“007 Contra o Satânico Dr. No”, de Ian Fleming
Literatura

“007 Contra o Satânico Dr. No”, de Ian Fleming

29 de setembro de 2017 0

007 Contra o Satânico Dr. No, de Ian Fleming (Editora Record, 286 páginas), começa com o agente James Bond se recuperando do envenenamento sofrido em Moscou Contra 007 (que o Bacana resenhou aqui). M, seu superior no Serviço Secreto Inglês, resolve dar um descanso para Bond, mandando-o para a Jamaica (ainda possessão britânica, já que o livro fora lançado em 1958) para investigar o sumiço de dois agentes, um homem e uma mulher, suspeitos de terem deserdado e fugido juntos para alguma ilha paradisíaca do Caribe.


É claro que as coisas não podem ser tão simples em um livro de James Bond – os dois agentes, na verdade, não fugiram, mas foram cruelmente assassinados. Quando 007 começa a investigar o caso na Jamaica, logo sua vida também começa a sofrer ameaças. O principal suspeito de tudo isto é um tal de Dr. No, o misterioso dono de uma ilha produtora de guano (esterco de aves marinhas, utilizado como adubo).

Para resolver o mistério, Bond chama Quarrel, um aliado jamaicano nativo da Jamaica. Juntos eles pegam um barco a vela e, com o maior cuidado, chegam à ilha do Dr. No. Lá encontram uma menina belíssima (mas com um pequeno defeito: o nariz quebrado) e órfã, chamada Honeychile. Os três, comandados por Bond, vão adentrando a ilha para saber mais sobre o império insular do Dr. No. Este, porém, que tinha fortíssimas razões para preservar sua privacidade, impinge enormes sofrimentos físicos e psicológicos aos intrusos – resultando, inclusive, em uma morte.

007 Contra o Satânico Dr. No mostra um Ian Fleming dominando com perfeição a literatura de aventuras. Tudo é muito bem encaixado no livro, desde a maneira longa e segura que vários crimes vão sendo imputados ao Dr. No, até a eletrizante – e plena de sofrimentos – parte final. Os personagens Quarrel (simpático e fiel) e Honeychile (sensual e forte psicologicamente devido à difícil infância sem os pais) são coerentes e bem construídos. Dr. No também é um vilão meio maquiavélico além da conta – o que não deixa de ser interessante, sejamos justos, em um livro de aventuras.

E o personagem James Bond da literatura (como já havia sido observado, aliás, em Moscou Contra 007) tem pouquíssimo a ver com o personagem sensual, glamuroso e cínico das telas do cinema. O 007 de Fleming sente raiva, ódio e insegurança como qualquer ser humano. E sofre bastante com as constantes tentativas de Honeychile de fazer amor com ele nos momentos mais tensos da aventura. Um Agente Secreto da Coroa Britânica, afinal de contas, não pode misturar as coisas.

(texto publicado anteriormente no Mondo Bacana)

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