À maneira de “O Brasil holandês”, de Evaldo Cabral de Melo, este “Manifestos vermelhos e outros textos históricos da Revolução Russa”, com organização e introdução de Daniel Aarão Reis (Penguin Classics Companhia das Letras, 484 páginas), conta a história de um período histórico (a invasão holandesa no caso do primeiro livro, a Revolução Russa no caso do segundo) através de documentos da época. Os textos escolhidos por Daniel Aarão Reis – com período restringido entre fevereiro de 1917 e a paz de Brest-Litovski, em março de 1918 – são em geral curtos e englobam discursos, trechos de jornais, poemas e letras de músicas – cada um deles com uma pequena apresentação a cargo do organizador do livro. A maior parte dos textos, como não poderia deixar de ser, são documentos bolcheviques, que venceram revolução, mas são englobados basicamente textos de todos os lados do conflito. Em termos de qualidade literária, impressionam os discursos, cartas e artigos de V. Lênin, o primeiro presidente da Rússia socialista.
Os documentos apresentados em “Manifestos vermelhos e outros textos históricos da Revolução Russa” conseguem passar para o leitor toda a efervescência de uma das épocas mais importantes da história recente – e é pena que toda aquela esperança num mundo melhor, mostrada com detalhes na coletânea de Daniel Aarão Reis, tenha descambado no stalinismo, cujo dia-a-dia é mostrado em obras impressionantes e dolorosas como “Sussurros: a vida privada na Rússia de Stalin”, de Orlando Figes.
0
There are 0 comments