Beatles
Música

Beatles

25 de novembro de 2015 0

A cada vez que arrumo meus vinis, faço um óbvio papel de crítico, deixando nos melhores lugares aqueles que mais gosto. Não necessariamente aqueles que mais escuto, mas aquele que mais tenho vontade de ouvir.

Comprei vinis até, mais ou menos, 1994 (por que diabos não comprei na ocasião o vinil de Vauxhall and I, de Morrissey, é uma coisa que me pergunto até hoje). A minha coleção, de uns 700 vinis mais ou menos, tem muita coisa de rock dos anos 80, alguma coisa de jazz/MPB/rap, outra parte ainda de rock dos anos 60/70 e início dos anos 90 (In Utero, do Nirvana, por exemplo – grande disco em vinil!). E praticamente tanta música erudita quanto rock.

Só recentemente fui percebendo que, destes vinis todos (ainda escuto LPs pelo menos quatro vezes por semana, à noite), o que me dá vontade mesmo de ouvir são aqueles de música clássica, notadamente música de câmara. São os primeiros em que penso ouvir quando pego minha coleção. Se Bach, por exemplo, criou suas músicas nos séculos XVI/XVII e ainda tem (muita) gente que as ouve, é óbvio é que são eternas. Isto é chover no molhado. Falar isto não tem nada, absolutamente, de original.

O que me espanta um pouco é o quanto envelheceram, para mim, coisas que eu amava nos anos 80, como Prince, New Order, Echo and The Bunnymen, Roxy Music, Joy Division, Jesus and Mary Chain, Doors, Marvin Gaye… Eu posso até pegar um vinil empoeirado destes e provavelmente vou gostar (o que acontece mesmo, às vezes).

Na verdade, a única banda de rock cujos vinis me despertam o desejo de ouvir como se fosse um disco de música clássica, fora aqueles de Morrissey/Smiths, claro, que gosto MAIS do que os eruditos, são os de uma banda que a famosa revista Bizz dos anos 80 não apreciava muito: os Beatles. Aquela revista achava a fama deles superestimada. Achava que existiam muitas outras bandas tão boas quanto eles. Achava os beatlemaníacos chatos. Meus vinis provam que não. Gosto muito mais de Morrissey/Smiths, mas os Beatles são os Beatles. Daqui a 500 anos, compositores como Wagner e Liszt que se cuidem, por que os Beatles vão ser melhores do que vocês.

[P.S.: Pra não ser injusto, eu aposto todas as minhas fichas na eternidade de coisas antigas que escuto sempre em cd, como David Bowie, Velvet Underground e Black Sabbath (pra mim, a melhor coisa que o grunge fez foi dar prestígio crítico a esta banda maravilhosa). E na eternidade de coisas recentes como System of a Down e, principalmente, White Stripes. ]

(texto escrito em 2002)

0

There are 0 comments

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *