“Hipérion ou O Eremita na Grécia”, de Hölderlin
Literatura

“Hipérion ou O Eremita na Grécia”, de Hölderlin

18 de setembro de 2016 0

Única obra de ficção em prosa do poeta alemão Hölderlin (1770-1843), “Hipérion ou O Eremita na Grécia” (Nova Alexandria, 183 páginas) é uma obra difícil, profunda, mas de leitura plenamente recompensadora.

O livro é narrado em forma de cartas, a maior parte delas do personagem principal, o jovem alemão Hipérion, para seu amigo Belarmino (que não dá palpites), mas também há algumas cartas dele para o seu grande amor, Diotima, e dela para ele.

Devido a seu grande amor pela cultura grega antiga, Hipérion visita a Grécia para absorver os eflúvios do país onde nasceram Platão, Sófocles, Fídias e tantos outros. Lá ele encontra Alabanda, homem que quer ajudar a libertar a Grécia do jugo turco; embora Hipérion compartilhe o ideal republicano do novo amigo, não aceita o uso da violência para atingir seus objetivos. De volta à Alemanha, Hipérion conhece e se apaixona pela jovem Diotima, e os dois começam a namorar (este relacionamento é baseado no do próprio Hölderlin com Susette Gontard). A guerra russo-turca (1768-1774) dá fim ao idílio vivido pelos dois namorados: Alabanda convence Hipérion a combater os turcos na Grécia, e ele vai. A guerra é um momento de grande amargura para o nosso jovem: cheio de ideias sobre a grandeza moral dos gregos, é decepcionante para Hipérion o comportamento cruel e mesquinho dos soldados gregos durante as batalhas. Este é só o início de uma série de tragédias para ele, mas o belíssimo capítulo final de “Hipérion ou O Eremita na Grécia” traz uma mensagem de esperança na Natureza.

O estilo do livro é poético, filosófico, pleno de digressões, que dificultam bastante a leitura. Mas o transporte para uma época – o Romantismo Alemão dos anos 1800 – em que a presença da Grécia Antiga era vital, somado à sensibilidade do grande poeta Friederich Hölderlin, fazem de “Hipérion ou O Eremita na Grécia” uma obra-prima indiscutível.

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