Ifemelu é uma nigeriana que, cansada da falta de perspectivas em seu país natal, tenta a sorte nos Estados Unidos. Lá ela acaba virando uma blogueira de sucesso, mas, num passo arriscado, resolve voltar a morar na Nigéria. Não é só a saudade da sua terra que a faz tomar esta decisão inesperada: o grande amor de sua vida, Obinze, que ela tinha abandonado sem maiores explicações, continua vivendo na sua terra natal – ele, que tinha uma origem de classe média como Ifemelu, agora é um empresário de sucesso. Deste modo, é atrás de amor e não de dinheiro que ela volta para a Nigéria, já que vivia muito bem financeiramente nos Estados Unidos. Descrito assim, “Americanah”, da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (Companhia das Letras, 520 páginas), parece apenas uma história de amor – é também, mas é muito mais do que isto.
“Americanah” discute com profundidade temas como a relação entre os negros americanos e não-americanos nos Estados Unidos; a relação entre brancos, judeus, negros e asiáticos naquele país; a sociedade profundamente corrupta da Nigéria, e a desesperança de grande parte de sua população (parece o Brasil, né?); as relações culturais e pessoais nas universidades americanas e nigerianas. Parece um tratado de sociologia, e também é, mas é muito mais do que isto.
O que eu posso dizer de “Americanah”, além de todo o exposto acima, é que é um livro delicioso, que prende o leitor da primeira à última de suas mais de 500 páginas. Não é à toa que, segundo o site da Companhia das Letras, o romance foi vencedor do National Book Critics Circle Award, foi eleito um dos 10 melhores livros do ano pela NYT Book Review e teve seus direitos para o cinema comprados por Lupita Nyong’o, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por “Doze anos de escravidão”.
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