Não gosto muito de biografias, não gosto muito de livros sobre música e não gosto muito de livros (ou documentários) com mais depoimentos do que histórias “contadas”. A partir disto, era esperado que eu não estivesse muito contente com a biografia do cantor cheia de depoimentos “Nick Drake: The Biography”, de Patrick Humphries, e que eu parasse a leitura aí com 40% do livro lido – o que realmente fiz, há uns meses.
Mas no meio da semana passada retomei a biografia, que terminei de ler ontem.
A verdade é que a história do Nick Drake é tocante e inesperada. Muitos artistas (Bach, Georg Trakl, Van Gogh, Kafka) atingem o sucesso e reconhecimento apenas após sua morte. Ao mesmo tempo, por desajustes vários, muitos músicos de rock morrem cedo (Jim Morrison, Janis Joplin, Curt Cobain, Jimi Hendrix). Agora, um cantor de rock que morreu cedo e atingiu o sucesso e o reconhecimento apenas depois da morte é bem mais raro: quem sabe, só Nick Drake mesmo se ajuste a este critério (por exemplo, o seu terceiro álbum Pink Moon recebeu o disco de platina trinta anos depois do seu falecimento).
Tem coisas muito estranhas na biografia de Nick Drake. Por exemplo, apesar de ele ter lançado três álbuns em vida por uma grande gravadora, a Island (sem nenhum sucesso), não existe sequer um registro filmado do cantor – e ele morreu em 1974, quando filmagens não eram nada incomuns.
Mas nada disso faria com que ele tivesse tantos admiradores obsessivos pelo mundo (como eu) se ele não fosse um cantor, compositor e guitarrista TÃO espetacular, tão acima da média. Acabei de começar a ler mais uma biografia dele, Darker Than the Deepest Sea: The Search for Nick Drake, de Trevor Dann. Isso parece não ter fim.
(texto escrito em abril de 2014)
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