Ouvir Billie Holiday pega bem
Música

Ouvir Billie Holiday pega bem

4 de outubro de 2015 0

Cada música tem um momento ou um estado de espírito para ser ouvida. As canções de Elliott Smith são maravilhosas, mas qualquer um que as ouça durante muito tempo seguido acaba tendo ideias depressivas. Nick Drake e Chet Baker eu gosto de ouvir sem fazer mais nada. Morrissey e Bones me tiram da inércia (e nem sempre quero sair da inércia). Burzum e Glenn Gould são para os momentos de maior concentração, Nirvana e Electric Wizard, para os momentos mais agitados. Bach e os lieder de Schubert são para os instantes mais sérios, Blink 182 e Limp Bizkit, para os instantes mais alegres. E por aí vai.

Só tem uma exceção a esta regra: Billie Holiday. Não importa como eu esteja me sentindo – reflexivo ou agitado, triste ou alegre -, ouvir a grande cantora americana de jazz sempre cai bem. Não importa se a gravação é com ela novinha – com a voz ainda límpida – ou se é do final da carreira – quando os anos de abuso de drogas e álcool fizeram sua voz ficar fraca. Não importa se ela está acompanhada por um pequeno conjunto de jazz ou por uma grande orquestra. Não importa se a qualidade de som é boa ou ruim. Não importa se a gravação é de estúdio ou ao vivo. 

Deve ser porque ela consegue fazer a fusão perfeita entre o popular e o erudito; entre o jazz e o blues; entre o simples e o sofisticado; entre o profundo e o descompromissado; entre o dramático e o bem-humorado. Ou por algum outro motivo. Não importa.

O que importa é que, para mim, ouvir Billie Holiday sempre pega bem.

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