Este é um movimento de bandas que têm “somado as forças” para fazer shows conjuntos, disponibilizar MP3, trocar experiências e formar um bom background para que todos cresçam em conjunto. Se você mora em Curitiba, aprecia música barulhenta com afinação baixa e gosta de ver boas bandas no estilo, o Curitiba New Metal está aí mesmo para servi-lo.
União é a palavra-chave para descrever o movimento. Segundo Juliano, baterista do Sickshed, e um dos organizadores do CNM, as bandas curitibanas de new metal tocavam sempre para as mesmas pessoas, em shows dispersos pela cidade. Então ele e outros músicos, como Flávio, guitarrista do Sleetch, criaram a idéia de se fazer um portal na internet. Surgiu assim o www.curitibanewmetal.com, site que oferece, gratuitamente, um espaço para as bandas para que elas possam disponibilizar MP3 e divulgar seu trabalho. Agora o site também conta com um fórum, já com um grande número de posts. E o principal feito do CNM até agora foi seu primeiro festival.
Realizado em 13 de março no Rephinaria Café & Cachaçaria, o Curitiba New Metal Fest contou com a presença de seis bandas: Intribe, Phobya, Shaken, Sleetch, Sickshed e Fluid. Foram computadas 420 pessoas dentro do bar – fora as cinqüenta que ficaram de fora. “Um susto, mas foi ótimo”, é o depoimento mais comum a respeito daquela lotada noite de domingo. A cerveja estava quente, é verdade. Faltaram bebidas não alcoólicas, também é verdade. Teve gente que passou mal por causa da falta de ventilação. O local, definitivamente, não estava preparado para aquela gente toda – mas pergunte para qualquer um dos músicos participantes sobre o festival que você vai ver os seus olhos brilharem.
Singing in english
Para tomar contato com os envolvidos no CNM, o Bacana foi assistir, em 28 de março, a uma apresentação de duas das bandas do movimento em um pequeno bar na Rua Saldanha Marinho chamado Salim Pub. O show foi feito para arrumar fundos para o primeiro o lançamento do primeiro CD do Phobya (a primeira banda da noite), que deverá ser lançado ainda em abril – e e o pessoal do Sleetch foi tocar na camaradagem. Foi pouca gente, mas as bandas (parafraseando jogadores de futebol) deram o melhor de si – se você gosta deste tipo de som, recomendo.
Diego (o Pança) e Tiago (o Fera) são respectivamente o guitarrista e o vocalista do Phobya – simples, simpáticos e bem articulados, aliás, como todos do CNM com quem a reportagem do Bacana conversou. Eles cantam em inglês por vários motivos, entre eles o fato do som combinar mais nesta língua e porque Tiago fala o idioma desde os dez anos. Como acontece freqüentemente em músicos do estilo, o pessoal do Phobya ouve outros estilos além do new metal: segundo o guitarrista Diego, a seleção vai “de Toquinho a Stone Temple Pilots”. E o som, parece com o quê? “Dizem que parece Staind”, dizem os eles. “Mas isto não importa muito. Nós fazemos um show como a gente gosta, com a cara da gente”.
O set da Phobya, de praticamente uma hora, foi composto apenas com músicas próprias. O simpático Tiago apresentava as músicas e agradecia aos presentes nos intervalos. A banda, muito pesada e com praticamente seis anos de estrada, mostrou um vocalista com grande presença de palco e um som muito bem encaixado, com destaque para o guitarrista Diego.
O Sleetch tem um MP3 (“Ripley”) rodando na internet e que é realmente uma pérola, pesada e melódica na medida certa. Flávio, o guitarrista, diz que, com apenas seis meses de estrada, eles jamais esperavam que a música tivesse a aceitação tão rápida que acabou ocorrendo.
A banda é uma das líderes do Curitiba New Metal e está extremamente entusiasmada com o movimento. A idéia mesmo é prestar um serviço para as bandas, para que alguém estoure já com bastante experiência de palco. A qualidade também é fundamental: utilizar sempre um equipamento o mais profissional possível é uma preocupação constante.
O Sleetch também pensa grande. Canta em inglês porque, entre outras coisas, um mercado em vista é o europeu – eles citam o exemplo a banda francesa de new metal Plymo, que faz “um excelente som”. Os curitibanos ainda acrescentam que o cenário americano é muito difícil de ser atingido, pois “há muita panelinha”. O Sleetch está gravando uma demo, que deve ficar pronta em maio.
Outra mostra de como o pessoal do CNM “pensa grande” é outra banda de Curitiba, o Slander. Citada pelo Sleetch, a banda tem um dos integrantes fazendo divulgação de seu trabalho em Los Angeles.
Antes do show do Sleetch no Salim Pub, o Bacana também conversou com dois integrantes da Sickshed: o supracitado Juliano, baterista, e o guitarista Fernando A. Com cinco anos de atividades, a banda já tocou em diversas cidades, como São Paulo, Joinville (SC), Petrópolis (RJ) e Maringá. Em 2001 eles gravaram, em Londrina, um CD demo cujo resultado não agradou muito, já que o produtor não dera o devido destaque para a percussão (bumbo e repique), que sofre influências de música eletrônica. A banda está com um single engatilhado e disponibiliza dois (ótimos) MP3 no seu site. E o que o Sickshed gosta de ouvir? “Slipknot, new metal, música eletrônica… Principalmente Massive Attack”.
A conversa é interrompida para ver o show do Sleetch. Vocal, dois guitarristas, baixo e bateria, todos os membros vestidos de preto, a banda impressiona pela energia de palco. Infelizmente eles tiveram problemas para passar o som – o próprio vocalista Cléber se desculpou no final da apresentação. Isso, na verdade, nem prejudicou tanto, já que o show foi barulhento e muito bom. “Ripley” impressiona ao vivo, mas a banda poderia ter tocado mais músicas de sua própria autoria.
No total, o Salim mostrou dois ótimos shows de um pessoal que sua a camisa. O Curitiba New Metal tem um bom futuro pela frente.
(texto publicado no Mondo Bacana em 23 de abril de 2008)
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