordando diversos aspectos da vida de José de San Martín (1778-1850). A edição é extremamente bem cuidada.

O personagem histórico que emerge das páginas de “Grl. José de San Martín – Padre de la Patria – 150 años” é o mais próximo que se pode chegar de um “herói de verdade”:  José de San Martín ajudou a assegurar a independência da Argentina na batalha de San Lorenzo; criou e treinou o Exército dos Andes; com a saúde frágil, desceu a Cordilheira – nas terríveis condições da época – para liderar a libertação do Chile do domínio espanhol; posteriormente conseguiu obter a independência do Peru. Pessoalmente era modesto a ponto de chegar incógnito de madrugada nas cidades depois de suas vitórias militares, para evitar homenagens; devolvia boa parte dos soldos que recebia; mesmo depois de todas as suas vitórias nas lutas pela independência da Argentina, Chile e Peru, se prontificou a ser subordinado a Simón Bolívar para a continuação da luta pela independência de toda a América do Sul – como a proposta foi recusada, deixou a vida pública para não atrapalhar o outro Libertador; recusou diversas vezes promoções e postos de poder, sejam militares ou civis; por saber que este tipo de conflito normalmente traz prejuízos a nações recém-criadas, sempre se recusou a tomar partido nas disputas e lutas entre latino-americanos: esta postura, aliás, lhe causou inúmeros dissabores e críticas, que acabaram praticamente obrigando-o a passar seus últimos trinta anos de vida no exílio, na Europa.

Corajoso, militar brilhante e com uma postura moral irrepreensível, sob qualquer aspecto que se analise José de San Martín é um “herói de verdade”.

Feliz a nação que possui heróis, eu acrescentaria.

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