Domenico Scarlatti, Carl Philipp Emanuel Bach
Música

Domenico Scarlatti, Carl Philipp Emanuel Bach

4 de março de 2018 0

O meu conhecimento de Domenico Scarlatti (1685-1757) veio junto com o da sonoridade áspera – que me chocou muito na época – do cravo. Era na coleção “Mestres da Música”, da Abril, que saiu no início dos anos 80. O fascículo falava da vida do compositor, italiano, que passou as décadas finais da vida em Madri, como músico da corte espanhola. Lá ele compôs cerca de quinhentas sonatas para cravo, a maior parte de composta por um único movimento, que lhe garantiram a imortalidade. Segundo o fascículo da coleção, apesar de ter nascido no mesmo ano de Bach e Haendel, sua obra já prenunciava o rococó e o classicismo – ao contrário do barroco dos dois alemães mais famosos. Mais do que isso, “Mestres da Música” ainda comentava que era possível perceber a influência da música espanhola – notadamente o flamenco – em muitas de suas peças.

De lá para cá, comprei alguns poucos discos de Scarlatti, a maioria deles executada no piano e não no cravo. Com o advento do Spotify, baixei mais alguns discos do compositor italiano, e o que mais gostei foi um maravilhoso da pianista suíça Katia Braunschweiler. Enfim, na maioria desses discos algumas peças belíssimas se repetem, notadamente as sonatas K. 9, K. 481, K. 466, K. 54, K. 19 e K. 87 (K. se refere ao catálogo criado pelo cravista e estudioso norte-americano Ralph Kirkpatrick). De fato, estas peças são tão lindas que não dava para deixar de imaginar que o restante da obra de Scarlatti não fosse assim tão bom – e que, por isto, é menos executado.

Até que descobri, e baixei no Spotify, uma coleção da gravadora Naxos com a coleção completa de sonatas de Scarlatti. Ainda não ouvi tudo, mas nossa!: as peças “desconhecidas” do compositor aparentemente têm a mesma qualidade excepcional das famosas.

Muito diferente é a minha história com C.P.E. (Carl Philipp Emanuel) Bach (1714-1788). O pai dele, J.S. (Johann Sebastian) Bach (1685-1750), é o meu compositor preferido desde sempre. Eu sabia que alguns de seus filhos foram compositores importantes, mas nunca foi fácil achar discos deles por aí, então só fui conhecer as obras de C.P.E. Bach (reparem na foto que acompanha este texto como ele era parecido com Churchill) no Spotify. A cada peça nova (prefiro ouvir peças para teclado ou de câmara) eu vou percebendo que as obras do filho de Bach são uma espécie de mistura de Mozart e J.S. Bach, num lugar imaginário entre a leveza do primeiro e a densidade do segundo. Uma maravilha.

E como já ouvi J.S. Bach demais na vida, tenho dado menos chance para ele: afinal, o filho não faz feio mesmo.

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