Cheguei 15 minutos atrasado no estádio, e deixei o carro meio longe. Não apressei o passo, não faço mais estas coisas – tinha tanto jogo pra rolar ainda, pra que sair correndo? Não pude presenciar, portanto, a chuva de moedas e os gritos de “mercenário” com que a torcida local presenteou o ex-técnico coxa Ivo Wortmann, agora no Cruzeiro, o adversário de hoje (ontem). Ele se mandou sem nem mesmo se despedir, o que deixou todos meio magoados com ele por aqui. A gente não deve julgar, não é? Mas eu esperava mais dele, pois eu era um real admirador do trabalho (ainda sou) e da pessoa dele.
Bem, chegando no estádio consegui sentar no lado do meu pai e de nossos amigos (bem, eu continuo sem ir tomar cerveja no intervalo). O primeiro tempo foi dose. Um jogo truncado, duro de jogar e de se assistir, como se diz por aí. O Cruzeiro saiu na frente, com uma falta muito bem batida pelo Alex. Alguns minutos depois o zagueiro Allan se machucou e foi substituído – e a torcida gritou de alegria quando viu o Evair, que estava já há algumas algumas semanas no departamento médico, se aquecendo para voltar ao time. Mas apesar dele enxergar o jogo como nenhum outro jogador no Coritiba, fazer passes para os companheiros de maneira ofensiva e imprevisível, ter um controle de bola sensacional e driblar admiravelmente, o Coritiba continuou mal até o final da primeira etapa.
No segundo tempo o Coxa voltou completamente diferente. Um belo passe de Messias aos 3 min deixou o Evair bem colocado, na frente do gol – mas como estava bem marcado, o craque passou para o centroavante Edmílson, que marcou o tento de empate. Cinco minutos depois um ótimo cruzamento do lateral-esquerdo Alemão, que não vinha bem no jogo, encontrou a cabeça de Rincón do Coritiba. Era a virada. Mais três minutos e o Evair, sempre ele, dá um passe em profundidade que deixa o excelente centroavante Edmílson com condições de progredir e chegar na cara da meta adversária. O centroavante, na frente do goleiro, fez um belo gol, o terceiro do time e segundo dele na partida. Um pouco mais tarde o Cruzeiro perde o goleiro e um volante. Bem, aí o time de Minas Gerais, que tem vindo mal no campeonato brasileiro mas que possui vários craques (Alex, Edmundo, Rincón, Sorín) começou a apertar e fez o segundo gol, de cabeça (João Carlos foi o autor). Mas a tarde era mesmo do coxa e o o juiz expulsou Edmundo numa falta de ataque – francamente, se ele não fosse o “Animal” ele só ganharia o cartão amarelo. Mais um pênalti que o juiz não deu pro coxa, pressão cruzeirense e tal, e o jogo acabou assim mesmo, 3 a 2 para o time do Paraná.
Quatro (será que não foi mais?) cigarros no segundo tempo, diversos abraços e gritos, e acabei voltando meio rouco para casa, me perguntando se a contusão que tirou de campo o Evair no final do segundo tempo foi mesmo séria.
(Texto escrito em 20-8-2001)
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