Bones: “GoodForNothing” e “Disgrace”
Música

Bones: “GoodForNothing” e “Disgrace”

9 de fevereiro de 2017 0

Os dois discos (mixtapes) mais recentes de Bones, “GoodForNothing” e “Disgrace”, têm muito em comum: o clima sombrio, os títulos depressivos, o curto número de faixas em termos do rapper (dez para “GoodForNothing”, doze para “Disgrace”). Por isto, para facilitar minha vida vou tratá-los aqui como um lançamento só. Tenho certeza de que Bones não se incomodaria.

Vamos começar pelos clipes, sem levar em conta as vinhetas: “Branches”, o mais recente, é filmado de forma convencional e é muito bonito: mostra Bones numa casa de madeira e no seu entorno, no meio de uma floresta, e neva sem parar. Quase tudo é preto, branco e cinza, menos a jaqueta do rapper, laranja. A letra também mostra o amor dele pela natureza: “Eu não preciso de tecnologia / Tudo que eu preciso é ver a lua nascer e o sol se pôr / Tudo que eu preciso é um ninho na floresta onde eu possa descansar / Ramos tocando em minha janela, pássaros me acordam para SESH”. “CutToTheChase”, o anterior, também é cinzento e gravado de maneira convencional: aqui Bones está ao ar livre, entre árvores, pedras, cercas  metálicas e torres de alta tensão. O som é pesado e raivoso. Finalmente, o primeiro, o claustrofóbico “EyeForAnEye”, retoma o glorioso VHS de Bones, com cores estouradas e o rapper sozinho, caminhando ou parado em uma escola – lembra muito o clipe de “Klebold”.

Além das citadas acima, as melhores músicas do conjunto das duas mixtapes são “SkeletonMan” (“eu os vejo pularem, pularem, pularem, mas não chegarão tão alto quanto nós”), com um tema belíssimo de fundo; a intensa “PleaseHangUpAndTryAgain” (“eu tiro você do caminho / então você vai me ver algum dia? / não, é quase impossível”); “BiggestLetdown” (“é impossível me enfrentar / o escuro me deixou sem rosto”), com sua base extraordinária; a hipnótica “CoordinatesAcquired” (“esta é parte onde você se sente como um nada / tudo o que vem de você não presta / eu não tenho tempo / então você não pode ter o meu”);  “DoNotDisturb”, cujo início tem um clima que me lembrou o das músicas do grande cantor israelense Idan Raichel; e a impressionante “AsTheAncientHawaiiansUsedToSay (“Deite meu cadáver, mas não ouse chorar / Quando chegar a minha hora de dormir, envolva-me em folhas orgânicas / Acenda-me e dê calor ao mundo / Quando eu for embora, olhe para mim como carne, me dê como alimento aos animais / É o mínimo que eu poderia fazer depois de tudo”).

O fato é que, depois de tantos discos, lançados em intervalos curtíssimos, com qualidade sempre espetacular e com letras frequentemente profundas e misteriosas, ficamos mais e mais espantados com este artista que é Bones. Como ele mesmo diz em “TheRoadLessTraveled” (de “Disgrace”), “você nunca pode conhecer de verdade um fantasma”.

(original das letras em inglês obtidos no genius.com)

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