Fabricio Muller

Lançamento: 3040 – Um romance de ficção científica, fé e autodescoberta
Obra Literária
Lançamento: 3040 – Um romance de ficção científica, fé e autodescoberta
29 de junho de 2025 at 15:01 0

Prepare-se para ser transportado para um futuro distópico, onde uma sociedade vive em um gigantesco condomínio. Conheça Sílvia, uma "vagabunda" de 29 anos que, através de seu diário, nos guia por um universo de complexos relacionamentos e buscas por identidade.

Sobre o Romance

Em 3040, Sílvia tem a vida virada de cabeça para baixo quando seu ex-namorado, Paulo, reaparece com visões da Virgem Maria e uma proposta de casamento inusitada. Esse evento a empurra para uma jornada de autodescoberta, explorando fé, sexualidade e o desafio de se encaixar em um mundo que tenta controlá-la.

Enquanto Sílvia navega por dilemas religiosos e familiares, incluindo a relação turbulenta com o irmão enxadrista, ela decide mudar de vida. Mas essa nova trajetória é marcada por decisões arriscadas, crises de identidade e a busca de vingança de sua melhor amiga.

Acompanhe Sílvia em uma jornada que questiona tudo: religião, família, identidade e o que realmente significa ser livre.

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Abaixo, confira a capa do livro impresso e mergulhe no universo de "3040"!


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Cristianismo Positivo
História
Cristianismo Positivo
22 de junho de 2025 at 18:58 0
Eu tenho interesses estranhos. O Império Wari, precursor dos Incas, no Peu. São Luís de Tolosa. As espécies meio-mamíferas, meio-rápteis do Período Permiano. Os Etruscos. Futebol Australiano. Os Papas de Avignon, no século XIV. O texto de hoje é sobre outro interesse esquisito, o “Cristianismo Positivo”. A história é esquisita e assustadora demais, deve ser isto que despertou meu interesse. Seguinte: Cristianismo Positivo é a ideia de que muitos nazistas tinham de que Jesus Cristo era ariano. É isso. Na minha opinião, isso é tão estranho e idiota que eu poderia terminar o texto aqui. Mas vou comentar um pouco mais. O grande historiador brasileiro André Chevitarese, o maior especialista brasileiro no Jesus Histórico, escreveu com Daniel Brasil Justi um artigo, chamado “O Jesus Ariano. O imaginário e as concepções historiográficas do Jesus Histórico na Alemanha Nazista” (*), no qual detalha como teólogos alemães, alinhados ao nazismo, ativamente promoveram e popularizaram a imagem de um "Jesus Ariano" para desvincular o cristianismo de suas raízes judaicas e justificar o antissemitismo, culminando na colaboração com o Holocausto. Segundo os autores, por mais que o Nazismo tenha promovido o tal “Cristianismo Positivo”, estas teorias já eram anteriores à década de 1930, sempre no bojo de um antissemitismo feroz. Em seu artigo, Chevitarese e Justi citam alguns textos antigos alemães que sugeriam tirar o Velho Testamento da Bíblia:
“Conforme observou Richard Steigmann-Gall (2004, p. 39, 48), não apenas Artur Dinter, em 1921, no seu romance O Pecado contra o Espírito (...), reivindicava a necessidade de remoção desse material judaico da bíblia cristã, pois ele constituiria um monumento ao ‘pensamento religioso dos judeus, que se baseia em mentiras e traição, negócios e lucro’, como também o próprio Mestre Eckart, a quem Hitler fez um tributo em Mein Kampf, ao escrever no poema intitulado ‘O Enigma’: ‘O Novo Testamento afastou-se do Velho / como tu te libertaste do mundo / E assim como estás livre das tuas ilusões passadas / também Jesus Cristo rejeitou a sua condição de judeu’.”
Cristo, no Cristianismo Positivo, era equivalente, e muitas vezes inferior, a Hitler:
“Quanto à crença na redenção cristã entre muitos alemães durante o período nazista, percebe-se que ela era composta de duas metades, como se formassem uma perfeita simbiose (STEIGMANN-GALL, 2004, p. 46). A primeira delas era formada pela figura de Hitler como salvador. Sua missão era aquela mesma de Cristo, qual seja, a de combater sem medo e sem trégua o judaísmo. A segunda metade dizia respeito às instituições religiosas, muitas delas destacando a ideia de redenção através da cruz. Neste sentido, essa redenção só poderia ser realizada na sua plenitude pela purificação de Jesus de toda e qualquer relação com o judaísmo, reconstruindo-o como ele pretensamente teria sido, isto é, como um ariano, e não como um judeu.”
Finalmente, Chevitarese e Justi citam a (tenebrosa) ideia de um Jesus musculoso:
“A fim de superar, do ponto de vista estético, aquilo que poderia parecer um sinal de derrota frente às maquinações judaicas, outras representações de Jesus foram desenvolvidas nos anos trinta no interior da Alemanha. Por meio delas, buscou-se reforçar a vitória da cruz sobre os judeus. Jesus, firme como uma rocha, tem um corpo musculoso e reluzente, cabeça erguida e olhos fixos no horizonte, como que transcendendo à dor, à violência e à derrota. Vê-se aqui, do ponto de vista estético, a sistematização de um olhar historiográfico levado ao seu ápice pelos teólogos e religiosos nazistas: o Jesus ariano.”
Em um vídeo no Instagram, André Chevitarese comenta que centenas de igrejas foram construídas no período nazista, levando em conta as ideias absurdas do Cristianismo Positivo, mas apenas uma, a Martin-Luther-Gedächtniskirche (Igreja Memorial Martin Lutero), em Berlim, construída em 1935, sobreviveu. A imagem de um Jesus musculoso e vitorioso, que está nesta igreja, é apresentada na imagem que acompanha o texto. O artigo de Chevitarese e Justi apresenta várias outras imagens do Cristianismo Positivo, como altares luteranos cheios de suásticas e outra foto da igreja Martin-Luther-Gedächtniskirche, em que Jesus aparece seguido por apóstolos e um soldado alemão (!). Enfim, eu nem precisaria reforçar, acho, mas não custa nada: ideia de um "Jesus Ariano" é categoricamente rejeitada pela esmagadora maioria das denominações cristãs em todo o mundo. O cristianismo, em sua essência, reconhece Jesus como judeu, nascido em Belém, na Judeia, e pertencente à linhagem de Davi. Negar sua identidade judaica é negar a própria base histórica e teológica do cristianismo, que se enraíza nas tradições e escrituras judaicas. A existência do "Jesus Ariano" é um testemunho da capacidade de ideologias totalitárias de distorcer e manipular até mesmo as crenças mais sagradas para seus próprios fins perversos. Ele permanece como um exemplo sombrio da corrupção da fé para justificar o ódio e a violência. *** Quem tiver interesse em receber este e outros textos meus semanalmente, clique aqui e cadastre seu e-mail. *** (*) CHEVITARESE, André Leonardo; JUSTI, Daniel Brasil. O Jesus Ariano: o imaginário e as concepções historiográficas do Jesus Histórico na Alemanha Nazista. Horizonte, Belo Horizonte, v. 15, n. 45, p. 188-205, jan./mar. 2017.
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Livros que minha mãe amava: 9. “Pastoral Americana”, de Philip Roth
Literatura
Livros que minha mãe amava: 9. “Pastoral Americana”, de Philip Roth
15 de junho de 2025 at 14:38 0
No final dos anos 1990, minha mãe comentou que seus dois escritores preferidos, Philip Roth e John Updike, haviam escrito espécies de épicos sobre a vida americana: “Pastoral Americana” (Planeta DeAgostini, 480 páginas, tradução de Rubens Figueiredo) e “Na Beleza dos Lírios”, respectivamente. Já na época, era impressionante como dois grandes nomes da literatura publicaram obras tão ambiciosas no mesmo ano, 1997. Minha mãe gostou mais de “Pastoral Americana”, de Philip Roth; eu, de “Na Beleza dos Lírios”. Para mim, o livro de John Updike era mais suave, otimista, e trazia um espaço para a fé em Deus – eu estava me convertendo, aos poucos, na época. Já a obra de Philip Roth era grosseira, pessimista, amarga. Eu não gostava do autor naquele tempo, e minha mãe sempre insistia para que eu lesse os livros dele. Eu reconhecia que eram tão bem escritos que acabava por lê-los rapidamente, mas achava os temas muito grosseiros (hoje, até acho meio engraçado comentar sobre isso, mas é quase certo que ele não recebeu o Prêmio Nobel por sua crueza excessiva). De lá para cá, virei fã incondicional de Philip Roth e resolvi reler recentemente “Pastoral Americana” numa edição que minha mãe comprou bem depois de nós dois termos lido as duas obras-primas lançadas originalmente em 1997. Que choque! O livro conta a história de Seymour "Sueco" Levov, um homem que personifica o "sonho americano" em sua versão mais idealizada – atleta de sucesso, empresário e pai de família. No entanto, sua vida é violentamente desestabilizada quando sua filha se radicaliza politicamente durante a Guerra do Vietnã e comete um ato terrorista. Judeu, o "Sueco" tenta se adaptar a tudo e a todos: à vida americana e a seus costumes, a seu pai dominador e inflexível, à sua filha perturbada e agressiva, e à sua mulher linda (ex-miss Newark), católica e de comportamento dissimulado. Ele parece, no início do livro, um sujeito alienado e feliz. Quanta ilusão! Com quase 500 páginas, o livro é um profundo mergulho nos Estados Unidos dos anos 1950 em diante. Um aspecto importante da obra é a desindustrialização, que começou a se acentuar no final dos anos 1960. As fábricas começavam a fechar ou a se mudar para outros lugares em busca de mão de obra mais barata e menos regulamentada. Isso levou ao declínio das cidades industriais como Newark (em Nova Jersey), à perda de empregos e à erosão do senso de comunidade e propósito para muitos trabalhadores. A desindustrialização, para Roth, não é apenas um fenômeno econômico, mas um processo que desmantela a estrutura social e moral de uma nação. A perda da base industrial, que sustentava uma certa ordem e um conjunto de valores, abriu espaço para as ambiguidades e a "fúria" de passeatas e protestos que levaram à desilusão geral do "sonho americano". É fato conhecido que Donald Trump se elegeu em 2016  e em 2024 com os votos dos estados do chamado "Cinturão da Ferrugem" (Rust Belt) – como Pensilvânia, Ohio, Michigan, Wisconsin e partes de Nova York e Illinois – onde uma enorme quantidade de trabalhadores sofreu os terríveis efeitos da desindustrialização americana. Nos trechos em que Philip Roth descrevia com a crueza e o detalhismo de sempre os efeitos da fuga de empregos industriais na cidade de Newark, no estado de Nova Jersey, eu só conseguia pensar comigo: a eleição de Trump começou aqui! Pretendo reler “Na Beleza dos Lírios”, mas, mesmo antes de relê-lo, posso afirmar sem nenhuma dúvida de que minha mãe estava certa e que “Pastoral Americana” é o melhor dos dois grandes romances. *** Foto que acompanha o texto obtida no site da revista New Yorker. *** Se você estiver interessado em ler este e outros textos meus semanalmente, clique aqui e cadastre seu email.
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Juliana Frank e 3040 – como a grande escritora ajudou no meu livro
Obra Literária
Juliana Frank e 3040 – como a grande escritora ajudou no meu livro
8 de junho de 2025 at 14:47 0
Juliana Frank é uma escritora excepcional. Em livros como "Quenga de Plástico" (7Letras, 2011), "Meu Coração de Pedra-Pomes" (Companhia das Letras, 2013), "Cabeça de Pimpinela" (7Letras, 2013) e "Uísque e Vergonha" (Oito e Meio, 2016), ela constrói uma literatura estranha, provocativa, original e fascinante. Suas personagens são peculiares e obcecadas por objetos como bolsas e bonecas Barbie. Leylsa Kedman, de "Quenga de Plástico", por exemplo, é obcecada por sexo, enriquece e empobrece algumas vezes, atua em diversos filmes pornô, é estuprada e se apaixona pelo estuprador, mata dois homens, e tem uma melhor amiga que é anã e viciada em cocaína. *** Juliana Frank, por vezes, compartilha lindas frases ou haicais em suas redes sociais, como:
"Pelas ruas falam uma língua Que já não Me lembro Mais"
Este, por exemplo, abre um vasto horizonte poético de significados: pode remeter à saída de uma vida de boemia, a um desajuste mais profundo, ou a muitas outras interpretações. *** Até "3040", todos os meus textos de ficção ou literatura eram contos, memórias ou novelas, e nenhum ultrapassava as sessenta páginas em formato A4. Decidi, em determinado momento, escrever um romance muito longo, mais como um desafio do que qualquer outra coisa. A partir de um sonho da minha filha, imaginei a humanidade em um futuro distante vivendo em pequenos cubículos, isolados, longe da natureza – e isso antes mesmo da pandemia. O livro se chamava "5040", um pouco em homenagem ao meu sogro, que brincava que tinha um dinheiro enorme guardado no banco que só seria liberado em 2040. Consegui que a Juliana Frank me ajudasse na empreitada. Ela sugeriu que o livro deveria estar mais próximo no tempo e que eu deveria abordar a transição dos dias de hoje para o futuro. Tudo o que ela me ensinou na elaboração do livro foi precioso. O prefácio de "3040", livro dedicado à Juliana Frank, segue abaixo. ***
Conversamos. Você me perguntou se eu deveria reler "O Jogo da Amarelinha", já que não me lembrava de nada e nem tinha entendido direito na primeira leitura. Confesso que, mesmo agora, no início da releitura, ainda não estou entendendo tudo – preciso deixar isso bem claro. Minha resposta foi que esperei tanto pelo sexto volume de "Minha Luta" que me pareceu meio triste ter que adiar a leitura, agora que preciso reler "O Jogo da Amarelinha". Conversamos sobre Deus, sobre minhas ideias sobre Ele. Também falamos sobre política e economia, eu à direita, você à esquerda, mas nenhum de nós tão longe do centro assim. Houve um tempo em que eu me espantava com a quantidade de coisas: coisas vividas, coisas faladas, coisas escritas. É angustiante pensar que há muito mais livros escritos do que uma pessoa consegue ler na vida. Eu andava em livrarias e ficava triste porque jamais leria tudo aquilo, nem que quisesse, nem que fosse a única coisa que fizesse até o final da vida. Wilson Martins lia muito, e lia deitado: se dormisse, era sinal de que o livro era ruim. Ele disse uma vez que o Novo Testamento é o Paulo Coelho do passado e, digamos, essa é uma opinião pouco popular – apesar de, em termos estilísticos, ter sim alguma coisa a ver. Lembro do choque quando li "Sidarta", de Hermann Hesse, e me pareceu igual a Paulo Coelho – que, com razão, se queixa de não ter ganhado o Nobel, ao contrário do alemão que, aparentemente, o inspirou. Já imaginaram a quantidade de cantinhos que existem no mar? Mais cantinhos do que podemos sequer conceber. Uma pedrinha aqui, outra ali, um peixe aqui e outro ali. E Deus sabe todos os cantinhos. E leu todos os livros. E ouviu todas as conversas. Não é à toa, digo a você, que haja tantas pessoas que não acreditam Nele. Conto a você que estou gostando de reler "O Jogo da Amarelinha", percebendo nele coisas que eu não tinha notado antes – e não só porque eu tinha lido o livro muito novinho. Há todo um mistério ali, pronto para ser desvendado, que eu nem fazia ideia de que existia. Falo a você que alguns autores deixam transparecer facilmente seu amor-próprio em seus livros – refiro-me a Nabokov, Balzac e Henry James, que sempre parecem satisfeitos com a própria genialidade, e que convencem seus leitores (eu incluído) de que eles são especiais. Eu não sou desses. Sem você, eu teria parado de escrever.
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3040 – a capa
Obra Literária
3040 – a capa
1 de junho de 2025 at 14:43 0
Minha filha teve um sonho, anos atrás, em que ela saía de um túnel no ano 5000 e via uns prédios gigantes. Pelo que eu lembrava, ela emergia de um submarino no oceano, mas parece que não foi bem assim; era apenas um túnel subterrâneo mesmo. Mas não importa, mantive a ideia: no meu livro "3040", que devo publicar nos próximos meses, esses prédios gigantes ficam na beira da Serra do Mar, aqui no Brasil – e toda a humanidade foi morar neles. A ideia para a capa de "3040" (que era "5040", mas mudou graças à Juliana Frank), que eu pedi para meu grande amigo Guilherme Bresola da Rocha (o Ceris) fazer, era, então, o que eu achava que tinha sido o sonho da minha filha Teresa Müller: um submarino no futuro, vendo uns prédios enormes na beira do mar. Achei a capa, que é a imagem que acompanha este texto, linda, como é de praxe no trabalho do Ceris. *** Segue um resumo do livro: "3040" é a história de Sílvia Chomsky, uma jovem que vive no Condomínio, uma sociedade futurista no litoral da América do Sul onde a humanidade se refugiou devido a pandemias e à devastação da Natureza. Sílvia, inicialmente uma "vagabunda" (termo para quem não trabalha), tem sua vida transformada por eventos inesperados. Seu relacionamento com Paulo, um ateu que tem visões da Virgem Maria e se converte ao judaísmo por ela, a leva a questionar sua própria fé e a descobrir um novo caminho na vida, buscando a Universidade para estudar arqueologia e, surpreendentemente, uma possível conversão ao islamismo. A narrativa explora as complexas relações de Sílvia com sua família e amigos, especialmente Mariana, sua melhor amiga, cujas escolhas de vida e fé se entrelaçam com as dela. A história também aborda temas como a sexualidade na sociedade futurista, onde as normas são muito mais flexíveis, e a tensão entre a vida controlada no Condomínio e o desejo por uma conexão mais profunda com a Natureza e a espiritualidade. Em meio a reviravoltas religiosas, dramas familiares e descobertas pessoais, Sílvia se casa com Paulo, inicia uma nova jornada acadêmica e continua a refletir sobre o propósito de sua vida e a influência da fé em um mundo em constante mudança. *** Se você estiver interessado em receber meus textos semanalmente, clique aqui e cadastre seu email.
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Resumo de “3040”
Obra Literária
Resumo de “3040”
25 de maio de 2025 at 14:52 0
Pedi para a ferramenta Gemini, do Google, para resumir meu romance a ser publicado ainda este ano, “3040”. Segue o resumo. *** O texto narra a vida de Sílvia Chomsky, uma jovem que vive em um Condomínio futurista, um complexo de edifícios gigantescos na costa atlântica da antiga América do Sul, no ano de 3040. A humanidade se realocou para o Condomínio séculos atrás devido a uma série de pandemias e uma decisão conhecida como o Grande Salto para o Litoral (GSL). Nesse futuro, o trabalho é opcional, com máquinas realizando a maior parte das tarefas. Sílvia inicia um diário, o qual ela pretende enterrar para um futuro leitor chamado Isaquinho, como uma forma de registrar a vida em sua época.

Personagens e Relações Chave A vida de Sílvia é moldada por suas relações e uma profunda exploração de si mesma e do mundo ao seu redor:
  • Mariana: Sua melhor amiga, uma mulher promíscua e de beleza estonteante, que trabalha com otimização de alimentos. Mariana é uma católica fervorosa, tentando conciliar sua fé com sua vida sexual. Com o tempo, sua vida passa por uma transformação drástica devido ao relacionamento com José B.
  • Paulo: O primeiro namorado de Sílvia, que retorna à sua vida após anos de separação. Paulo é um engenheiro de hidrelétricas e ateu, mas tem visões recorrentes da Virgem Maria que ditam suas decisões. O relacionamento deles é central na narrativa.
  • Benjamin: Irmão de Sílvia, um enxadrista profissional de nível mundial, que é o grande ídolo de Sílvia e objeto de seu ciúme. Ele enfrenta seus próprios desafios no amor e na fé.
  • Sara: Namorada de Benjamin, uma surfista profissional que, ironicamente, é quem introduz Sílvia à prática de sair para a Natureza (o mundo exterior ao Condomínio).

A Jornada de Sílvia A narrativa acompanha a evolução pessoal de Sílvia em diversas frentes:
  • Amor e Sexualidade: O retorno de Paulo reacende seu desejo, mas a exigência dele de abstinência sexual até o casamento, baseada nas visões da Virgem Maria, a leva a buscar satisfação sexual com outros parceiros, inclusive pagando por sexo. Ela se questiona sobre sua própria sexualidade, chegando a ter experiências com mulheres. A abstinência com Paulo intensifica a idealização dele, que se transforma em uma intimidade mais "real" e crua após consumarem o relacionamento.
  • Carreira e Educação: Sílvia decide abandonar a vida de "vagabunda" e ingressar na Universidade de Varsóvia para estudar arqueologia, focando no Império Wari. Ela se destaca academicamente, revelando-se uma aluna excepcional. Este novo caminho lhe confere um status diferente e acesso a luxos antes restritos aos trabalhadores.
  • Religião e Crise de Fé: A morte de seu pai, Seu Isac, a mergulha em uma profunda crise existencial e religiosa. Ela se sente culpada e inadequada como judia, especialmente após um confronto com Benjamin. Ela se aprofunda no estudo do Alcorão e se sente atraída pelo Islã, chegando a usar o hijab e considerar a conversão. Essa busca a leva a se confessar com padres católicos, que a ajudam a processar suas emoções e sua complexa relação com Deus.
  • O Julgamento e o Casamento: Suas tatuagens (inspiradas em desenhos de henna muçulmanos) e seu interesse pelo Islã levam o Rabino Enrique a iniciar um processo de excomunhão contra ela. Para se casar com Paulo na sinagoga, ela concorda em remover as tatuagens e adiar o casamento. Apesar das dificuldades, o casamento judaico acontece. Durante a cerimônia, Sílvia se sente, pela primeira vez, verdadeiramente conectada ao judaísmo.

O Mundo de 3040 e suas Revelações O texto detalha aspectos intrigantes da sociedade do Condomínio:
  • Tecnologia e Mobilidade: A vida ocorre em cubículos, com transporte por Naves X (dentro do edifício) e Naves Y (entre edifícios). As universidades e complexos olímpicos são edifícios à parte. O InterSistemas é a principal forma de comunicação e interação social.
  • A "Natureza" e Cidades Escondidas: A Natureza é vista como um lugar perigoso e inabitado, salvo por "selvagens" e "gutter punks". No entanto, Paulo, através de drones, descobre uma cidade aparentemente normal, Anchorage, no Alasca, vivendo como nos tempos pré-GSL. Isso levanta questões sobre experimentos secretos do Governo Central.
  • Privacidade e Vigilância: Embora os cubículos ofereçam privacidade, os cidadãos são filmados constantemente, com gravações usadas em "casos extremos". A confissão católica é um dos poucos momentos sem gravação.

Transformações nas Relações e Crises Pessoais As relações de Sílvia se transformam com as experiências:
  • Mariana e José B.: Mariana se apaixona por José B., um cantor católico conservador. Ela larga sua vida promíscua e seu emprego para se tornar sua assistente. No entanto, José B. a trata de forma desrespeitosa, e Sílvia percebe que a antiga Mariana, livre e bondosa, se tornou manipuladora e carente de atenção. Mariana, por sua vez, usa o casamento de Sílvia como um "sinal" para decidir se volta com José B., revelando suas complexas motivações.
  • Benjamin e Sara: Benjamin, após sua vitória no xadrez, passa por uma crise ao ser deixado por Sara, que busca um relacionamento aberto e se apaixona por outro surfista. No auge de sua tristeza, ele agride verbalmente Sílvia, mas eles se reconciliam, e Benjamin expressa arrependimento e uma nova compreensão de sua fé.
  • A Família e o Judaísmo: A família de Sílvia e Paulo se adapta às suas escolhas. O pai de Sílvia, Seu Isac, falece, o que a abala profundamente. Paulo, em seu processo de conversão, surpreende a todos ao se apegar genuinamente ao judaísmo, encontrando acolhimento na comunidade. O casamento de Sílvia e Paulo na sinagoga com o Rabino Enrique é um ponto alto, com o rabino, que antes a antagonizava, expressando orgulho por seu sacrifício.

O Casamento e Conclusões O casamento de Sílvia e Paulo é um evento marcante, cheio de simbolismo e tensões resolvidas e não resolvidas. Sílvia, que havia secretamente incorporado símbolos muçulmanos em seu corpo e em sua prática, se vê forçada a removê-los pelo rabino. No dia do casamento, ela experimenta uma profunda conexão com o judaísmo e o amor por Paulo, ao mesmo tempo em que a complexidade de suas escolhas e a inconstância de algumas relações se tornam evidentes. A narrativa termina com Sílvia e Paulo em sua lua de mel, refletindo sobre suas jornadas. Sílvia, agora uma mulher madura e estudiosa, aceita as surpresas da vida e a interconexão de suas experiências, concluindo que o amor e a fé, em suas diversas formas, são guias em um mundo em constante mudança. *** Se você estiver interessado em receber este e outro textos meus semanalmente, clique aqui e cadastre seu e-mail.
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Os melhores discos de todos os tempos – Um texto com título pomposo e irreal para qualquer pessoa que não seja eu mesmo
Música
Os melhores discos de todos os tempos – Um texto com título pomposo e irreal para qualquer pessoa que não seja eu mesmo
18 de maio de 2025 at 14:04 0
Gosto muito de listas, e acabei fazendo mais uma. O título é pomposo e completamente irreal para qualquer pessoa que não seja eu mesmo: “Os dez melhores discos de todos os tempos”. Como escolher só dez entre todas as coisas que eu gosto seria uma tarefa difícil demais até para mim – que costumo não ligar muito para as coisas que ficam fora de listas – meio que me obriguei a estabelecer certas regras para diminuir a quantidade de candidatos. Não poderiam entrar coletâneas, fossem oficiais ou do Spotify – o que já diminui bastante o universo pesquisado, pois coisas que eu amo, como Nirvana, Ashley All Day, Mgła, The Brian Jonestown Massacre, Elliott Smith, Elvis Presley ou XXXTentacion, que quase que só conheço por coletâneas do Spotify, cairiam fora de cara. Não poderia ser música clássica, estilo que eu quase só escuto em álbuns, e que merece uma lista à parte. Teriam de ser discos que estou sempre revisitando e que me fazem pensar, antes de escutar: "hoje é dia de ouvir AQUELE álbum". Não são tantos álbuns assim, acabou sendo mais ou menos fácil fazer a lista. Ela segue, por ordem de lembrança. Os links são de textos que já escrevi sobre os artistas e/ou discos em questão.
  1. "Dopethrone", de Electric Wizard (2000): só quem já ouviu como cresce a segunda faixa do álbum, “Funeralopolis”, nos primeiros minutos, consegue ter ideia do que estou falando. Esta banda de stoner/doom britânica é uma espécie de Black Sabbath da fase Ozzy Osbourne mais pesada, mais lenta, e – desculpem – melhor.
  2. "Useless"Bones (2016): quando de seu lançamento, terminei meu texto sobre esta obra-prima do rapper americano com a seguinte frase bombástica: "O melhor disco de todos os tempos? Provavelmente." Fico me perguntando se exagerei naquele texto de 2016. Acho que não.
  3. "Low in High School", de Morrissey (2017): são tantas as obras-primas deste disco que fico até meio sem graça de falar a respeito: “My Love, I'd Do Anything for You”“Home Is a Question Mark”“Spent the Day in Bed”“In Your Lap”“When You Open Your Legs”.
  4. "Advaitic Songs", de Om (2012): quando a moça começa a cantar uma espécie de mantra na faixa inicial do disco desta banda americana de stoner rock, “Addis”, eu e a Valéria sabemos que a coisa vai ser séria.
  5. "100th Window", de Massive Attack (2003): eu me sinto viajando quando escuto esta obra-prima da banda de trip hop de Bristol, no Reino Unido. Não me conformo que a crítica da época – pelo menos a que eu tive acesso - achou que "100th Window" era muito pior que o anterior, "Mezzanine" (tá bom, este é uma obra-prima também).
  6. "Fold Your Hands Child, You Walk Like a Peasant", de Belle and Sebastian (2000): parece que vou para outra dimensão quando escuto o disco inteiro, especialmente “Waiting for the Moon to Rise”, em que Sarah Martin canta que parece um anjo. Também foi meio mal-recebido na época por aqui.
  7. "Welcome to the Sky Valley", de Kyuss (2000): até hoje não me conformo de nunca ter escrito uma linha sobre este grupo americano de stoner rock que estou sempre ouvindo, e que originou outras fantásticas bandas, como Queens of the Stone Age, Hermano e Fu Manchu. Quando estou meio chateado, é só colocar “Supa Scoopa and Mighty Scoop” e o incômodo desaparece na hora.
  8. "The Velvet Underground & Nico" (1967): eita: “Sunday Morning”“I'm Waiting For The Man”“Venus in Furs”“Run Run Run”“Heroin”“I'll Be Your Mirror”“European Son”: tem vanguarda, tem doçura, tem melodia, tem coisa estranha, e tem um talento infinito.
  9. "In Washington D.C. 1956 Volume Four", de Lester Young (1956): único disco de jazz da lista, sobre o qual já falei aqui. Já nos primeiros acordes sou transportado para meu quarto de solteiro, na casa dos meus pais – uma rara recaída de saudosismo. Mas o disco sobrevive – e bem – sem isso.
  10. "Starboy", de The Weeknd (2016): quando começa aquela batida louca criada pelo Daft Punk em "Starboy", eu, a Valeria e a Teresa sabemos que a coisa vai ser séria. E tem Reminder. Precisa mais? Nem precisaria, mas tem: “Party Monster”“Six Feet Under”“Nothing Without You”“Ordinary Life”“I Feel It Coming” (também com Daft Punk).
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O Papa Leão XIV e meu sogro – um texto sobre religião e saudade
Obra Literária, Religião
O Papa Leão XIV e meu sogro – um texto sobre religião e saudade
11 de maio de 2025 at 12:01 0
Meu sogro tinha um pai ateu e comunista, mas se converteu ao catolicismo – influenciado pela leitura de São Tomás de Aquino – aos dezessete anos, acho. Ele ia assistir às missas todos os domingos na Igreja do Bom Jesus, às onze da manhã. Ficava de pé durante toda a cerimônia, lá atrás dos últimos bancos. Não lembro bem se era para dar lugar para as outras pessoas ou porque achava que era melhor assim mesmo. Afinal de contas, viveu mais de noventa anos, fazendo exercícios e yoga todas as manhãs; quem sabe ele pensasse que ficar de pé o ajudava fisicamente. Ele sempre falava da Encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII, que foi a primeira na história da Igreja a mostrar preocupação com as condições dos trabalhadores durante a Revolução Industrial. Meu sogro tinha uma edição da encíclica, e eu a herdei e fiquei com ela muitos anos, mas nunca a li. Eu achava que estava aqui em casa ainda, mas não a achei. Quem sabe a encontre um dia. Antes da eleição do Papa Leão XIV, eu e a Valéria discutimos sobre qual seria o nome do novo pontífice: ela disse que, se pudesse ser papa, escolheria o nome de Leão, ou Leoa, não lembro bem. Na hora, como sempre acontecia quando ouvia comentários sobre o Papa Leão XIII, me lembrei do meu sogro e da sua edição da Rerum Novarum. Quando foi anunciado que o nome do novo papa seria Leão XIV, obviamente me lembrei do meu sogro, e fiquei muito feliz pela lembrança dele – e, claro, com muita saudade daquele senhor com quem eu convivi tanto, e que era, assim como a minha mãe, muito intempestivo e muito bondoso – e, também como a minha mãe, bem mais bondoso que intempestivo, diga-se. E fiquei feliz por ser a pessoa na família que herdou o costume de ir à missa todos os domingos no Bom Jesus. Mas eu não só não fico de pé nas horas em que posso me sentar, como fico em algum banco bem perto do altar. Ao contrário do meu sogro, não gosto muito de fazer exercícios. *** Se você tiver interesse em receber este e outros textos meus semanalmente, clique aqui e cadastre seu e-mail.
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