A série se passa numa cidade do interior, onde adolescentes zanzam de lá para cá o tempo todo – e alguns deles desaparecem sem deixar rastros. Uma grande central de energia existe no local, e há rumores de que são feitas experiências tenebrosas por lá. A década de 80 tem importância fundamental na trama.
Pela descrição, quem assistiu à norte-americana “Stranger Things” provavelmente achasse que eu estava falando dela, mas o título deste texto já entrega: o assunto aqui é “Dark”, série alemã da Netflix, cuja primeira temporada teve dez episódios de cerca de 50 minutos cada (a segunda já está garantida). De fato, as semelhanças com “Stranger Things” são muitas, o que me irritou um pouco nos primeiros episódios – mas logo deu para perceber que as duas séries são muito diferentes.
A cidadezinha onde “Dark” se passa se chama Winden, e é rodeada por florestas escuras. A central de energia onde dizem que coisas estranhas acontecem é uma usina nuclear, permanentemente ameaçada de ter de fechar as portas – como tantas outras deste tipo na Europa. A maioria dos jovens que aparecem em “Dark” são mais velhos que os correspondentes de “Stranger Things” – mas o primeiro garoto que desaparece na série alemã tem idade muito semelhante à de Will Byers, o primeiro que some na série norte-americana.
De todo modo, como comentei acima, “Dark” e “Stranger Things” são diferentes de modo profundo. Ao contrário desta, o clima da série alemã é sombrio, as tomadas são escuras, chove praticamente o tempo todo (a fotografia é belíssima, as tomadas na floresta são deslumbrantes). Os personagens parecem quase sempre assustados, o ritmo é lento, a tensão nunca dá tréguas.
Mas a principal diferença entre as duas séries reside em outro ponto: comentei aqui no site algumas semanas atrás que o que mais me chamou a atenção em “Stranger Things” é a coragem e o amor que os personagens principais têm uns pelos outros. Nada mais diferente do que ocorre em “Dark”, em que basicamente ninguém confia em ninguém, onde o ódio e o rancor – muitas vezes acumulado por décadas – paira permanentemente em praticamente todas as relações humanas.
Se fosse contratado para filmar “Stranger Things”, Ingmar Bergman provavelmente faria algo parecido com “Dark”.
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