Na janela em flores voltam a sombra do campanário
E ouro. A fronte em chamas se apaga em quietude e silêncio.
Uma fonte escolhe no escuro dos castanheiros –
Você sente então: como é bom! em doloroso cansaço.
O mercado se esvazia dos frutos do verão, das guirlandas.
O escuro esplendor das fachadas nos acalma.
Em um jardim ressoam os acordes de um jogo tenro,
Onde amigos, depois da refeição, se encontram.
A alma escuta com prazer os cantos do mágico branco.
Ao redor sibila o trigo que os ceifeiros cortaram no meio-dia.
Paciente, a rude vida se cala nos barracos;
O lampião do estábulo ilumina o doce sono sono das vacas.
Bêbadas de brisa, se abaixam logo as pálpebras
Que se abrem baixinho diante dos signos estelares desconhecidos.
De velhos carvalhos Endymion surge do escuro
E se inclina sobre águas enlutadas.
(Musa da noite, de Georg Trakl – traduzido da versão francesa de Jacques Legrand)
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